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Gabriel, do Arsenal e da seleção, reage a ladrão com taco de beisebol
]]>O goleiro e capitão francês, ao receber um recuo de bola na pequena área na final da Copa do Mundo de 2018, na Rússia, tentou fazer o que não devia: driblar o atacante.
Mandzukic esticou o pé direito, a finta de Lloris falhou, a bola bateu no croata e foi parar nas redes.
Um tremendo vexame, um erro clamoroso na decisão do mais importante campeonato de futebol do planeta.
Então por que Lloris é um sortudo?
Porque a França vencia a partida por 4 a 1 no momento da patacoada que ele fez, e a Croácia não teve força para fazer mais gols no duelo em Moscou.
A lambança do camisa 1 não foi esquecida, porém acabou minimizada por não afetar o resultado final.
Lúcio, um dos melhores zagueiros que a seleção brasileira já teve, também é um cara de sorte.
Nas quartas de final da Copa do Mundo de 2002, disputada na Coreia do Sul e no Japão, ele errou feio ao tentar cortar um lançamento de Heskey para Owen.
Lúcio estava “torto” na jogada, e a bola bateu em seu quadril e sobrou para o rápido atacante, que deslocou o goleiro Marcos e colocou a Inglaterra na frente.
Um erro grosseiro, gritante, em um jogo entre duas potências do futebol, pode pôr tudo a perder.
Só que Lúcio é um sortudo, pois tinha no seu time um Ronaldinho Gaúcho inspiradíssimo naquele dia no estádio Shizuoka, na cidade japonesa de Fukuroi.
O meia-atacante puxou um contra-ataque no fim do primeiro tempo e deu passe açucarado para Rivaldo empatar.
Na segunda etapa, em um de seus gols mais famosos, cobrou uma falta que encobriu o goleiro Seaman. Até hoje questiona-se se Ronaldinho quis chutar para o gol ou se “errou” o cruzamento.
A bobeira de Lúcio, a exemplo da de Lloris, é recordada, mas não torna o beque um vilão, já que o Brasil ganhou o jogo e, depois, sagrou-se pentacampeão mundial.
Já o belgo-brasileiro Andreas Pereira não é um sortudo.
O meio-campista do Flamengo cometeu um erro que custou muito caro –a ele, ao time e à maior torcida do Brasil.
No começo da prorrogação, na final da Libertadores contra o Palmeiras, no sábado (27) em Montevidéu, Andreas recebeu passe de David Luiz na defesa.
Estava sozinho, era o último homem, porém não parecia estar em situação difícil. Podia recuar para o goleiro Diego Alves ou passar para Rodrigo Caio, que estava a uma pequena distância.
Isso se não hesitasse ou bobeasse. Ao tentar dominar a bola, Andreas deu um passo em falso, e ela escapou. Em um segundo, o flamenguista se deu conta de estar em apuros.
Com a proximidade de Deyverson, que vinha em velocidade, o camisa 18 ainda tentou, em um esforço que se mostrou em vão, chutar a bola para que ela chegasse a Diego Alves.
O resto da jogada todos sabem. Deyverson ficou com a bola, entrou na área e fez o gol que deu ao Palmeiras a taça da Libertadores.
⚽️ O gol do título! Por um novo ângulo, o lance que levou o @Palmeiras de novo à #GloriaEterna! Deyverson é o herói do campeão da CONMEBOL #Libertadores. pic.twitter.com/FgfICpIDiF
— CONMEBOL Libertadores (@LibertadoresBR) November 28, 2021
Andreas ficou desolado, caído no chão, ciente de que estava prestes a se tornar o vilão da nação rubro-negra. Começou ali a viver um pesadelo, que se mostrou real e do qual não despertará.
Diferentemente do que ocorreu com Lloris e com Lúcio, a falha não será esquecida ou minimizada.
Quando alguém, hoje ou daqui a anos, perguntar o que provocou a derrota do Flamengo na decisão da Libertadores de 2021, a resposta será: o deslize de Andreas.
Dizem que o futebol é um esporte coletivo. Que quando o time ganha o mérito é de todos e que quando o time perde o fracasso pertence ao conjunto.
Balela. Um erro individual, se de proporção gigante, não é culpa do time. O responsável é exclusivamente aquele que vacilou. Barbosa, goleiro do Brasil na Copa de 1950, que falhou no gol que deu o título ao Uruguai, que o diga.
Andreas, 25, deve ter passado um fim de sábado e um domingo terríveis, relembrando seguidamente o lance fatídico.
Muitas perguntas ele deve estar se fazendo até agora.
“Por que dominei tão mal uma bola fácil?” “Por que Deyverson não errou o chute?” “Por que Diego Alves não evitou o gol?” “Por que o Flamengo não conseguiu reagir?” “Por que isso aconteceu justo comigo?”
E a questão principal: “Como a torcida vai me tratar daqui para a frente?”.
São perguntas sem respostas claras ou até mesmo sem respostas.
Por ora, o que se pode afirmar, sem hesitação, é isto: Andreas não é um cara de sorte.
]]>Sempre emocionante, essa disputa, que põe 500 quilos nas costas de cada cobrador e deixa o goleiro leve, com grande chance de se tornar o herói do dia, é ruim para o Flamengo. E ainda pior para o Palmeiras.
