O Mundo é uma Bola https://omundoeumabola.blogfolha.uol.com.br Thu, 13 Jan 2022 14:51:57 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 A maior zebra da história da Liga dos Campeões da Europa https://omundoeumabola.blogfolha.uol.com.br/2021/09/29/a-maior-zebra-da-historia-da-liga-dos-campeoes-da-europa/ https://omundoeumabola.blogfolha.uol.com.br/2021/09/29/a-maior-zebra-da-historia-da-liga-dos-campeoes-da-europa/#respond Wed, 29 Sep 2021 08:15:17 +0000 https://omundoeumabola.blogfolha.uol.com.br/files/2021/09/Sheriff-1-320x213.png https://omundoeumabola.blogfolha.uol.com.br/?p=22352 Nem o mais pessimista torcedor do Real Madrid poderia imaginar o que estaria por acontecer na noite da terça-feira, 28 de setembro, na capital espanhola.

No estádio Santiago Bernabéu, o todo-poderoso time merengue notabilizou-se de forma desmesurada ao perder para o Sheriff Tiraspol, da Moldova, um calouro na fase de grupos da Liga dos Campeões da Europa.

O resultado pode ser considerado a maior zebra dos 66 anos de disputa do principal interclubes europeu, chamado a partir de 1992 de Champions League e que antes era European Cup (Copa Europeia).

Houve outros resultados imprevistos na competição, que é realizada desde 1956? Sim. Mas nenhum da magnitude de Real Madrid 1 x 2 Sheriff.

Feita uma pesquisa, ano a ano, pode-se concluir que as maiores surpresas na Copa Europeia, que confrontava as equipes em jogos eliminatórios de ida e volta, foram:

  • a queda do então hexacampeão Real Madrid diante do belga Brugge, nas oitavas de final da edição 1976-77 (0 a 0 na Espanha, 0 a 2 na Bélgica);
  • a queda desse mesmo Real Madrid ante o suíço Grasshopper, nas oitavas de final da edição 1978-79 (3 a 1 na Espanha, 0 a 2 na Suíça, sendo o critério de desempate o gol fora de casa);
  • a queda do então bicampeão Liverpool diante do georgiano Dinamo Tbilisi, estreante na competição, no mata-mata inicial da edição 1979-80 (2 a 1 na Inglaterra, 0 a 3 na Geórgia, então uma república soviética);
  • a queda da Inter de Milão, então campeã nacional, ante o sueco Malmö no mata-mata inicial da edição 1989-1990 (0 a 1 na Suécia, 1 a 1 na Itália).

Todas essas eliminações não eram esperadas, os triunfos dos azarões causaram espanto, porém o único embaraço de primeiríssima linha foi o do Liverpool.

O Real Madrid caiu com derrota fora de casa nas duas vezes, e a Inter perdeu pelo placar mínimo como visitante na ida e empatou o duelo de volta.

Na fase moderna da Liga dos Campeões, coube ao Barcelona, maior rival do Real Madrid, o papel de principal vítima de um azarão. Duas vezes.

  • A primeira em 1992. Oitavas de final. Sob o comando do lendário Johan Cruyff (1947-2016), o Barça empatou por 1 a 1 com o russo CSKA, em Moscou. Na Espanha, depois de estar vencendo por 2 a 0, levou três gols, dois no segundo tempo, e sucumbiu.
  • A segunda em 2009. Fase de grupos. No Camp Nou, com Messi titular, o Barça de Pep Guardiola recebia o estreante russo Rubin Kazan. Saiu atrás (Ryazantsev), empatou com Ibrahimovic, porém tomou mais um gol (Karadeniz) e sucumbiu. O revés não impediu que o time catalão avançasse –o Rubin não se classificou.

Outro resultado inesperado que se tornou famoso data de 2012, quando, nas oitavas de final, o APOEL, do Chipre, em seus domínios, eliminou nos pênaltis o francês Lyon.

