Palavras de Mbappé, captadas por uma câmera de TV, em Paris Saint-Germain x Montpellier, 11 dias atrás, no estádio Parque dos Príncipes, na capital da França.
Direcionadas, todos tinham certeza, a Neymar, mas longe dele, não na cara dele, quando o craque francês de 22 anos, campeão do mundo na Copa da Rússia, já tinha sido substituído. Ele desabafava, no banco, com o companheiro Gueye.
No lance seguinte à saída de Mbappé de campo, Neymar passou a bola para o alemão Draxler, que acabara de entrar, fazer o segundo gol do PSG no triunfo por 2 a 0 no Campeonato Francês.
A certeza de todos foi confirmada pelo camisa 7, integrante há pouco tempo do trio MNM (Messi-Neymar-Mbappé), do qual se esperam jogadas maravilhosas, tabelas, gols.
Só que dois terços da trinca parecem ter problemas de relacionamento. De acordo com o “M” final, nada que preocupe em relação ao “N”. Será mesmo?
“Sim, sim, eu disse isso [vagabundo]. São coisas que acontecem direto no futebol. Só não podem perdurar”, afirmou Mbappé ao L’Équipe. “Já conversei com ele [Neymar], não há ressentimento porque respeito o homem e o jogador, e o admiro pelo que ele é.”
A realidade é que Neymar pode ter defeitos, mas um deles não é ser vagabundo, no sentido de preguiçoso ou desocupado.
Não há notícias de que tenha faltado a treinos ou se empenhado pouco nos mesmos, e nas partidas ele quase sempre parece disposto a dar o máximo –se não consegue, pode ser por cansaço, nunca por desinteresse.
Um outro sinônimo para vagabundo é “canalha”, “malandro”, “desprovido de honestidade”.
Neymar também não se encaixa nesses adjetivos. Ele até tem malandragem, em campo, normal para um jogador que busca ludibriar as defesas rivais.
Assim, um entendimento possível é o de Mbappé ter soltado essas palavras não só porque não se sente acionado pelo colega, mas por carregar a frustração de não ter sido negociado com o Real Madrid, time pelo qual torcia na adolescência, na mais recente janela de transferência.
“Pensei que minha aventura [com o PSG] tinha terminado. Estava na liga francesa havia seis ou sete anos. Não vou ser hipócrita, minha ambição era clara, queria sair”, afirmou na entrevista ao jornal francês.
Mas Mbappé tem razão em afirmar que Neymar não lhe dá a bola em condições de fazer gol tanto quanto dá a outros colegas?
Fiz um levantamento que considera as partidas que os dois jogaram juntos na temporada atual, em andamento, e na passada, incluindo Campeonato Francês, Copa da França, Supercopa da França e Champions League.
Eles estiveram em campo simultaneamente, seja o jogo todo ou não, em 30 jogos, ou pouco mais da metade dos 58 disputados por Mbappé –o brasileiro esteve parte do tempo contundido.
Nesses 30 jogos, Mbappé marcou 21 gols, sendo 15 deles depois de receber um passe de um companheiro. Quantos passes foram de Neymar? Só dois.
O camisa 10 do PSG e da seleção brasileira, considerado um bom passador, somou ao todo dez assistências (passes que resultam em gol) pelo clube francês, em 38 partidas, no período analisado (média de 0,26 por jogo). Ou seja, dessas dez, só duas (20%) para Mbappé.
Não há uma estatística que mostre quantas vezes Neymar deixou Mbappé em condições de marcar e o colega não conseguiu. Assim, o brasileiro pode ter dado vários bons passes e a conclusão ter sido imperfeita, mas não é essa a sensação que o francês tem.
E do outro lado? Neymar pode se sentir insatisfeito em relação ao companheiro?
Nas 30 partidas juntos, ele marcou 15 gols. Seis deles, depois de um passe de um colega –os outros saíram de jogada individual, de falta ou, principalmente, de pênalti.
Metade dos gols de Neymar que tiveram assistência (três de seis) foram de Mbappé.
No intervalo da pesquisa, Mbappé registrou 16 passes para gol, em 58 partidas. Mesmo sem ter a fama de assistente de Neymar, sua média (0,28) é ligeiramente superior à dele.
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]]>Aquela foi a única vez que, depois de ter sido eleito melhor do mundo (ou seja, ter o status de astro), o supercraque argentino, em jogo de competição, amargou uma substituição por opção do treinador sem que a partida estivesse com seu time à frente no placar.
Entenda-se por opção do treinador a alteração feita por razão técnica ou tática, e não a motivada por contusão.
Diante do Arsenal, em Londres, na partida de ida das quartas de final da Liga dos Campeões da Europa, o espanhol Pep Guardiola sacou Messi depois que Fàbregas empatou (2 a 2), de pênalti, para o time da casa, aos 40 minutos do segundo tempo. Entrou Gabriel Milito.
Relato da época deu conta de que o camisa 10 tinha até a substituição uma participação discreta –os gols do Barcelona foram do sueco Ibrahimovic.
No domingo (19), em Paris, pelo Campeonato Francês, Messi não estava exuberante, porém no primeiro tempo teve chance de marcar três vezes –em uma delas, bateu uma falta na trave.
Aos 31 minutos da segunda etapa, com o placar PSG 1 x 1 Lyon, por ordem do treinador Mauricio Pochettino, compatriota de Messi, o lateral direito Hakimi se dirigiu à lateral do gramado do Parque dos Príncipes.
A placa com o número 2 do marroquino subiu, e ao lado dele aparecia o número 30, o atual de Messi, já que o 10 da equipe parisiense permaneceu com Neymar.
Incrédulo, Messi deixou o campo, e as câmeras deixaram evidente seu desgosto ao passar por Pochettino. Semblante fechado, recusou-se a cumprimentar o comandante.