Levantamento deste blog com o desempenho de 28 grandes times a partir de 26 de novembro de 2011 até o dia de hoje (26 de novembro de 2021), exatos dez anos, mostra o time alviverde da penúltima colocação no aproveitamento.
O Palmeiras participou de 18 decisões por pênaltis nessa década e ganhou apenas seis (33% de sucesso). De cada três disputas, a equipe perdeu uma.
Ir para os pênaltis só foi mais traumático para o River Plate. O clube argentino, em 13 tentativas de êxito, ganhou apenas 4 (31%).
Há um ditado que afirma que “pênalti é loteria”. Se fosse, seguindo-se o meu entendimento de probabilidades, todos os times deveriam triunfar em 50% das disputas e fracassar em 50% delas.
Não é o que aconteceu, no período da pesquisa, com 24 dos 28 clubes. Somente Manchester United, Real Madrid, Bayern de Munique e Santos registraram 50/50.
Considerando-se uma margem de 10 pontos percentuais para cima ou para baixo, um desvio que não considero exagerado, 18 encaixaram-se nessa faixa.
Sete agremiações apresentaram resultado superior a 60%, e três, inferior a 40% –o Paris Saint-Germain, com 38%, faz companhia a Palmeiras e River.
Com 45% de aproveitamento em decisões por pênaltis (5 vitórias em 11 ocasiões), o Flamengo, em uma nada honrosa 22ª colocação no ranking, não teria razão para otimismo no caso de mais uma acontecer no Uruguai, a não ser pelo fato de o rival paulistano ser ainda mais sofrível.
A situação é ainda mais desconfortável para os comandados de Abel Ferreira quando se levam em conta os resultados nos pênaltis neste ano: nenhum triunfo em quatro tentativas.
Houve reveses diante de Al-Ahly (Mundial de Clubes), Flamengo (Supercopa do Brasil), Defensa y Justicia (Recopa Sul-Americana) e CRB (Copa do Brasil).
O único alento para o Palmeiras é que, em 1999, na primeira das duas vezes que a equipe ergueu a taça da competição continental, a vitória saiu nos pênaltis: 4 a 3 contra o Deportivo Cali, da Colômbia.
Mas, mesmo em decisões por pênaltis em finais de Libertadores, o retrospecto não é positivo, já que em 2000 o time dirigido por Luiz Felipe Scolari perdeu (4 a 2) para o Boca Juniors.
A análise estatística indica que não é convidativo encarar nos pênaltis Manchester City, Arsenal, Vasco (todos 67% de êxito em duelos por pênaltis), Boca Juniors (64%) e principalmente o Barcelona, quase imbatível (86%).
Ressalte-se que o número de vezes que o Vasco participou de uma decisão por pênaltis é de somente seis no intervalo do levantamento, ou metade da média (12) dos clubes pesquisados.
O Barça também pouco decidiu por pênaltis (sete vezes), assim como o PSG (oito vezes), e o Boca foi quem mais se viu na marca da cal para definir jogos: 22 vezes em uma década.
Foram consideradas na pesquisa, que considerou confrontos nacionais e internacionais, as performances de 12 times do Brasil, seis da Inglaterra, três da Espanha, três da Itália, dois da Argentina, um da Alemanha e um da França.
A seguir, o ranking geral, do time mais eficaz nas disputas de pênaltis para o menos competente.
1) Barcelona – 86% (7 jogos, 6 vitórias)
2) Arsenal – 67% (12 jogos, 8 vitórias)
Manchester City – 67% (12 jogos, 8 vitórias)
Vasco – 67% (6 jogos, 4 vitórias)
5) Boca Juniors – 64% (22 jogos, 14 vitórias)
6) Atlético de Madrid – 62% (13 jogos, 8 vitórias)
7) Chelsea – 61% (18 jogos, 11 vitórias)
8) Grêmio – 60% (15 jogos, 9 vitórias)
Atlético-MG – 60% (10 jogos, 6 vitórias)
Botafogo 60% – (10 jogos, 6 vitórias)
Cruzeiro – 60% (10 jogos, 6 vitórias)
12) Corinthians – 57% (14 jogos, 8 vitórias)
13) Fluminense – 56% (9 jogos, 5 vitórias)
Milan – 56% (9 jogos, 5 vitórias)
15) Inter de Milão – 55% (11 jogos, 6 vitórias)
16) Liverpool – 54% (13 jogos, 7 vitórias)
17) Bayern – 50% (16 jogos, 8 vitórias)
Santos – 50% (12 jogos, 6 vitórias)
Manchester United – 50% (10 jogos, 5 vitórias)
Real Madrid – 50% (10 jogos, 5 vitórias)
21) Internacional – 46% (13 jogos, 6 vitórias)
22) Flamengo 45% (11 jogos, 5 vitórias)
Juventus – 45% (11 jogos, 5 vitórias)
Tottenham – 45% (11 jogos, 5 vitórias)
25) São Paulo – 40% (10 jogos, 4 vitórias)
26) PSG – 38% (8 jogos, 3 vitórias)
27) Palmeiras – 33% (18 jogos, 6 vitórias)
28) River Plate – 31% (13 jogos, 4 vitórias)
E as seleções mais renomadas, que já foram campeãs do mundo?
Como se saíram em confrontos decididos por pênaltis nos últimos dez anos, considerando-se seus times principais? (Não se considera na conta as equipes de base nem olímpicas.)