Dessa lista de desfechos tremendamente improváveis, por que a derrota do Real Madrid para o Sheriff é a maior de todas as zebras, superando Dinamo Tbilisi 3 x 0 Liverpool e Barcelona 1 x 2 Rubin Kazan?

Porque, além de atuar em casa (o Liverpool perdeu fora), o Real é disparado o maior vencedor da Liga dos Campeões da Europa (13 troféus; o Liverpool tem seis, e o Barcelona, cinco), ou seja, é mais que todos “o” time a ser batido.

E porque o Sheriff é de um país, a Moldova (ex-república soviética), que está na periferia da bola (jamais ficou perto de se classificar para Copa do Mundo ou Eurocopa), ocupando a 180ª posição (de 210) no ranking da Fifa –está logo atrás de “potências” como Montserrat, Camboja e Cuba.

Como não bastasse, o gol da vitória do Sheriff (que marcou primeiro, com Yakhshiboev, tendo Benzema, de pênalti, empatado) saiu perto do fim, aos 44 minutos do segundo tempo, em um dos ataques esporádicos do azarão.

E foi marcado por um jogador de um país sem nenhuma expressão no futebol. O volante Sébastien Thill, que ganhou fama repentina ao acertar de canhota o ângulo do goleiro Courtois, é nascido em Luxemburgo.

Thill, assim como o goleiro grego Athanasiadis, que fez dez defesas na partida, calaram o Santiago Bernabéu e astros do Real Madrid como Modric, Kroos e Vinicius Júnior, além do vitorioso treinador Carlo Ancelotti.

Em silêncio, 24,5 mil torcedores (30% da capacidade do estádio, devido às restrições da pandemia de Covid) presenciaram a zebra zurrar alto como jamais se ouviu na Liga dos Campeões da Europa.

O goleiro grego Athanasiadis, que fez defesas importantes, e o compatriota Kolovos festejam no gramado do Santiago Bernabéu a histórica vitória do Sheriff sobre o Real Madrid (Javier Soriano – 28.set.2021/AFP)

Em tempo: Sete brasileiros participaram do histórico jogo em Madri. Pelo Real, os selecionáveis Éder Militão, Casemiro, Vini Jr. e Rodrygo. Pelo Sheriff, Cristiano (que fez o cruzamento no primeiro gol), Fernando Costanza (ex-Botafogo) e Bruno Souza.

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Em evidência, Richarlison está fora da principal vitrine europeia https://omundoeumabola.blogfolha.uol.com.br/2021/09/14/em-evidencia-richarlison-esta-fora-da-principal-vitrine-europeia/ https://omundoeumabola.blogfolha.uol.com.br/2021/09/14/em-evidencia-richarlison-esta-fora-da-principal-vitrine-europeia/#respond Tue, 14 Sep 2021 07:15:56 +0000 https://omundoeumabola.blogfolha.uol.com.br/files/2021/09/Richarlison-320x213.png https://omundoeumabola.blogfolha.uol.com.br/?p=22224 Quão frustrante deve ser para um jogador titular de uma das melhores seleções do mundo, no caso a brasileira, e que vive fase eminente em sua carreira, se ver fora do principal interclubes do planeta?

Essa é a situação vivida pelo atacante Richarlison.

Campeão da Copa América em 2019 e vice da mesma competição neste ano, ele é cada vez mais figura cativa, entre os que começam as partidas, na seleção brasileira de Tite.

No mês passado, com cinco gols em seis jogos, e vestindo a camisa 10, foi um dos protagonistas da campanha do ouro da seleção olímpica nos Jogos de Tóquio.

Certamente a ampla maioria dos treinadores, se tivesse a chance de escolher, não deixaria Richarlison fora de seu 11 inicial atualmente.

O problema é que o clube que ele defende, o inglês Everton, tem limitações que o tornaram incapaz, até agora, de se inserir na maior vitrine da Europa, a Champions League.

A fase de grupos da Champions começa nesta terça-feira (14), e o time sediado em Liverpool não está entre os 32 que a disputam.