Pudera. O seis vezes melhor do mundo (a primeira vez em 2009) não parecia estar cansado e mostrava-se ativo, a fim de jogo, em busca de marcar seu primeiro gol pelo novo time.
Dois minutos antes da substituição, tentou um chute a gol, de fora da área, que ofereceu perigo ao goleiro Anthony Lopes.
O momento da substituição de Messi
Não tocou na mão de Pochettino pic.twitter.com/O5N24rH3lu
— Futebol News (@_FuteNews2) September 19, 2021
O que passou na cabeça de Pochettino para tirar Messi? Di María, outro argentino, seria uma escolha mais ortodoxa.
Que ele tem o poder para fazer a troca, isso é inquestionável. Sai quem ele quer, a hora que ele quer.
Porém todos sabem que Messi tem a capacidade de decidir um jogo a qualquer instante, e em questão de segundos, seja em uma bola parada, seja com a bola rolando, seja fazendo o gol, seja dando um passe decisivo.
Não à toa ele muitas vezes é chamado de ET (extraterrestre), pela sua genialidade e incomparabilidade. Um humano, dizem, não consegue fazer o que Messi faz.
A sorte de Pochettino é que, nos acréscimos, o centroavante Icardi, que entrou pouco depois, anotou de cabeça, nos acréscimos, o gol da vitória do PSG.
Depois da partida, o técnico tentou explicar sua decisão ao declarar que quis poupar o craque, evitar uma possível lesão.
Pouco convincente, já que Messi não teve nenhum problema físico recente e se mostrava em boa forma –no dia 9, pelas Eliminatórias, fizera todos os gols da Argentina no 3 a 0 na Bolívia.
Há quem diga que, minutos antes de dar lugar a Hakimi, o atacante levou as mãos à região do joelho esquerdo, o que poderia indicar dor ou desconforto.
Se havia um ou outro, Messi não revelou. Ao sair do campo, declarou que estava se sentindo bem.
A conclusão lógica à luz dos fatos vistos e relatados é a seguinte.
Se Pochettino não se ateve à parte técnica ou à parte tática e só desejava poupar Messi, antes de substituí-lo, que fizesse uma consulta para saber como o jogador se sentia; que lhe perguntasse “quer sair ou quer continuar?”.
Seria simples, eficaz e anticonflito.
Não ocorreu, então o certo é que o mal-estar entre Messi e Pochettino foi criado.
É necessário observar os próximos confrontos do PSG a fim de identificar como estará a relação entre eles, se será ajustada ou permanecerá mal resolvida.
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]]>O atacante argentino disse ter oferecido uma redução salarial de 50% (de € 70 milhões anuais para € 35 milhões, ou R$ 214 milhões), mas que a direção do clube espanhol nem assim quis que ele permanecesse.
Essa é a versão do seis vezes melhor jogador do mundo, que pelo que se tem conhecimento sempre foi sincero nas declarações. Não houve contestação, até agora, do Barcelona.
No ano passado, quando o camisa 10 quis sair e o Barça não deixou, já que ainda tinha vínculo contratual, poderia ter tentado a via judicial, porém, segundo ele, como processar o time do coração?
Agora, dono de seu destino, pois sem contrato desde o fim de junho, o Barcelona, que tanto quis que ele permanecesse, ofereceu-lhe sem muita gentileza a porta da saída.
Para permitir que um supercraque do quilate de Messi, e mais que isso, o maior ídolo que o clube já teve, se vá, a situação financeira deve estar muito delicada mesmo.
Messi então optou pelo Paris Saint-Germain, onde reencontrará Neymar, com quem atuou no Barcelona de 2013 a 2017. Ficou famoso o trio MSN (Messi-Suárez-Neymar) –o uruguaio saiu em 2020 e está no Atlético de Madrid, onde conquistou o Campeonato Espanhol.
E irá se falar muito, no PSG, de um novo trio de ataque, que deve ser batizado de MMN (Messi-Mbappé-Neymar) ou de MNM (Messi-Neymar-Mbappé).
Se isso fizer sentido.
Pois, conforme o técnico Mauricio Pochettino, compatriota de Messi, decidir, o PSG pode ir a campo com quatro homens de frente, já que Neymar tem atuado como um atacante armador, mais recuado, pelo meio.
Jogariam Di María, autor do gol da Argentina na final da Copa América contra o Brasil, ou Sarabia, e Mbappé pelas pontas (alternando-se entre direita e esquerda), Messi pelo meio, de centroavante, e Neymar também pelo meio, mas um pouco mais atrás.
Pode haver inversão de posicionamento entre Messi e Neymar, também funcionaria.
Com a presença de Messi, o PSG inicia a temporada com um time, no papel, não apenas favorito na Champions League mas, recorrendo ao adjetivo primeiramente usado pelo jornalista e ex-colega de Folha Arnaldo Ribeiro, favoritaço.
Antes da chegada do camisa 10, que deverá não mais usar a 10, já que a 10 está com Neymar –eu sugeriria a camisa 100, de, sutilizando a homofonia, “cem” igual ou “cem” comparação–, o PSG reforçou um grupo já muito qualificado (Navas, Marquinhos, Verratti, Paredes, Draxler, Icardi, além dos citados Mbappé, Sarabia e Di María).
Houve contratações para o gol (Donnarumma, ex-Milan, campeão da Eurocopa com a Itália), para a defesa (Sergio Ramos, ex-Real Madrid, ícone do futebol espanhol, e Hakimi, ex-Inter de Milão, marroquino, um dos melhores laterais da atualidade), para o meio-campo (o holandês Wijnaldum, ex-Liverpool, bom na marcação, na armação, na finalização).