Quem mais teve sucesso foram a alemã, que venceu sua única disputa (em 2016, na Eurocopa, diante da Itália), e a brasileira, com 75% de aproveitamento (três vitórias em quatro tentativas) –a derrota ocorreu na Copa América do Chile, em 2015, para o Paraguai.
Por outro lado, as seleções uruguaia (quatro reveses) e francesa (um) não ganharam uma única vez no hiato de dez anos.
1) Alemanha – 100% (1 jogo, 1 vitória)
2) Brasil – 75% (4 jogos, 3 vitórias)
3) Itália – 67% (6 jogos, 4 vitórias)
4) Espanha – 60% (5 jogos, 3 vitórias)
5) Argentina – 50% (6 jogos, 3 vitórias)
Inglaterra – 50% (4 jogos, 2 vitórias)
7) Uruguai – 0% (4 jogos, 0 vitória)
França – 0% (1 jogo, 0 vitória)
Leia também: Na disputa de pênaltis, é melhor começar batendo ou não?
]]>Ele surgiu, conforme relatos históricos, em decorrência das ações de um jogador do Vasco da Gama, Bernardo Gandulla.
Argentino, ele foi contratado no fim dos anos 1930 pelo clube carioca. Sem obter espaço no time, decidiu ser útil de outra forma, buscando a bola quando essa saía do campo durante as partidas.
“A atitude de Gandulla ganhou o carinho da torcida e após seu retorno para a Argentina, em 1940, seu nome virou referência para os apanhadores de bola”, afirma texto da Universidade do Futebol publicado em 2007.
Com o decorrer dos anos, a figura do gandula tornou-se inerente aos jogos.
Normalmente, o time mandante se responsabilizava por disponibilizar meia dúzia deles (um atrás de cada gol, dois em um lado do gramado, dois do outro lado), para resgatar a redonda quando ela fosse chutada para longe.
Pouco se reparava na atuação deles, a não ser quando um, em corrida desenfreada, tropeçava ou, afobado, deixava a bola escapar na tentativa de pegá-la ou de levá-la de volta ao campo.
Ou, também, quando todos desapareciam do recinto futebolístico, sempre perto do fim da partida, sempre quando a equipe da casa estava vencendo. Uma clara forma de ganhar tempo, a fim de reduzir as chances do time visitante.
Quando eu frequentava os estádios, havia gandulas crianças –com idades variadas–, mas também marmanjos, que ou já eram contratados do clube, fazendo um “extra” na função, ou eram contratados pelo clube especificamente para executar a tarefa.
Em um ou dois anos, a Federação Paulista de Futebol utilizou gandulas mulheres –a informação que a rádio dava era que eram estudantes universitárias–, o que agradava à torcida, predominantemente hétero e masculina.
Mas a moda não pegou, pelo menos não de modo consistente.
Cinco dias atrás, na Inglaterra, ocorreu um fato inusitado no Campeonato Inglês feminino, no confronto Manchester City x Aston Villa, envolvendo um gandula. E uma goleira.
O primeiro tempo se aproximava do fim no Academy Stadium, em Manchester, sem abertura de contagem, quando, após ataque do City, a bola saiu pela linha de fundo.
A goleira do Villa, Hannah Hampton, de 21 anos, caminhou até a área que fica atrás de seu gol e viu que um gandula mirim estava com ela nas mãos, atrás das placas de publicidade.
Hampton esperou que o garoto, que aparentava ter uns 10 anos, lhe devolvesse a bola. Porém isso não aconteceu.
Desconcertada, a guarda-metas se aproximou, fez o gesto de “vamos, me dê”. Nada. O menino a observava, relutante.
A demora começou a impacientar a camisa 1, que, inconformada, olhava ao seu redor, braços abertos, como a dizer: “Olhem, ele não devolve a bola. Que petulância!”.
Sem ninguém para socorrê-la, Hampton chegou mais perto e verbalizou sua insatisfação.
O gandula desviava o olhar e procurava alguém, como se esperasse uma confirmação de que agia corretamente, e não para ser provocativo.
Foi vencido, entretanto, pela insistência de Hampton e acabou, a contragosto, entregando a bola à goleira, que enfim pôde reiniciar a partida.
Nas redes sociais, internautas brincaram com a cena e chegaram a afirmar que o rapazinho, que vestia um casaco com o escudo do City, tinha sido orientado a fazer cera.
Sim, gandulas têm a capacidade de, com certas artimanhas, atrasar a reposição da bola. Só que evidentemente esse não seria o caso, já que o placar marcava 0 a 0 e ainda havia todo o segundo tempo a ser disputado.
This young ball boy is absolutely taking the mickey
Did the mind games work? Man City put five goals past Aston Villa in the second half… #OptusSport #BarclaysFAWSL pic.twitter.com/HDeVIOQzPl
— Optus Sport (@OptusSport) November 20, 2021
Quem esclareceu o ocorrido foi Jacqui Oatley, comentarista da Sky Sports, que afirmou que o menino tentou cumprir orientação que lhe fora passada.
Devido a um estranho protocolo a ser seguido por causa da pandemia de coronavírus, quem deveria fornecer a bola de volta ao jogo era o quarto árbitro, e não o gandula.