Liga dos Campeões que, já faz tempo, não reúne apenas com os atuais campeões nacionais europeus. Da Inglaterra, por exemplo, participam desta edição os dois Manchester (City e United), o Chelsea (atual campeão) e o Liverpool, rival local do Everton.

O time que tem em Richarlison uma de suas esperanças de gols, com a décima colocação no Campeonato Inglês de 2020/21, ficou fora não apenas da Champions mas dos outros dois campeonatos organizados pela Uefa, a entidade que rege o futebol na Europa.

Nem para a Liga Europa nem para a recém-criada Liga Conferência o Everton conseguiu se classificar –era necessário acabar a Premier League entre os sete primeiros para obter vaga em um torneio continental.

Richarlison, destaque da seleção brasileira nos Jogos Olímpicos de Tóquio, morde a medalha de ouro (Tiziana Fabi – 7.ago.2021/AFP)

Desse modo, Richarlison, que soma quase 40 partidas com a camisa da seleção brasileira (incluindo jogos da equipe principal e da olímpica, sem contar os nas categorias de base), jamais atuou em uma partida internacional na Europa vestindo a camisa de um clube, mesmo estando na sua quinta temporada lá.

Antes de ser contratado pelo Everton em 2018, o forte, raçudo e hábil atacante –às vezes meio esquentado– jogou um ano pelo também inglês Watford.

Assim, enquanto estrelas como Neymar, Alisson, Gabriel Jesus, Marquinhos, Casemiro, Thiago Silva, entre outros colegas de seleção, e mesmo compatriotas não badalados como Fernando Costanza (Sheriff, da Moldova), Vitão (Shakhtar, da Ucrânia) e Wendel (Zenit, da Rússia) desfilarão seu futebol pelos gramados da Champions, Richarlison estará treinando ou no sofá.

O treinamento pode até ajudar a esquecer a frustração. Mas, caso se sente diante da TV e passe a acompanhar partidas da competição, o sentimento de desencanto e de desgosto aflorará.

Passará vontade, pois ele sabe que tem futebol para atuar na maior competição europeia. Uma vontade que perdurará pelo menos por mais 12 meses.

*

Em tempo: Richarlison só não tem traço em seu currículo em campeonatos internacionais por clubes porque quando defendia o Fluminense participou de quatro jogos da Copa Sul-Americana de 2017, nos quais anotou dois gols.

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Vitória na Champions faz técnico do Chelsea pirar na comemoração https://omundoeumabola.blogfolha.uol.com.br/2021/05/30/vitoria-na-champions-faz-tecnico-do-chelsea-pirar-na-comemoracao/ https://omundoeumabola.blogfolha.uol.com.br/2021/05/30/vitoria-na-champions-faz-tecnico-do-chelsea-pirar-na-comemoracao/#respond Sun, 30 May 2021 07:35:23 +0000 https://omundoeumabola.blogfolha.uol.com.br/files/2021/05/Tuchel-1-320x213.png https://omundoeumabola.blogfolha.uol.com.br/?p=21460 O futebol, como a vida, dá muitas voltas. E às vezes uma dessas voltas pode ocorrer bem rapidamente, configurando-se em uma reviravolta.

Thomas Tuchel é um exemplo disso.

O treinador alemão, nove meses atrás, conhecia o amargor de ser derrotado na decisão da Champions League.

O seu Paris Saint-Germain, com Neymar à frente, falhou na decisão diante do Bayern, em Lisboa, e ficou com o vice-campeonato.

Muitos afirmam que o segundo colocado é o primeiro dos últimos, um evidente exagero, por mais que a sensação da derrota em uma final seja péssima.

Tuchel sentiu o baque. Tentou prosseguir no comando do PSG, porém a diretoria optou por trocá-lo no final do ano passado por Mauricio Pochettino.

O alemão não ficou, contudo, muito tempo desempregado.

No fim de janeiro, desembarcou em Londres para substituir no Chelsea Frank Lampard, um dos maiores ídolos da história do clube, mas que não conseguia fazer o time ser convincente. A instabilidade era constante.