O PSG pode ser assim escalado, em um 4-2-1-3: Donnarumma; Hakimi, Marquinhos, Sergio Ramos e Bernat; Verratti e Wijnaldum; Neymar; Di María, Messi e Mbappé. Ou assim, em um 3-4-3: Donnarumma; Marquinhos, Sergio Ramos e Kimpembe; Hakimi, Verratti, Wijnaldum e Draxler; Mbappé, Messi e Neymar.
Nem o Manchester City, atual campeão inglês e vice-campeão europeu, consegue oferecer formações tão poderosas.
Se um dia o Real Madrid teve os “galácticos” (com Ronaldo Fenômeno, Zidane, Beckham, Roberto Carlos, Owen, Figo, Robinho), não é exagero apelidar o atual PSG de “les galactiques”.
Ser favoritaço, porém, não dá certeza de nada. Que o digam o Brasil na Copa do Mundo de 2014 e os galácticos do Real Madrid.
Na teoria, o PSG tem, considerando as capacidades individuais, tudo para dar certo. Mas dificilmente se vence só com o individualismo. É preciso que o coletivo dê liga, que funcione.
Caso o trio MMN, ou MNM, se entenda, sem vaidades ou personalismos –e aqui o maior risco é Neymar pôr tudo a perder–, será meio caminho, ou até quase todo ele, andado para o sucesso.
]]>O time olímpico do Brasil enfrentava o da Alemanha na decisão da medalha de ouro do futebol nos Jogos do Rio de Janeiro.
E naquela tarde/noite Neymar brilhou.
Aos 24 anos, então uma das estrelas do Barcelona, o capitão da equipe dirigida por Rogério Micale abriu o placar, em magistral cobrança de falta.
No segundo tempo, a Alemanha empatou, com Meyer, e endureceu o jogo. Ninguém mais balançou as redes, nem na prorrogação, e a disputa de pênaltis definiria o campeão.
Neymar era o último a bater pelo Brasil. Como só a Alemanha desperdiçara uma cobrança (Petersen), se ele fosse bem-sucedido, daria pela primeira vez o ouro ao país em uma Olimpíada.
E ele foi. Bem ao seu estilo, partiu em direção à bola, desacelerou, retomou a passada e mandou a redonda à esquerda de Timo Horn, que saltou para o lado errado.
Neymar ajoelhou-se no gramado, chorou entre os companheiros, celebrou efusivamente o triunfo. Foi decisivo, foi herói.
Day 27
Neymar’s penalty to win Brazil their first gold medal at the 2016 Olympics in Brazil. Emotional! pic.twitter.com/D7dkq96mVN— Daily Goals (@Daily_Goals_) January 27, 2018
E a carreira do mais incensado jogador brasileiro da última dúzia de anos teve ali, em um dos maiores templos do futebol, seu mais recente momento de glória. Faz quase cinco anos.
Pois, no nível de nível de Neymar, glória mesmo é ganhar a Copa do Mundo, ou a Copa América, ou a Olimpíada (com a seleção); é ganhar a Champions League ou o Mundial de Clubes (com o clube); é ser eleito o melhor futebolista do mundo.
Depois do ouro olímpico, Neymar não conseguiu nada disso –suas conquistas restringiram-se ao âmbito caseiro na França.
Viveu uma série de desventuras e, rumo aos 30 anos, parece cada vez mais longe de chegar aos pés do português Cristiano Ronaldo ou do argentino Messi, os ícones máximos da atual geração de craques.
Em 2017, cansado de viver à sombra de Messi em Barcelona e sem ter conquistado o Campeonato Espanhol ou a Champions, decidiu tomar um novo rumo.
Na condição de jogador mais caro do planeta (o PSG pagou € 222 milhões ao Barcelona, marca não superada), partiu para a França, para o Paris Saint-Germain, com a missão de dar o título da Liga dos Campeões da Europa ao badalado clube da Cidade Luz.
Falhou seguidamente.
É verdade que teve lesões que o impediram de atuar em jogos decisivos da Champions em 2018 e em 2019, nos quais viu o PSG ser eliminado.
Porém também é verdade que quando estava em campo, na decisão da competição de 2020 contra o Bayern de Munique, naufragou. Teve uma ótima chance para marcar no primeiro tempo e a desperdiçou. Ademais, pouco fez. Deu Bayern, 1 a 0.
Sem a taça, Neymar ficou também sem o prêmio de melhor do mundo da Fifa, que provavelmente seria dele. Deu Lewandowski, goleador do Bayern.
Em 2018, a seleção brasileira esperava que seu camisa 10 liderasse a equipe na Copa do Mundo da Rússia para o título que não vinha desde 2002, quando Ronaldo Fenômeno foi o cara.
Neymar teve participação medíocre no Mundial russo, sendo mais lembrado pelo teatro que fazia ao sofrer faltas. Deixou o torneio eliminado nas quartas de final e com a fama de cai-cai potencializada.
Em 2019, além de enfrentar um escândalo na vida pessoal que envolveu a modelo Najila Trindade, voltou a ter uma contusão, que o tirou da Copa América no Brasil.
Sem ele, o Brasil ganhou invicto a competição, tendo no ataque Philippe Coutinho, Gabriel Jesus, Roberto Firmino e Everton Cebolinha (ou Richarlison) e com um futebol na maior parte do tempo convincente.
Neste 2021, Neymar, com o PSG vivo na Liga dos Campeões, tem mais uma chance de reviver o tempo de glória –antes da Rio-2016, ganhara com o Barcelona a Champions (sendo um dos artilheiros) e o Mundial de Clubes, em 2015, e com o Santos a Libertadores, em 2011.
Nas quartas de final, a partir desta quarta (7), o clube parisiense reedita com o Bayern a final do ano passado –nas oitavas, sem o atacante brasileiro, lesionado, eliminou o Barcelona de Messi.
A saber, se Neymar será um fator positivo de desequilíbrio, já que recentemente voltou a exibir sua faceta negativa de desequilíbrio.