Se essa for mesmo a razão, e se essa determinação estiver sendo seguida desde o início do campeonato, em setembro, a errada é Hampton, que deve sofrer de amnésia.
A goleira, aliás, teria desejado que o gandula tivesse desaparecido com a bola que ela tanto insistiu em ter, e com todas as outras disponíveis, se soubesse o que a segunda etapa lhe reservaria.
O City massacrou o Villa, fazendo Hampton, que é uma das goleiras da seleção inglesa, buscar a bola nas redes nada menos que cinco vezes.
A goleada por 5 a 0 deixou as duas equipes com 10 pontos em oito partidas, mas ambas estão bem distantes do topo da tabela, ocupado pelo Arsenal (22 pontos).
Leia também: Juiz expulsa gandulas e tem ele mesmo que buscar a bola
]]>No dia 21 de novembro de 2022, duas seleções estarão correndo atrás da bola no estádio Al Bayt, na cidade de Al Khor.
Uma delas será a qatariana, por ser a anfitriã e cabeça de chave do Grupo A.
A outra será definida em sorteio em abril do próximo ano, em Doha, e não será a seleção brasileira, já que o Brasil será um dos cabeças de chave e, consequentemente, não fará companhia ao Qatar na fase de grupos.
A 364 dias do pontapé inicial do Mundial, o técnico Tite tem uma base consolidada para levar ao país do Oriente Médio.
Das 23 vagas (três goleiros e 20 jogadores de linha), se não houver problema de lesão ou disciplinar, 17 estão, teoricamente, definidas: os três goleiros, três zagueiros, dois laterais, três volantes, um meia e cinco atacantes.
A seguir, o panorama atual, setor por setor. Entre parênteses, o número de jogos em que o atleta foi titular após o encerramento da Copa na Rússia, em 2018 –o Brasil disputou 42 partidas desde então.
Goleiros (3)
Favoritos: Alisson (Liverpool), 29 anos, Ederson (Manchester City), 28, e Weverton (Palmeiras), 33.
Minha análise: O Brasil está muito bem servido de goleiros. Alisson (19 jogos) deve ser o titular pela segunda Copa seguida, sendo Ederson (16 jogos) o reserva imediato e Weverton (6 jogos), campeão olímpico na Rio-2016, o outro suplente. Neto (1 jogo), 32, do Barcelona, Everson (zero jogo), 31, do Atlético-MG, e Santos (zero jogo), 31, do Athletico-PR, campeão olímpico em Tóquio-2020, ficam em “stand by”.
Laterais (4)
Favoritos: Danilo (Juventus), 30 anos, Daniel Alves (Barcelona), 38, Alex Sandro (Juventus), 30, e Renan Lodi (Atlético de Madrid), 23. Guilherme Arana (Atlético-MG), 24, está no páreo.
Minha análise: Bom marcador, Danilo (25 jogos) é o titular na direita, porém, se Daniel Alves (11 jogos) estiver bem à época da convocação para a Copa, Tite pode escalá-lo, devido à maior técnica e, principalmente, experiência. Emerson (2 jogos), 22, do Tottenham, tem sido chamado e tenta entrar na briga. Na esquerda, Alex Sandro (21 jogos) aparece na frente na luta pela titularidade. Pelas ótimas apresentações pelo Atlético-MG, Guilherme Arana (1 jogo) ameaça Lodi (11 jogos), marcado negativamente pela falha contra a Argentina na final da Copa América deste ano.
Zagueiros (4)
Favoritos: Marquinhos (PSG), 27 anos, Éder Militão (Real Madrid), 23, e Thiago Silva (Chelsea), 37. Há disputa entre Lucas Veríssimo (Benfica), 26, Felipe (Atlético de Madrid), 32, Diego Carlos (Sevilla), 28, e Gabriel Magalhães (Arsenal), 23, pela vaga restante.
Volantes (4)
Favoritos: Casemiro (Real Madrid), 29 anos, Fred (Manchester United), 28, Fabinho (Liverpool), 28. A quarta vaga está aberta, com chance para Gerson (Olympique de Marselha), 24, Douglas Luiz (Aston Villa), 23, e Bruno Guimarães (Lyon), 24.
Meias (2)
Favoritos: Lucas Paquetá (Lyon), 24 anos, e Éverton Ribeiro (Flamengo), 32. Philippe Coutinho (Barcelona), 29, corre por fora.
Atacantes (6)
Favoritos: Neymar (PSG), 29 anos, Gabriel Jesus (Manchester City), 24, Roberto Firmino (Liverpool), 30, Richarlison (Everton), 24, e Gabigol (Flamengo), 25. Com chance: Raphinha (Leeds), 24, Vinicius Júnior (Real Madrid), 21, Antony (Ajax), 21, Matheus Cunha (Atlético de Madrid), 22, e Éverton Cebolinha (Benfica), 25.
Feitas essas ponderações, creio que os 23 de Tite seriam: Alisson, Ederson, Weverton, Danilo, Daniel Alves, Alex Sandro, Renan Lodi, Marquinhos, Éder Militão, Thiago Silva, Lucas Veríssimo, Casemiro, Fred, Fabinho, Gerson, Lucas Paquetá, Éverton Ribeiro, Neymar, Gabriel Jesus, Roberto Firmino, Richarlison, Gabibol e Raphinha.