Tuchel, em pouco tempo, estabilizou a equipe. Como? Não deve ser só isso, porém, taticamente, o Chelsea passou a atuar com três zagueiros, e não mais dois. Funcionou rápido, e bem demais.

O resultado saltou aos olhos. Catorze jogos de invencibilidade, com dez vitórias e quatro empates, e somente dois gols sofridos.

Depois, vieram mais 16 partidas, incluindo a deste sábado (29), e a defesa, com exceção de uma pane diante do West Brom (derrota por 5 a 2), manteve-se sólida, não sendo vazada em sete delas e levando mais que um gol em apenas uma (2 a 1 para o Aston Villa).

Foi amparado nessa solidez que Tuchel regressou a Portugal, desta vez na cidade do Porto, para, em nova decisão da Champions League, e de novo como azarão, ver seus atletas impedirem o fortíssimo ataque do Manchester City de marcar.

Nos 52 jogos anteriores, todos na temporada 2020/21, o superofensivo Man City de Pep Guardiola só passara em branco em quatro.

O feito do Chelsea, que ganhou por 1 a 0, gol do jovem talento Havertz, alemão como o chefe, fez Tuchel, geralmente comedido, comemorar de forma efusiva e intensa.

No vestiário do estádio do Dragão, na celebração dos Blues (Azuis), ele “incorporou” um piloto de F1 ao estourar um champanhe no pódio depois de ganhar uma corrida.

Isso feito, avançou em disparada para juntar-se ao bolo de jogadores, espirrando a bebida doce neles e ao mesmo tempo rodopiando e saltitando, ensandecido de alegria, para delírio, em especial, de Anjorin (número 55), James (24) e Mount (19).

Descomportado, ensandecido, Tuchel até tirou os tênis, entregando-os aos jogadores, que os ergueram como troféus –o não menos animado Giroud até deu com um deles, de leve, na cabeça do técnico.

Tuchel teve aos 47 anos seu momento de maior júbilo na carreira iniciada em meados dos anos 2000.

E, por 22 segundos, deu uma pirada. Extravasou em cada um deles, sem medo, sem freio, sem vergonha.

Uma cena deliciosa, lúdica, que fica para a história dos campeões de 2021 da Champions League.

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Champions teve 7 finais entre times do mesmo país; saiba quem ganhou https://omundoeumabola.blogfolha.uol.com.br/2021/05/29/champions-teve-7-finais-entre-times-do-mesmo-pais-saiba-quem-ganhou/ https://omundoeumabola.blogfolha.uol.com.br/2021/05/29/champions-teve-7-finais-entre-times-do-mesmo-pais-saiba-quem-ganhou/#respond Sat, 29 May 2021 06:35:20 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg https://omundoeumabola.blogfolha.uol.com.br/?p=21448 Com os ingleses Chelsea e Manchester City, a Liga dos Campeões da Europa terá pela oitava vez um decisão entre clubes do mesmo país.

A primeira delas aconteceu em 2000, quando o Real Madrid superou o Valencia por 3 a 0. Equipes espanholas duelariam na final do mais badalado interclubes do planeta outras duas vezes, em 2014 e em 2016.

Esta será a terceira ocasião, depois de 2008 e de 2019, em que times da terra da rainha medem forças no jogo decisivo da Champions League.

Houve ainda uma final entre clubes italianos, em 2003, e uma opondo clubes alemães, em 2013.

É válido ressaltar que, apesar de a Champions ser disputada desde a temporada 1955/56, decisões entre conterrâneos só puderam ter chance de ocorrer a partir da edição de 1996/1997.

Antes disso, o formato não permitia, pois um único clube de cada país –o campeão da liga nacional– tinha direito de participar da competição continental.

Você se lembra dessas finais que tiveram times do mesmo país? Onde elas aconteceram? Quem ganhou? Qual o placar? Quem fez os gols?

A seguir, cada uma delas (três das sete foram para os pênaltis).