No sábado (3), em partida importantíssima contra o Lille no Campeonato Francês –valia a liderança–, Neymar não só não brilhou na derrota por 1 a 0 como, nos acréscimos do segundo tempo, arranjou encrenca com um adversário e foi expulso.
Neymar é expulso em jogo que o PSG perdeu para o Lille, em casa, por 1 a 0. Confira.
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— Chuteira Onze (@chuteiraonze) April 3, 2021
Foi a quarta expulsão do camisa 10 com a camisa do PSG, em três temporadas e meia de clube. Com mais uma, igualará as cinco de sua era de cinco anos como profissional no Santos. Em quatro temporadas no Barcelona, recebeu só um cartão vermelho.
Neymar com a cabeça no lugar e em forma é tecnicamente, inquestionavelmente, um dos melhores no futebol. Sem, volta-se a questionar a sua importância, a sua valia, e o reencontro com os dias de glória, ainda uma dúvida, ganha um tom crescente e fortalecido de incerteza.
]]>O ex-zagueiro da seleção argentina, hoje com 48 anos, começou no ofício em 2009, à frente do Espanyol, seu último clube como jogador. Ficou lá até 2012.
Número de títulos relevantes: zero.
Em 2013/2014, treinou o Southampton, da Inglaterra. Seu trabalho com um elenco modesto –terminou o Campeonato Inglês em oitavo– foi elogiado, o que lhe rendeu a ida para o Tottenham.
Número de títulos relevantes: zero.
OK, Espanyol e Southampton são equipes médias que raramente estão na disputa por troféus.
Só que o Tottenham tem outro nível. É um dos clubes grandes de Londres, com rivalidade acirrada com Arsenal (uma das maiores na Inglaterra) e Chelsea.
Pochettino fez o Tottenham crescer, voltar a ser um candidato a títulos e a ser novamente respeitado pelos maiores adversários.
O desgaste com jogadores, diretoria e parte da torcida, entretanto, encerrou sua trajetória nos Spurs, em novembro de 2019.
Número de títulos relevantes: zero.
Aqui valem dois apartes, a fim de evitar achincalhamentos.
No começo do segundo semestre de 2018, o Tottenham de Pochettino foi declarado vencedor da International Champions Cup, um torneio amistoso de pré-temporada de pouca tradição (existe desde 2015), com sedes espalhadas pelos continentes. Nem status de oficial tem.
Também no começo de um segundo semestre, o de 2011, o Espanyol ganhou a Copa da Catalunha ao superar o Barcelona. Essa competição, uma disputa regionalizada na Espanha, tem expressividade mínima e é usada por várias equipes para dar quilometragem a garotos da base.
Assim, a falta de uma conquista respeitável para o respeitado técnico se prolongou, e em 2020, ano em que tirou um período sabático, o cenário não mudou.
No começo deste 2021, precisamente no dia 2 de janeiro, o Paris Saint-Germain anunciou a contratação de Pochettino, que chegou para substituir o alemão Thomas Tuchel, vice-campeão europeu com o time francês em 2020.
E nesta quarta (13), com somente 11 dias de atuação no PSG, o clube lhe deu um título, oficial, o de campeão da Supercopa da França, que realizou sua 46ª edição.
É um jogo único, que costuma simbolizar a abertura da temporada (desta vez não simbolizou, pois a pandemia de Covid bagunçou o calendário), no qual o vencedor do Campeonato Francês (Ligue 1) duela com o campeão da Copa da França.
Como o PSG tinha ganhado as duas competições, o adversário da partida em Lens foi o Olympique de Marselha, vice-campeão da Ligue 1.
Icardi, compatriota de Pochettino, abriu o placar no primeiro tempo, e Neymar, voltando de lesão que o afastou dos jogos por um mês, dando-lhe tempo para polemizar no Réveillon, entrou no segundo tempo e ampliou em cobrança de pênalti. Payet descontou perto do final.
Para o PSG, uma rotina –o clube faturou a taça pela oitava vez seguida. Para Neymar, uma rotina –foi seu nono título desde a chegada ao time, em 2017.
Para o novo treinador do PSG, cujo contrato vai até a metade de 2022, uma novidade. Pochettino mudou de patamar. Saiu do traço.
Número de títulos relevantes: um.
]]>Mas a esta altura, depois de ele ter comunicado por escrito ao clube seu desejo de sair, uma temporada antes do encerramento do contrato, e de o novo treinador, Ronald Koeman, não lhe ter dado apoio incondicional para que ele permaneça, um “fico” é considerado improvável.
Considerando que o Barça não consiga reverter o quadro, e que Messi de fato leve adiante sua vontade de atuar em outra equipe, independentemente de ter de travar uma já antevista batalha jurídica com o clube que sempre amou (devido à discordância sobre ter ou não de pagar multa para sair), quais as opções para o craque argentino?
São neste momento três os clubes listados pela mídia esportiva como destinos prováveis do camisa 10: na Inglaterra, o Manchester City, que é tido como favorito na corrida; na França, o Paris Saint-Germain (PSG); na Itália, a Internazionale de Milão.
Com ajuda do jornal britânico Daily Mail, listo os pontos favoráveis e os desfavoráveis de cada clube, que devem certamente influenciar A Pulga (apelido de Messi) em sua decisão.
Manchester City
Prós: o reencontro com Pep Guardiola, treinador com o qual ele ganhou duas Champions League (2009 e 2011); se encaixar em um estilo de jogo que já conhece; atuar na liga mais rica e competitiva do planeta, e com chances reais de vencer a Liga dos Campeões.
Contras: o idioma inglês, que ele desconhece (se conhece, não demonstra), e o clima frio e chuvoso; a falta de tradição, e de conquistas, do Man City em torneios europeus; a altíssima intensidade em que o Inglês é disputado (Messi está com 33 anos e a cada dia deverá render menos fisicamente).