O time titular seria, em um 4-3-1-2: Allison; Danilo, Marquinhos, Militão e Alex Sandro; Casemiro, Fred e Paquetá; Neymar; Gabriel Jesus e Richarlison. Neymar atuaria como falso centroavante.
Se eu fosse o técnico, manteria os três goleiros. Na lateral, trocaria Lodi por Guilherme Arana. No meio, Fred (que considero um jogador comum) por Bruno Guimarães. Na zaga, Veríssimo por Diego Carlos. No meio, Éverton por Claudinho. No ataque, Jesus e Firmino por Vini Jr. e Pedro (zero jogo), 24, que não tem sido chamado por Tite –o flamenguista seria o único centroavante de ofício no elenco.
Meu time titular, em um 4-3-1-2: Alisson; Daniel Alves, Marquinhos, Thiago Silva e Guilherme Arana; Casemiro, Gerson e Paquetá; Neymar; Raphinha e Vini Jr. Essa formação privilegia um meio-campo e uma lateral esquerda mais ofensivos, com Gerson e Arana, e um ataque mais veloz e driblador, com os “ponteiros” Vini Jr. e Raphinha. A falta de um centroavante clássico, que joga centralizado e perto do gol (Pedro seria reserva), exige que Neymar ou Paquetá estejam sempre perto da área para finalizar as jogadas armadas pelas laterais.
Em tempo: A próxima convocação, para jogos das Eliminatórias no fim de janeiro, deve dar uma forte indicação da lista final de Tite. Faltando dez meses para a Copa de 2018, dos 23 convocados por Tite, 19 foram à Rússia. Só perderam a vaga Daniel Alves (por lesão), Rodrigo Caio, Giuliano e Luan.
]]>Em carta enviada à Confederação Asiática de Futebol (CAF), datada do dia 5 deste mês, o dirigente jordaniano Samar Nassar solicita um inquérito para que seja averiguado se a goleira iraniana Zohreh Koudaei é uma mulher.
Ele pede à confederação que inicie “uma investigação clara e transparente por uma equipe médica independente” a fim de apurar “a elegibilidade da atleta em questão e de outras do time, particularmente porque o Irã tem um histórico de questões relacionadas a gênero e a doping”.
Nassar fez essa acusação sem, no documento, mencionar algum caso em que o Irã tenha burlado as regras para trapacear esportivamente.
O movimento recebeu o endosso do presidente da AFJ, príncipe Ali bin Al-Hussein, que é um dos vice-presidentes da Fifa, a entidade máxima do futebol.
Em um post cinco dias atrás, ele tuitou que, “se verdadeiro, é um assunto muito sério”. E instou a CAF a “acordar”.
Na partida de 25 de setembro, em Tashkent (Uzbequistão), que abrigou um triangular com Jordânia, Irã e Bangladesh, valendo uma vaga na Copa da Ásia, jordanianas e iranianas empataram sem gols.
Como ambas tinham goleado Bangladesh por 5 a 0, a decisão foi para os pênaltis. O Irã ganhou por 4 a 2, e Zohreh defendeu duas cobranças.
A atitude da AFJ parece coisa de perdedor. Antes do confronto, não reclamou de nada. E, se a sua seleção tivesse vencido, não teria feito nenhuma solicitação relacionada à goleira adversária. A derrota deflagrou a desconfiança.
A CAF não foi clara ao ser questionada se levará o caso adiante. Por meio de um porta-voz, disse que a confederação “não comenta a respeito de investigações ou processos em andamento”.
Maryam Azmoon, técnica do Irã, declarou ao site esportivo iraniano Varzesh3 que o departamento médico da equipe “examinou cuidadosamente cada jogadora” em relação a questões hormonais “para evitar qualquer problema, então posso dizer aos torcedores que fiquem tranquilos”.
Alvo das suspeitas, Zohreh recebeu com indignação a acusação. “Sou uma mulher. A Jordânia está fazendo bullying.” A guarda-metas de 32 anos afirmou que processará a AFJ.
A classificação iraniana foi histórica. Se não houver revertério, será a primeira vez que a seleção feminina do país participará de uma Copa da Ásia.
A 20ª edição da competição será na Índia, em janeiro e fevereiro de 2022, e terá 12 participantes.
O atual campeão é o Japão, que triunfou na edição na Jordânia, em 2018, e a seleção que mais venceu é a chinesa, com oito títulos.
]]>No final de outubro, o clube fundado em 2010 anunciou que não tem como dar continuidade às operações até que um novo investidor apareça e injete dinheiro nele.
Nesse cenário, os funcionários do clube avisaram que, na tentativa de colaborar e evitar a falência do Hebei, aceitarão trabalhar de graça.
O comunicado, conforme informou a agência de notícias Xinhua, tem a assinatura de 60 empregados, que afirmaram aceitar ficar sem receber salário até que haja uma reestruturação.
“O clube não pode pagar contas de água, de luz e as despesas com viagens”, diz a carta. “Enquanto ele puder sobreviver, queremos trabalhar sem qualquer pagamento, até que a reforma estrutural seja concluída, com o fim da crise.”
O proprietário do Hebei, desde 2015, é a incorporadora China Fortune Land Development, uma das vítimas do estouro da bolha imobiliária no país asiático. Suas ações despencaram, e as dívidas estariam na casa dos US$ 42 bilhões (quase R$ 230 bilhões).