  • 2000: Real Madrid 3 x 0 Valencia. Local: Stade de France (Saint-Denis). Público: 80 mil. Gols: Morientes, McManaman e Raúl.
  • 2003: Milan 0 x 0 Juventus. Local: Old Trafford (Manchester). Público: 62.315. O Milan venceu nos pênaltis por 3 a 2. Converteram para o Milan Serginho, Nesta e Shevchenko, e para a Juventus, Birindelli e Del Piero. Erraram pelo Milan Seedorf e Kaladze, e pela Juventus, Trezeguet, Zalayeta e Montero.
  • 2008: Manchester United 1 x 1 Chelsea. Local: estádio Luzhniki (Moscou). Público: 67.310. Gols: Cristiano Ronaldo (MU) e Lampard (C). O Man United ganhou nos pênaltis por 6 a 5. Fizeram para os campeões Tevez, Carrick, Hargreaves, Nani, Anderson e Giggs, e para os vices, Ballack, Belletti, Lampard, Ashley Cole e Kalou. Desperdiçaram Cristiano Ronaldo (MU), Terry e Anelka (C).
  • 2013: Bayern de Munique 2 x 1 Borussia Dortmund. Local: Wembley (Londres). Público: 82.298. Gols: Mandzukic e Robben (BM); Gundogan (BD).
  • 2014: Real Madrid 4 x 1 Atlético de Madrid (na prorrogação, depois de 1 a 1 no tempo normal). Local: Estádio da Luz (Lisboa). Público: 60.976. Gols: Sergio Ramos, Bale, Marcelo e Cristiano Ronaldo (RM); Godín (AM).
  • 2016: Real Madrid 1 x 1 Atlético de Madrid. Local: San Siro (Milão). Público: 71.942. Gols: Sergio Ramos (RM) e Carrasco (AM). O Real Madrid venceu nos pênaltis por 5 a 3. Lucas Vásquez, Marcelo, Bale, Sergio Ramos e Cristiano Ronaldo fizeram para o Real, e Griezmann, Gabi e Saúl, para o Atlético. Juanfran não converteu para os vice-campeões.
  • 2019: Liverpool 2 x 0 Tottenham. Local: Wanda Metropolitano (Madri). Público. 63.272. Gols: Salah e Origi.

Nota-se que o Real Madrid foi implacável, com 100% de êxito. Já o Chelsea, finalista neste sábado (29), caiu no embate caseiro ante os Diabos Vermelhos.

O alemão Gundogan, autor do gol do Borussia Dortmund em 2013, defende hoje o Manchester City.

O lateral esquerdo Marcelo, do Real Madrid, foi o principal personagem brasileiro nessas partidas, fazendo um gol na prorrogação, em 2014, e outro na disputa de penalidades máximas, em 2016.

Outros três brasileiros deixaram sua marca nas cobranças de pênaltis: o lateral-esquerdo Serginho (Milan), em 2003, o lateral direito Belletti (Chelsea) e o volante Anderson (Man United), ambos em 2008.

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Cacoetes de narrador https://omundoeumabola.blogfolha.uol.com.br/2021/05/01/cacoetes-de-narrador/ https://omundoeumabola.blogfolha.uol.com.br/2021/05/01/cacoetes-de-narrador/#respond Sat, 01 May 2021 15:00:21 +0000 https://omundoeumabola.blogfolha.uol.com.br/files/2021/05/Henning-1-1-320x213.jpg https://omundoeumabola.blogfolha.uol.com.br/?p=21411 Neymar não conseguiu jogar seu melhor futebol contra o Manchester City na derrota do Paris Saint-Germain por 2 a 1, na quarta (28), na França, que complicou a vida do seu time nas semifinais da Champions League.

Não pude ver o jogo na íntegra e fui buscá-lo na internet, a fim de analisar melhor o desempenho do camisa 10 e das duas equipes envolvidas.