Quem teria de abdicar da camisa 10: Sergio Agüero, compatriota de Messi e o maior artilheiro da história do Man City, além de ídolo máximo da torcida.
Inter de Milão
Prós: o clima na Itália é similar ao da Espanha, assim como a cultura; incentivos fiscais mais vantajosos em relação aos de outros países; reeditar o duelo com Cristiano Ronaldo (que está na Juventus).
Contras: o time tem um estilo de jogo muito diferente do Barcelona; há instabilidade no comando técnico (Antonio Conte tem divergências com a diretoria); a equipe não tem sido páreo nos últimos anos para a Juventus.
Quem teria de abdicar da camisa 10: Lautaro Martínez, um dos atacantes argentinos em ascensão, que inclusive interessa ao Barcelona.
PSG
Prós: reencontrar o amigo Neymar, com quem atuou de 2013 a 2017 no Barcelona; formar um ataque arrasador, com Neymar, Mbappé e Di María; ter a “certeza” de êxito no campeonato nacional (o time é muito superior à concorrência).
Contras: o idioma francês, que ele desconhece (se conhece, nunca demonstrou); possível disputa com Neymar (e com o ascendente Mbappé) pelo papel de estrela da companhia; disputar uma liga menos competitiva e badalada que as de Espanha, Alemanha, Inglaterra e Itália.
Quem teria de abdicar da camisa 10: Neymar (que simplesmente ama a camisa 10).
Fala-se também do interesse em Messi do Manchester United, um dos gigantes da Inglaterra, porém neste momento os Diabos Vermelhos são azarões no páreo.
Certamente o empresário de Messi, que é o pai dele (Jorge), deve estar avaliando cuidadosamente as alternativas, e conversando com o filho famoso a respeito delas.
Até aqui não se falou em Messi permanecer na Espanha, onde sua família (esposa e três filhos) estão bem adaptados. Até porque seria surreal uma transferência para um rival local do Barça.
E quando deve haver uma definição?
Apesar de não haver tanta pressa no prazo legal, pois a janela de transferências das principais ligas vai até 5 de outubro, é de se supor que não leve tanto tempo.
Como Messi está sob contrato com o Barcelona, para não descumpri-lo e ficar sujeito a punições, ele teria de voltar a treinar com a equipe a partir de segunda (31).
O que idealmente ele evitará –já que o clima não seria dos melhores com direção e comissão técnica–, tendo interesse em definir seu futuro antes disso.
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]]>A mídia esportiva se deleita com o ressurgido protagonismo, inesperado para muitos, do mais popular craque brasileiro da atualidade.
Às vésperas da decisão da Liga dos Campeões da Europa, dez entre dez comentaristas esportivos, e o grande público junto com eles, estão ansiosamente à espera do desempenho do camisa 10 do Paris Saint-Germain no jogo deste domingo (23) contra o alemão Bayern, às 16 horas (de Brasília), com transmissão na TNT e no Facebook.
Terá Neymar a capacidade de liderar o PSG a seu segundo título internacional de relevo, o primeiro desde a conquista da Recopa europeia, no já distante 1996?
Afinal, foi para conduzir o bilionário clube parisiense ao topo da Europa que ele foi contratado do Barcelona por € 222 milhões, em 2017, até hoje a mais cara transação do futebol.
Nas quartas de final, contra a Atalanta (2 a 1), e na semifinal, contra o Leipzig (3 a 0), Neymar perdeu gols que ficaram esquecidos, já que jogou muito bem as duas partidas e deu uma assistência em cada uma delas –a diante do time alemão, belíssima.
Foi o suficiente para ser efusivamente incensado pelos jornalistas planeta afora, não sem merecimento, é bom frisar.
Tendo todos os holofotes sobre ele, especialmente os vindos do Brasil, como reagirá Neymar diante da potência de Munique, favorita para erguer a taça?
As luzes focadas em sua silhueta não são novidade em sua carreira, tendo a torcida presente ou não (e desta vez não haverá, devido à pandemia de coronavírus que impede a ida de torcedores ao estádio), então é improvável que Neymar sinta-se pressionado, apesar de a pressão ser iminente.
Pela frente, um Bayern que está invicto há 26 partidas, sendo 25 delas vitórias, e que triunfou nas 20 mais recentes. Desde 19 de janeiro, o dia do início da invencibilidade, marcou 84 gols (média de 3,2 por jogo) e levou 19 (0,7).
Um Bayern que já sentiu o gosto de ganhar o mais nobre interclubes do velho continente cinco vezes, menos somente que o Real Madrid (13), o Milan (7) e o Liverpool (6).
Um Bayern que tem o artilheiro da Champions, o centroavante polonês Lewandowski, 15 gols em nove partidas –ele não deixou de balançar as redes em um jogo sequer.
Um Bayern que tem a sensação Gnabry, o inflamado Thomas Müller, o paredão Neuer, a revelação Davies, e Kimmich, e Alaba, e Perisic, e Thiago Alcántara, todos excelentes.
Aguardemos Neymar. Que, como já escrito, usa o número 10, o mais cobiçado pelos boleiros, algarismo com o qual brilhou Pelé, o melhor de todos os futebolistas, e Maradona, e Puskás, e Platini, e Zidane, e Messi.
Quase ignorado, aliás, está o camisa 10 do outro lado, o do Bayern.
Que também é brasileiro. Que também custou muito dinheiro em sua mais recente negociação. Que também deve, no seu âmago, sonhar em ser o herói da decisão em Lisboa, em ser iluminado no estádio da Luz.
Titular da seleção brasileira, como Neymar, na Copa do Mundo de 2018, hoje com 28 anos, como Neymar, Philippe Coutinho é reserva no Bayern, a quem o Barcelona o emprestou.