Na fase classificatória da Super Liga, o campeonato nacional da primeira divisão, o Hebei terminou na quarta colocação do Grupo B, entre oito times, com seis vitórias, cinco empates e três derrotas.
A posição assegurou a classificação para a etapa decisiva da competição, que começará em dezembro.
Treinado por um sul-coreano, Kim Jong-boo, o Hebei, cuja melhor colocação na Super Liga foi o quarto lugar em 2017, conta com quatro estrangeiros no elenco.
Um deles é o atacante brasileiro Léo Souza, de 24 anos, que atuou no Japão de 2018 a 2020 e neste ano transferiu-se para a China.
Os outros são o zagueiro bósnio Samir Memisevic, o volante norueguês Ole Selnaes e o atacante português João Silva.
Os principais jogadores brasileiros em atividade na China são o meia Oscar –autor do gol de honra do Brasil no 7 a 1 para a Alemanha na Copa de 2014– e os atacantes Henrique Dourado, Ricardo Goulart e Alan Kardec.
]]>O país-sede tem vaga assegurada. Na América do Sul, o Brasil carimbou o passaporte ao ganhar da Colômbia, na quinta-feira (11), por 1 a 0, em São Paulo.
Outras duas seleções campeãs mundiais, Alemanha e França, também asseguraram a classificação.
Os franceses (atuais campeões do mundo), neste sábado, com a goleada de 8 a 0 sobre o Cazaquistão. Os alemães já tinham se garantido na rodada anterior das Eliminatórias europeias, assim como a Dinamarca e a Bélgica.
Na Europa, cada um dos dez grupos oferece uma vaga direta, ao campeão da chave, para o Mundial no Qatar. O segundo colocado tem de disputar uma repescagem.
E há seleções de renome no velho continente que correm o risco de não ganharem seus grupos, colocando-se em situação desconfortável e perigosa na corrida para a Copa.
São os casos da Itália, campeã mundial em 1934, 1938, 1982 e 2006 e atual campeã europeia, da Espanha, campeã da Copa do Mundo de 2010, de Portugal, campeão europeu em 2016, e da Holanda, vice-campeã mundial em 1974, 1978 e 2010.
Italianos e holandeses, ausentes do Mundial na Rússia, em 2018, tiveram em seus últimos jogos tropeços que as complicaram.
A Squadra Azurra empatou em casa (1 a 1) com a Suíça, em jogo em que o volante Jorginho, candidato a melhor do mundo neste ano, desperdiçou um pênalti.
O resultado deixou italianos e suíços com 15 pontos, e a definição do Grupo C será nesta segunda. A Itália visita a Irlanda do Norte, e a Suíça recebe a Bulgária.
Fora de casa, a Holanda, depois de abrir 2 a 0 sobre Montenegro permitiu na parte final da partida que o adversário empatasse, deixando escapar a classificação.
Os holandeses ainda dependem só de si, porém perigam não obter vaga nem na repescagem.
Eles estão na liderança do Grupo G, com 20 pontos, e Noruega e Turquia estão com 18. Nesta terça, os duelos são Holanda x Noruega (que jogará sem o astro Haaland, contundido) e Montenegro x Turquia.
Portugal, de Cristiano Ronaldo, empatou sem gols com a Irlanda, em Dublin, e decidirá seu futuro neste domingo, em Lisboa, diante da Sérvia. Os dois países estão com 17 pontos no Grupo A.
A Espanha podia estar em situação pior. Ao ganhar da Grécia por 1 a 0, subiu para 16 pontos no Grupo B e ultrapassou a Suécia, que tropeçou ao perder da Geórgia (2 a 0) e se manteve com 15. Espanhóis e suecos fazem confronto direto neste domingo, em Sevilha.
Também neste domingo quem define se vai direto para a Copa é a Croácia, de Modric (melhor jogador do mundo em 2018), atual vice-campeã mundial.
Os croatas recebem a Rússia, em Split, precisando ganhar, já que estão com 18 pontos, contra 20 do oponente, no Grupo H.
Entre as seleções que já foram campeãs do mundo, o cenário mais favorável é o da Inglaterra, que soma 23 pontos no Grupo I, três de vantagem para a Polônia.
Basta um empate nesta segunda, em San Marino, contra a fragilíssima seleção local (210ª e última colocada no ranking da Fifa, liderado pela Bélgica), para que o artilheiro Harry Kane e companhia estejam no Qatar no final de 2022.
]]>Na entrevista coletiva, depois de derrota do Juaréz, o clube que dirige há cinco meses, para o Tigres, clube que dirigiu por 16 anos (não consecutivos) e no qual é ídolo, Ferretti interrompeu o jornalista que faria a primeira pergunta.
“Há velhas? Maricas? O primeiro? Quem vai ser o primeiro maricas?”, questionou, com bom humor, mesmo seu time tendo levado uma sova de 3 a 0.
Sem que ninguém se manifestasse, concluiu, sorrindo, muito à vontade na sala de imprensa do Estádio Universitário, em San Nicolás de los Garza: “Puros machos, então?”.
Em desuso, “maricas” tem como sinônimos “gay” e “afeminado”, entre outros substantivos e adjetivos pejorativos.