Ao tentar assistir à versão brasileira, deparei-me não com as imagens da partida exibida pela TNT. A câmera ficava fixa no locutor; no caso, André Henning.

Ok, pensei, certamente será uma experiência diferente, quiçá inédita para um jornalista, acompanhar a partida desse jeito. Estilo rádio, mas com o narrador na tela, dentro do estúdio.

Fiquei imaginando se Henning demonstraria cansaço, ou falta de fôlego, se pigarrearia ou teria sede. Se suaria, se deixaria o microfone cair, se ocorreria qualquer cena surpreendente.

Pois bem. Afora a sede (Henning bebeu líquido, que suponho tenha sido água, de uma garrafa rubro-negra), nada de espetacular ou pitoresco aconteceu.

Porém pude descobrir que Henning, nos momentos de intervenção do comentarista (Vitor Sérgio Rodrigues) ou da repórter (Isabela Palhares), evidenciou uma série de tiques.

Aparentemente involuntariamente, fez movimentos corporais que eu jamais imaginaria que fizesse no decorrer da narração.

Um deles saltou muito à vista. A procura pelo nariz foi constante.

Na soma do primeiro e do segundo tempo, Henning levou uma das mãos ao órgão responsável pelo olfato pelo menos 32 vezes (15 no primeiro tempo, 17 no segundo). Talvez tenham sido mais, essas foram as que contabilizei.

Henning leva a mão ao nariz a 1min15s de PSG x Manchester City; ele repetiria o gesto ao menos 31 vezes nessa partida (Reprodução/TNT Sports Brasil no YouTube)

Esse ato, o de tocar ou coçar o nariz, superou por boa margem outros, como:

  • mexer na boca (lábios);
  • fungar;
  • ajustar o fone de ouvido;
  • arrumar os óculos;
  • acomodar-se melhor na cadeira;
  • gesticular com uma das mãos;
  • fazer caretas;
  • mexer no olho;
  • dar risada;
  • falar com a produção pelo microfone acoplado ao fone;
  • mexer o pescoço;
  • anotar os cartões aplicados pela arbitragem e as substituições feitas;
  • hidratar-se;
  • coçar a careca;
  • mexer no queixo;
  • desviar o olhar da tela para ler um anúncio da programação ou passar dados relacionados à partida.

Henning não precisa, contudo, envergonhar-se de suas mãos procurarem insistentemente o nariz.

A atitude repetitiva não soou mal-educada, pois ele jamais teve a intenção de limpar os orifícios. Eram toques sutis, de um segundo de duração, algo muito provavelmente instintivo.

Henning talvez nem saiba que tem esse cacoete e só terá essa informação caso leia este texto ou caso alguém que o leia notifique-o.

Ademais, uma narração muito boa. Precisa, sem erros, informativa, com alternância constante com o comentarista.

Eu, que anos atrás critiquei o estilo de Henning, hoje devo elogiá-lo. Ele mudou para melhor? Ou eu que me tornei mais tolerante, menos exigente e/ou mais acostumado ao seu estilo meio espalhafatoso? Sim e sim.

Ainda sobre acompanhar uma partida olhando só para o locutor, decidi fazer o mesmo com Real Madrid x Chelsea, a outra semifinal da Liga dos Campeões da Europa, aos cuidados de Jorge Iggor.

Queria saber se a busca pelo nariz era exclusiva de seu colega Henning.

No mesmo estúdio, na mesma cadeira, na mesma posição, só que 24 horas antes… Iggor mostrou ter o mesmo cacoete!

Jorge Iggor narrou na TNT Real Madrid 1 x 1 Chelsea, jogo de ida de uma das semifinais da Liga dos Campeões da Europa (Reprodução/TNT Sports Brasil no YouTube)

Terá, entretanto, de se contentar em ser vice-campeão no quesito, já que levou uma das mãos ao nariz “somente” 20 vezes, somados primeiro e segundo tempo.

De diferente de Henning, Iggor pode se gabar de ter tocado o nariz com o mindinho, sem dúvida um diferencial.