Barcelona que pagou € 120 milhões ao Liverpool em 2018 para se frustrar com seu desempenho oscilante.
No fim de abril, quatro meses atrás, Coutinho, que prosseguia inconstante no Bayern, passou por uma cirurgia no tornozelo do pé bom, o direito.
Se não fosse a pandemia de Covid-19, que atrasou o andamento da temporada 2019/2020, ele não participaria da reta final da Champions.
Está participando.
Diante do Barcelona, no histórico 8 a 2 nas quartas de final, no estádio da Luz, entrou faltando 15 minutos. Fez dois gols, os que finalizaram o enterro do time espanhol.
Contra o Lyon, na semifinal, em outra arena lisboeta (José Alvalade), entrou faltando 15 minutos. Fez um gol, anulado, pois o companheiro Goretzka resvalou na bola no cruzamento e o deixou impedido.
Se o treinador Hans-Dieter Flick repetir o que tem feito, Coutinho terá pelo menos 15 minutos de ação contra o PSG.
Não se sabe agora se quando ele entrar a final estará indefinida, nem o que terá acontecido até aquele momento.
Mas o futebol muitas vezes desvia muito rapidamente os holofotes de um personagem para outro.
Eles estão em Neymar, e continuarão nele no início e no decorrer da decisão no estádio da Luz. Podem subitamente passar a focalizar Coutinho, improvável raptor do estrelato do compatriota. E dar a vitória ao Bayern, sendo eleito o melhor em campo.
O ressurgimento de Neymar passaria a ser o de Coutinho.
Impossível uma melhor volta por cima para o meia-atacante, prestes a retornar a um Barcelona que pode ficar sem Messi e, assim, estar desesperado por um craque para reerguê-lo.
É um enredo imaginário, uma suposição, talvez um devaneio que jamais aconteça. Mas que seria um final surpreendente e fascinante para o desfecho da temporada, seria.
*
Em tempo: Philippe Coutinho é o solitário representante brasileiro no Bayern na decisão da Champions League. O PSG, além de Neymar, tem o zagueiro Thiago Silva, capitão da equipe, e o zagueiro-volante Marquinhos, que fez gol tanto nas quartas de final como na semifinal.
]]>Essas frases são do treinador do Brugge, o belga Philippe Clement, proferidas em entrevista coletiva nesta sexta (8).
O “ele” em questão é o atacante senegalês Mbaye Diagne, de 28 anos e em sua primeira temporada no clube da cidade de Bruges.
A fúria de Clemente deve-se à atitude de Diagne, que no meio do ano disputou a Copa das Nações Africanas com a seleção de seu país, no jogo contra o Paris Saint-Germain, na quarta (6), em Paris, pela Liga dos Campeões da Europa.
Favorito, o PSG, ainda sem Neymar, contundido, saiu na frente com um gol do argentino Icardi, aos 22 minutos do primeiro tempo.
O time visitante manteve o placar magro, buscou equilibrar as ações e acabou recompensado com a marcação de um pênalti, feito por Thiago Silva, já na metade final do segundo tempo.
Quem sofreu o pênalti? Ele, Diagne, que entrara na partida poucos minutos antes.
Nessa situação, a responsabilidade é entregue ao cobrador oficial de pênaltis – todo time costuma ter um.
No caso do Brugge, o meia Vanaken, capitão da equipe, tem essa incumbência.
Só que Diagne, adotando o discurso fominha “foi em mim, então bato eu!”, pegou a bola e determinou, em decisão monocrática, que ele cobraria aquele pênalti, a fim de obter o inesperado empate e anotar seu primeiro tento na Champions League.
O camisa 10 correu, bateu e… Navas! O costa-riquenho, ex-goleiro do Real Madrid, pegou e não largou a malfeita cobrança – fraca, rasteira e quase no meio do gol –, assegurando a vantagem do PSG que seria mantida até o apito final.
“Foi um erro idiota”, esbravejou Clement. “Um erro que teve consequências para o resultado. Nós todos ficamos muito zangados.”
Clemente não disse que eram “nós”, porém é fácil deduzir que se trata de todos no clube: ele, todo seu estafe, todos os jogadores, toda a direção, todos os torcedores.
“Esse tipo de acontecimento faz os nervos aflorarem, e houve um confronto no vestiário, mas verbal e não físico”, afirmou o treinador de 45 anos, para quem a permanência de Diagne no clube dependerá de seu comportamento a curto prazo.
O jogador está emprestado ao PSG pelo Galatasaray, da Turquia.
Diagne sentiu que complicou para o lado dele desculpou-se no dia seguinte ao jogo, em uma rede social.
“Para a família do Club Brugge, sinto pela noite passada. Cometi um grande erro e farei de tudo para dar a esse grande time e a seus fãs o que eles merecem. Espero que possam me perdoar…”
Reconhecer uma falha é elogiável, mas o jogador de fato merecedor de elogios é aquele que consegue antecipar a situação que causará o problema e age de modo a não deixar que ele estoure.
Infelizmente Diagne não teve esse discernimento, o que pode custar-lhe a dispensa do Brugge.
Infelizmente também ninguém perguntou a Clement como ele reagiria caso o atacante tivesse convertido o pênalti.
Gostaria muito de saber, mas não saberei, se o pito e aplicação da multa ocorreriam. Por coerência, sim, deveriam ocorrer, mas duvido.
Em tempo: O resultado na capital francesa deixou o Brugge, que lidera o Campeonato Belga, com só dois pontos no Grupo A da Champions. O PSG, já classificado para os mata-matas com dois jogos de antecedência (assim como Bayern e a Juventus), soma 12 pontos, o Real Madrid, 7, e o Galatasaray, 1.
]]>Rompido com os torcedores do PSG há várias semanas, devido ao evidenciado desejo de deixar o clube, vontade essa frustrada pela falta de acordo do time francês com o Barcelona, Neymar passou a ter o incômodo de suportar os apupos e os xingamentos em sua volta à equipe, que não defendia desde 11 de maio.