O insólito ao ver a cena é a reação da plateia, certamente formada em sua maioria por homens heterossexuais. Ouviam-se risadas durante a fala de Ferretti, que é brasileiro (nasceu no Rio de Janeiro) e tem cidadania mexicana.
Y luego pretendemos erradicar gritos homofóbicos de nuestros estadios… ¡Lamentable! pic.twitter.com/kNnMidzSlu
— Marc Crosas (@marccrosas) November 8, 2021
Na minha interpretação, Ferretti, que está com 67 anos e vive no México há quase 45 anos, treinando equipes locais desde 1991, quis que mulheres (as mais velhas) e homossexuais tivessem prioridade nas perguntas.
Parecia ser uma brincadeira, uma piada. Só que há brincadeiras e piadas.
Atualmente, em um mundo que busca a igualdade entre os seres humanos –e é difícil conceber que há gente que não pensa assim, que se acha melhor ou superior aos outros, devido ao sexo, ao gênero, à raça, à condição financeira etc.–, esse tipo de brincadeira/piada não é tolerável.
Além de não politicamente correta, a atitude de Ferretti foi considerada homofóbica. No México, e em se tratando de futebol, isso é gravíssimo.
A seleção do país e também seus clubes têm recebido seguidas punições, seja no âmbito dos campeonatos nacionais, seja em competições internacionais, porque torcedores têm o hábito –que insistem em manter– de gritar “puto” quando o goleiro rival bate o tiro de meta.
Essa palavra, em uma das traduções, quer dizer “bicha”.
Trata-se de uma provocação ao adversário, tem o objetivo de tentar desconcentrá-lo e irritá-lo, porém o meio para isso é um termo discriminatório. Uma afronta aos homossexuais.
É possível interpretar que Ferretti quis ser extravagante (no sentido de surpreendente), porém o resultado foi a inconveniência.
Mais que isso, é perfeitamente possível inferir que o treinador tem aversão, mesmo que não confessa, a homossexuais, ou não teria dito o que disse.
Algo assim: se você é afeminado, pergunte antes, pois é como se você fosse mulher, e reza o cavalheirismo que “primeiro as damas”. No caso em questão, homofobia escancarada.
A atitude de Ferretti repercutiu muito mal –na mídia, nas redes sociais, na Federação Mexicana de Futebol–, e ele acabou punido com três jogos de suspensão mais multa pelos dirigentes da entidade.
Como o Juárez já encerrou sua participação no Torneio Apertura, ficando em 16º lugar entre 18 participantes, o treinador terá de cumprir a pena só em 2022.
E, como poder-se-ia imaginar, vieram as desculpas de Ferretti. Se sinceras ou não, impossível saber. Mas vieram.
“Reconheço que não foi apropriado. Terei mais cuidado com minhas piadas porque hoje em dia não são aceitáveis, pois as pessoas se ofendem. Não devo mais fazer comentários inadequados e peço desculpas a todas as pessoas que se ofenderam.”
Em tempo: Cabeça de torcedor é cabeça de um ser não pensante. Eu já fui, e não me cansava quando no estádio de ofender, junto com milhares ao meu redor, goleiro, jogador, treinador, massagista, roupeiro do time rival (árbitro, então, mais ainda), com os mais diversos e cabeludos palavrões, incluindo “bicha”. Eram os anos 1980, e eu era um adolescente que me tornava desmiolado ao virar torcedor. Parecia normal chamar de “bicha”, e hoje sei que o errado era os mais velhos deixarem parecer normal. Estamos nos anos 2020. Não parece mais normal usar “bicha”, e isso não tem relação com intolerância nem com liberdade de expressão. Isso se chama respeito.
]]>Ídolo do time catalão, ele chegou para substituir o holandês Ronald Koeman, astro do time em uma geração anterior, que fracassou no comando da equipe.
Aos 41 anos, Xavi é um dos técnicos da nova geração. O Barcelona será seu primeiro grande desafio, já que até agora treinou somente o Al-Sadd, do Qatar, a partir de 2019.
Potência financeira, tanto que abrigará a Copa do Mundo de 2022, o Qatar está muito longe se ser uma potência futebolística.
Foi no Al-Sadd que Xavi ficou nos quatro anos finais de sua carreira como jogador –deixou o Barça em 2015 e rumou para o Oriente Médio.
Xavi Hernández
❤️ Uma vida em azul-grená. pic.twitter.com/UOMyONg3cn
— FC Barcelona (@fcbarcelona_br) November 7, 2021
Na volta à Espanha, de cara o ex-meia –que quando na ativa destacou-se pela classe, pela criatividade, pelo ótimo passe e pela liderança, tendo também poder de marcação– passou o recado: com ele, o Barcelona não terá moleza no concernente ao trabalho e à disciplina.
Xavi, pelo discurso, implantará uma linha dura nos treinamentos, e até além deles, para que, em campo, o time desempenhe um estilo à la Johan Cruyff (1947-2016), holandês que ao dirigir o Barcelona tornou-o uma referência de futebol bem jogado a partir dos anos 1990.
Pelo que disse ao se apresentar, Xavi almeja que o Barcelona consiga triunfar na era pós-Messi –hoje no Paris Saint-Germain– praticando o “futebol total” da era Cruyff.
“A ideia é a mesma de Cruyff: meu primeiro defensor é o atacante, e meu primeiro atacante é o goleiro. Temos que trabalhar taticamente, pressionar alto [na defesa do adversário] e dominar a bola.”
