Champions League consagra uma promessa teen e elimina outra

Erling Braut Haaland. Nascido na Inglaterra. Cidadania: norueguesa. Idade: 19. Clube: Salzburg (Áustria). Posição: centroavante. Camisa: 30. Canhoto.

Anssumane “Ansu” Fati. Nascido na Guiné-Bissau (África Ocidental). Cidadania: espanhola. Idade: 17. Clube: Barcelona. Posição: ponteiro. Camisa: 31. Destro.

Na abertura da rodada desta semana da Liga dos Campeões da Europa, que definirá todos os classificados para os mata-matas de oitavas de final, esses dois teenagers foram os personagens.

Um deles, o menos comentado, por um feito alcançado; o outro, faladíssimo há três meses, por ter ficado pelo caminho.

Esperava-se que esta terça (10) pudesse ser o dia (mais um) do branco, loiro e grandalhão (1,94 m) Haaland.

Com ele no comando do ataque, o Salzburg tinha a chance de, obtendo a vitória, se classificar e ainda eliminar o rival, o fortíssimo Liverpool, atual campeão da Champions League.

E com o time austríaco atuando em seu estádio, a Red Bull Arena, tomada por quase 30 mil torcedores, o ambiente era mais que propício para que a estrela de Haaland voltasse a brilhar.

Ele entrou em campo como o vice-artilheiro desta Champions, com oito gols –Lewandowski, do Bayern de Munique, tem dez.

Marcara em todas as cinco partidas até então disputadas, sendo que na de estreia, em setembro, balançou as redes três vezes, tornando-se o terceiro mais jovem jogador a conseguir um hat-trick (três gols em um mesmo jogo) no afamado interclubes.

Mais novos que ele somente dois grandes ídolos de dois clubes gigantes: Raúl, do Real Madrid, e Rooney, do Manchester United – ambos registraram seus hat-tricks aos 18 anos.

As recentes atuações de Haaland o elevaram ao patamar de promessa muito próxima de se tornar realidade, e rumores indicam que na janela de transferências de janeiro ele será negociado com os Diabos Vermelhos.

O site especializado Transfermarkt aponta que seu valor de mercado é hoje de 30 milhões (R$ 138 milhões).

Não se pode afirmar que o interesse do Man United venha a diminuir, porém Haaland, na partida que poderia torná-lo realmente notório, naufragou.

Haaland durante a partida em que passou em branco e seu time, o Salzburg, foi eliminado da Liga dos Campeões da Europa ao perder por 2 a 0 do Liverpool (John Sibley – 10.dez.2019/Reuters)

Pouco se movimentou, pouco pegou na bola, pouco tentou o gol (uma finalização para fora, outra defendida por Alisson). Sua inoperância no segundo tempo, quando o Liverpool já vencia por 2 a 0, resultou em sua substituição, aos 30 minutos.

Resultado: Haaland apagado e frustrado, Salzburg derrotado e eliminado.

Azeda com o artilheiro norueguês, a terça então mirou um negro ágil, hábil e não tão alto (1,78 m) se a comparação for com Haaland.

Já classificado previamente, o Barcelona levou a Milão uma equipe mista –Messi e Piqué nem viajaram à Itália.

Nem assim Fati começou jogando. Esperado, aliás. Alçado à equipe adulta para esta temporada, seu currículo continha, por ora, só dois gols e 11 partidas.

O atacante viu do banco o Barça sair na frente e levar o empate. Para a Inter, era um duelo decisivo –precisava ganhar para não depender do resultado de Borussia Dortmund x Slavia Praga.

Fati viu também entrarem em campo, antes dele, o uruguaio Suárez e o holandês De Jong, talentos da velha e da nova geração.

Restava uma substituição, e aos 40 minutos do segundo tempo o treinador Ernesto Valverde decidiu utilizá-la com Fati, que entrou no lugar de Carles Pérez, quatro anos mais velho, cria como ele das categorias de base do clube catalão e autor do gol do time.

Um minuto e meio, aproximadamente. Foi o tempo que Fati demorou para fazer dele a terça que, imaginava-se, seria de Haaland.

Recebeu passe de Vidal perto da meia-lua, tabelou com Suárez e, antes da chegada viril do zagueiro Skriniar, chutou da entrada da área. A bola quicou duas vezes, resvalou na trave e… gol.

Clique e veja os gols de Inter 1 x 2 Barcelona, incluindo o de Fati (Reprodução/Site da Uefa)

Fati entrava ali para a história.

Passou a ser, aos 17 anos e 40 dias, o mais jovem futebolista a fazer um gol na era moderna da Champions League, iniciada em 1992.

O recordista anterior era Peter Ofori-Quaye, que anotou para o grego Olympiacos, em 1997, com 17 anos e 194 dias.

Quando a competição, que existe desde 1955, ainda se chamava Copa Europeia, o polonês Włodzimierz Lubański marcou um gol pelo Górnik Zabrze, em 1963, com 16 anos e 258 dias de vida.

Depois do jogo, com a Inter eliminada, Fati declarou, parecendo ainda descrente: “Quando marquei, fiquei surpreso porque todo o estádio ficou em silêncio. Pensei: ‘O que foi que eu fiz?’.

Fez um belo gol.

Eram quase 72 mil torcedores no estádio Giuseppe Meazza.

Testemunhas de mais um grande momento do esporte.

Testemunhas do dia em que Fati se apresentou ao planeta bola.