Sob contrato, é o que lhe restava como profissional, mesmo a contragosto: jogar. Se seria bem ou mal, se estaria comprometido ou faria corpo mole, só acompanhando para saber.
O regresso de Neymar foi no dia 14, um sábado, em casa, diante do Strasbourg, pelo Campeonato Francês (Ligue 1).
No Parque dos Príncipes, os torcedores do PSG ficaram em cima do atacante que custou ao clube € 222 milhões (recorde no futebol), especialmente os mais fanáticos, os ultras, hostilizando-o sem parar.
Jogo muito duro, que caminhava para o empate sem gols, até que, nos acréscimos do segundo tempo, Diallo cruza da esquerda e o destro Neymar, perto da marca do pênalti, faz uma acrobacia e acerta uma linda puxeta, de canhota. A bola toca na trave e entra na meta do goleiro belga Sels.
Golaço. Semblante fechado, Neymar bateu no peito, abriu os braços, socou o ar, abraçou os colegas. Envolto em azedume, demorou a esboçar um lampejo de alegria. O PSG venceu por 1 a 0.
A segunda partida, também pelo Francês, foi fora de Paris, em Lyon, no domingo (22). Novamente os torcedores vaiando – e até atirando objetos na direção de Neymar –, novamente um confronto equilibrado, apesar de o PSG ter mais oportunidades de gol que o rival, dirigido pelo brasileiro Sylvinho.
O placar mostrava 0 a 0 até os 41 minutos do segundo tempo. Ataque do PSG. Neymar toca para Verratti na esquerda e se manda para a área. O italiano passa rasteiro para Di María, na meia-lua. O argentino serve, de primeira, para Neymar, marcado bem de perto pelo holandês Tete.
No espaço de dois segundos, o que acontece?
Neymar apara a bola com o pé esquerdo, com o direito aplica um drible curtíssimo em Tete, enganando também o dinamarquês Andersen, e, antes que Tousart ou Dubois, também próximos, pudessem fazer algo, chuta firme, de canhota, fora do alcance do goleiro português Anthony Lopes.
Golaço. Na comemoração, Neymar abriu os braços, socou o ar e pareceu menos amargurado do que oito dias antes. O sorriso até veio mais fácil, em meio à festa e aos cumprimentos dos companheiros. O PSG venceu por 1 a 0.
Desde a chegada à Europa, jamais Neymar tinha conseguido ser tão decisivo em um intervalo de jogos tão estreito.
Esta é a primeira vez que ele é o responsável direto por dar a vitória a seu time, seja o Barcelona (que defendeu de 2013 a 2017), seja o PSG, em partidas seguidas.
Pelo clube espanhol e pelo clube francês, no total, Neymar participou de 246 jogos por competições oficiais. Fez 158 gols.
Desses 158, 13 foram decisivos.
Por gol(s) decisivo(s), o que consequentemente torna decisivo o jogador que o(s) marcou, considero:
Neymar, com esses dois recentes gols, triplicou o número de partidas em que foi decisivo pelo PSG.
Antes, tinha sido uma única vez, quando anotou, de pênalti, o gol do empate contra o Nice, em abril deste ano (1 a 1), aos 15 minutos do segundo tempo.
Contra o Strasbourg e o Lyon, o “ser decisivo” ganhou um peso maior porque os gols saíram perto do fim da partida, quando a emoção e a tensão, tanto nos jogadores como nos torcedores, geralmente estão no auge em duelos indefinidos.
Pelo Barcelona, os dez gols decisivos feitos por Neymar – quatro no Campeonato Espanhol, três na Champions League, dois na Copa do Rei e um na Supercopa da Espanha, em um total de oito partidas, sendo seis vitórias e dois empates – saíram em minutagem inferior aos dois últimos pelo PSG, e cinco deles (a metade) foram marcados no primeiro tempo.
Não deixa de ser uma feliz coincidência para Neymar registrar esses dois gols decisivos em tão curto espaço de tempo.
Decidir um jogo não é comum. Decidir perto do fim do jogo é menos comum ainda. Decidir dois jogos seguidos com o apito final do árbitro se aproximando é sem dúvida raríssimo.
Neymar volta a campo nesta quarta (25), em Paris, contra o Reims.
Se o acaso o levar a, pela terceira partida consecutiva, ser decisivo nos minutos derradeiros, será necessário um estudo aprofundado para descobrir se é algo inédito no futebol de primeira linha.
Em tempo 1: O PSG tem, além de Neymar, hoje com 27 anos, mais dois atacantes de altíssimo nível, o uruguaio Cavani (32 anos) e o francês Mbappé (20 anos). Considerando o mesmo período de atuação de Neymar no clube (segundo semestre de 2017 até agora), eles foram decisivos em mais ou menos jogos que o craque brasileiro? Em mais, os dois. Enquanto Neymar tem em seu currículo nesse quesito as partidas contra Nice, Strasbourg e Lyon, tanto Cavani como Mbappé acumulam cinco jogos cada um. O francês levou o PSG à vitória em cinco confrontos, e o uruguaio determinou a vitória do clube em duas partidas e assegurou-lhe o empate em três.
Em tempo 2: Caso Neymar não fizesse os gols contra Strasbourg e Lyon e esses duelos terminassem empatados, o PSG deixaria de somar quatro pontos e não seria o líder do Campeonato Francês. Teria 11 pontos em vez de 15 e iniciaria a sétima rodada atrás do Angers e do Nice (12 pontos cada um).
]]>Dito e feito.
O desejo do atacante de 27 anos de deixar o Paris Saint-Germain evidenciou-se, porém as semanas foram se passando e nada de haver uma definição relacionada a uma transferência.