Xavi mencionou Cruyff, que treinava o Barça quando ele começou a jogar nas categorias de base do clube, em 1991, aos 11 anos, porém a frase remete a um outro treinador muito conhecido.
Quem acompanha futebol sabe que esse modo de jogar, com amplo domínio da posse de bola e marcação intensa por pressão, tem sido executado, com boa dose de sucesso, há mais de uma década por Pep Guardiola, ex-Barcelona, ex-Bayern de Munique, atual Manchester City.
Guardiola, que foi jogador de Cruyff, treinou Xavi na equipe espanhola de 2008 a 2012.
Juntos, ganharam duas Champions League (Liga dos Campeões da Europa), dois Mundiais de Clubes, três Campeonatos Espanhóis e duas Copas do Rei.
Depois que Guardiola saiu, Xavi, campeão mundial com a Espanha em 2010, na África do Sul, ainda faturou com o Barça uma Champions, dois Espanhóis e uma Copa do Rei.
Coincidência ou não, após a saída de Xavi, na metade de 2015, apesar de continuar a demonstrar força dentro do país (três Espanhóis e quatro Copas do Rei), a equipe que veste azul e grená não mais chegou ao topo da Europa, o que incomoda demais, especialmente porque o maior rival, o Real Madrid, ganhou em 2016, 2017 e 2018.
Xavi assume um Barcelona oscilante, que registra resultados inesperados, sem confiança. Um time que tem apresentado um futebol comum, que não condiz com o que todos se acostumaram a ver.
Na temporada final do então camisa 6 no Barça (2014/15), a equipe, em 60 partidas, ganhou 50, empatou quatro e perdeu seis.
Foram 21 goleadas, incluindo um 8 a 0 no Córdoba e um 8 a 1 no Huesca, e três títulos: Champions, Espanhol e Copa do Rei.
Na temporada passada (2020/21), mesmo ainda com Messi, o time, em 55 jogos, ganhou 35, empatou nove e perdeu 11.
As vitórias por três ou mais gols de vantagem foram 16, um bom número, porém o que mais marcou foram reveses contundentes, em casa, diante de Real Madrid (3 a 1), Juventus (3 a 0) e PSG (4 a 1). Pior: título, um só, o da Copa do Rei.
Para mudar isso, Xavi tem sua fórmula: a da lei e da ordem. Com rédea curta.
“Primeiramente, é importante cumprirmos regras e sermos mais exigentes com nós mesmos”, declarou, dando a entender que é preciso organizar a casa, que estaria bastante bagunçada.
“Depois podemos falar de valores, de respeito e de atitude, porque, se não tivermos valores, não teremos um time.”
No Barcelona de Xavi, os jogadores terão de se apresentar para o treino uma hora e meia antes do início, para que não mais haja casos de atletas chegando às pressas para a sessão.
Todos tomarão café da manhã no CT do clube e, algumas vezes, almoçarão lá.
Será instaurado um “toque de recolher” para os jogadores nos dias anteriores às partidas. Em hora determinada, cada um terá de estar em sua casa.
Uma outra mudança de hábito imposta aos atletas, heterodoxa, é a proibição da prática de atividades consideradas perigosas, como esportes radicais, nas horas vagas ou folgas.
Por fim, voltarão as multas, abolidas pelo treinador Ernesto Valverde (2017-2020), para quem descumprir as regras.
Mesmo com tanta rigidez e seriedade, parece tarefa hercúlea reerguer esse Barcelona, que amarga a nona posição no Espanhol e vivencia um “vai não vai” na Champions (duas vitórias e duas derrotas na fase de grupos).
Parece faltar ao Barcelona mais do que vontade, dedicação e disciplina.
Parece faltar talento, parece faltar energia.
Em 2015, o time que ganhou a Champions tinha, além de Messi e Xavi, Iniesta, Suárez, Neymar, Rakitic, Piqué, Jordi Alba, Mascherano, Busquets, Ter Stegen. Todos jovens e/ou em exímia forma.
Hoje, Piqué, Busquets, Alba e Ter Stegen ainda estão lá. Os três primeiros têm 34, 33 e 32 anos, respetivamente, e a capacidade física de cada um caiu, é natural. O goleiro, com 29, convive com um joelho não confiável.
De positivo, Xavi pode contar com uma dupla de holandeses muito boa, o volante Frenkie de Jong e o atacante Memphis Depay.
Junto a eles, nomes como Mingueza, Eric García, Ansu Fati, Dest, Araújo, Pedri e Gavi, jovens que têm que melhorar e/ou evoluir muito para se mostrarem confiáveis.
Do elenco também faz parte, ainda, pois ele deve sair na próxima janela de transferências, um tíbio Philippe Coutinho, uma sombra do meia-atacante que chegou à Copa de 2018, na Rússia, como destaque da seleção brasileira.
E ainda há o centroavante argentino Agüero, que veio do Manchester City e é presença constante na enfermaria faz um par de anos.
É possível melhorar esse Barcelona? Sim. É crível que esse elenco possa ser campeão europeu, ou mesmo espanhol? Não.
Apelidado de Mestre quando jogador, Xavi precisará executar várias jogadas de mestre para fazer esse Barcelona dar certo.
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