O PSG pagou muito alto por Neymar (€ 222 milhões) na metade de 2017, até hoje o valor recorde de uma transferência no futebol. E por isso exige que os interessados também paguem alto por ele.
Não sendo possível chegar a esse valor, e está claro que não será, o novo clube de Neymar terá de oferecer pé de obra de qualidade como contrapartida.
Novo clube? Talvez não. Poderia ser um velho clube. O Santos? Não. O Barcelona? Sim.
Neymar tem preferência pela Espanha, e o Barça, que contou com o brasileiro de 2013 a 2017, apareceu como o principal candidato a contratá-lo.
Muito publicou-se a respeito desse retorno na mídia especializada, inclusive que a equipe da Catalunha incluiu Philippe Coutinho como parte da oferta feita ao PSG.
Não rolou, e no fim da semana passada o Barça negociou Coutinho com o Bayern de Munique. Ficará lá um ano, por empréstimo.
Sem poder pagar o que deseja o PSG, e agora sem ter um de seus principais ativos para envolver em uma negociação, o Barcelona parece a cada dia mais longe de Neymar.
Restaria como opção na Espanha o outro gigante do país, o Real Madrid.
Que quer se livrar de um de seus astros, o atacante galês Gareth Bale – em constante desentendimento com o treinador Zinédine Zidane –, opção que poderia interessar ao clube francês.
Outro jogador de primeiríssima linha que pode ser mal aproveitado no Real é James Rodríguez. O meia, um dos destaques da Copa de 2014, no Brasil, regressou de empréstimo ao Bayern e está na reserva.
Bale (30 anos) e James (28) valeriam, juntos, por volta de € 110 milhões. Se o Real Madrid colocar mais uns € 60 milhões em dinheiro, é razoável que o PSG aceite.
Teria prejuízo de uns € 50 milhões, considerando-se o que pagou ao Barcelona há dois anos, mas se livraria de um jogador insatisfeito e teria dois craques no elenco, que reforçariam um setor ofensivo que já conta com os medalhões Cavani, Mbappé e Di María.
Neymar, por seu lado, anseia por novos ares.
Paris, que se apresentou convidativa e promissora, tornou-se neste ano hostil e indesejada – o camisa 10 tem e não tem responsabilidade nisso.
Neymar cometeu atos de indisciplina – agrediu um torcedor no estádio e fez críticas à arbitragem que renderam suspensão – que deixaram enraivecida a direção do PSG, que também torce o nariz para o lado festeiro do atleta.
Para piorar o ambiente, não se apresentou na data prevista pelo clube para a retomada dos treinamentos para a temporada 2019/2020.
Na vida pessoal, um encontro na capital francesa com uma modelo brasileira, combinado por rede social, rendeu-lhe uma acusação de estupro – que não avançou, mas provocou-lhe desgaste emocional e na imagem.
Antes desses episódios, a segunda lesão no quinto metatarso do pé no período de um ano afastou-o de jogos decisivos da Liga dos Campeões da Europa, repetindo o enredo de 2018.
Nos casos de contusão, não há como culpar Neymar, mas o PSG frustrou-se por não contar com sua superestrela, contratado com a missão de conduzir a equipe a um inédito título da Champions League.
Assim, o clima não está nada bom para ele em Paris, e o Real Madrid seria uma dádiva.
Porém há um fator extra a se considerar. O fator Neymar.
Que, de acordo com o programa Jugones, da TV espanhola, exige um contrato de cinco anos e salário mensal de € 2,9 milhões (R$ 13,5 milhões), semelhante ao que ganha no PSG, uma pedida além do que o Real Madrid pretende oferecer.
Caso essas informações sejam verdadeiras, Neymar precisa repensar, se quiser mesmo deixar Paris.
Pois a realidade é que neste momento ele está desvalorizado. Não perdeu a fama de cai-cai, incluiu na biografia algumas páginas policiais e esportivamente está em baixa.
Neste ano, devido à grave lesão no pé e a outra, no tornozelo, pouco antes da Copa América, ele esteve em campo em somente dez partidas (perto de uma por mês), a última no dia 5 de junho.
Ressalte-se que nelas marcou sete gols, o que mostra que, quando está bem, Neymar é muito valioso.
A dúvida que fica é se ele não se tornou um jogador pouco confiável do ponto de vista clínico, um “podrinho”. Seu pé direito é o problema.
Além da ruptura do ligamento do tornozelo há menos de três meses – não jogou ainda depois disso, só treinou –, o seu dedinho não deixa ninguém tranquilo.
Eric Rolland, ex-diretor médico do PSG, declarou ao jornal Le Parisien o seguinte: “O pé do Neymar é muito magro, e o risco de ocorrer uma recaída no quinto metatarso é muito provável”.
Opiniões médicas não favoráveis, se não são suficientes para fazer um comprador desistir da investida, o deixam no mínimo receoso, com a pulga atrás da orelha.
Neymar, de quebra, ainda perdeu a aura de insubstituível na seleção de Tite, já que o Brasil foi campeão da Copa América sem ele.
Assim, com um ano conturbado e negativo até agora, Neymar, caso tenha autocrítica e bom senso, deve reduzir suas demandas.
Do contrário, perderá a oportunidade de tentar brilhar em um dos principais clubes do planeta e terá de prosseguir na França, a contragosto.
Em tempo 1: A novela protagonizada por Neymar tem data para terminar: 2 de setembro. Nesse dia será fechada a atual janela de negociações na França e na Espanha. Depois, só em janeiro.
Em tempo 2: O PSG joga neste domingo (25) em casa contra o Toulouse, pelo Campeonato Francês. Teoricamente, Neymar tem condição de ir a campo. Mas não deve ser escalado, a fim de que seja poupado dos apupos dos torcedores do próprio time – parte deles estão fartos do comportamento do brasileiro.
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