De ter coçado a orelha, a bochecha e a barba rala, coisa que o companheiro de profissão não poderia fazer por ser imberbe.

E de não ter sede –nada bebeu no período da narração–, se é que essa seja uma razão para enaltecimento.

Outra distinção entre eles foi no grito de gol. Henning, cuja duração do ato é mais extensa, o fez olhando para o alto, demonstrando mais intensidade e emoção do que Iggor.

Deixei o elogio a Henning, deixo a Iggor. Narração igualmente de alta qualidade, sem dever nada à de gente mais famosa de emissoras de renome maior.

Perdoe-me, leitor, se você considerou este texto uma cultura inútil, mas creio que vale pela bisbilhotice –certamente você nunca leu nada parecido.

Lamento apenas deixar sem resposta uma questão que talvez jamais seja respondida: será que Galvão Bueno, o mais famoso locutor esportivo do Brasil, tem tiques durante suas narrações?

*

Em tempo: O blog para por algumas semanas. Continue a acompanhar o noticiário esportivo no site da Folha.

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Com Superliga, Clube dos 12 racha Europa e ceifa sonho dos ‘zés-ninguém’ https://omundoeumabola.blogfolha.uol.com.br/2021/04/20/com-superliga-clube-dos-12-racha-europa-e-ceifa-sonho-dos-zes-ninguem/ https://omundoeumabola.blogfolha.uol.com.br/2021/04/20/com-superliga-clube-dos-12-racha-europa-e-ceifa-sonho-dos-zes-ninguem/#respond Tue, 20 Apr 2021 07:44:22 +0000 https://omundoeumabola.blogfolha.uol.com.br/files/2021/04/Superliga-1-320x213.png https://omundoeumabola.blogfolha.uol.com.br/?p=21356 É a notícia do ano no futebol.

Estamos em abril ainda, e não sou profeta para prever o que ocorrerá de agora a dezembro, mas o anúncio da criação da Superliga europeia de clubes, no domingo (18), tem um impacto difícil de ser superado.

O futebol europeu rachou, e instaurou-se um cabo de guerra, com 12 dos mais poderosos clubes do velho continente (os ingleses Manchester United, Manchester City, Liverpool, Chelsea, Tottenham e Arsenal, os espanhóis Barcelona, Real Madrid e Atlético de Madrid, e os italianos Juventus, Milan e Inter de Milão) de um lado e todo o resto da Europa do outro.

Ao leitor que não teve conhecimento do fato eis um resumo: essa dúzia de agremiações, que chamarei de Clube dos 12, em uma espécie de movimento separatista, decidiu criar um novo campeonato, gerenciado por elas mesmas, que terá ainda, de acordo com o divulgado, mais oito clubes.

Desses 20, 15 serão fixos –três não foram anunciados–, sem risco de rebaixamento, e os outros cinco, que podem mudar a cada ano, escolhidos por critérios a serem estipulados pelos membros fundadores.

Dessa competição, com a nata das equipes da Europa, passaria a sair o campeão europeu, e não mais da badaladíssima, popularíssima, consagradíssima e tradicionalíssima Champions League, disputada desde 1955, tendo sido o Real Madrid seu primeiro vencedor.

Logicamente a Uefa, entidade máxima do futebol europeu e organizadora da Liga dos Campeões, posicionou-se contra.

Seu presidente, o esloveno Aleksander Ceferin, desferiu ataques ferozes aos dissidentes, chamando-os de “cobras” que “cuspiram na cara de todos os amantes do futebol” ao apresentar um projeto “alimentado acima de tudo pela ganância”.

A revolta de Ceferin baseia-se no que ele apontou como traição de dirigentes como Ed Woodward e Andrea Agnelli, de Manchester United e Juventus, respectivamente.

“Nunca vi uma pessoa que mentisse tantas vezes, com tanta persistência”, afirmou, em referência a Agnelli. “Falei com ele no sábado, e ele disse que havia apenas rumores [acerca da criação de uma Superliga], nada acontecendo. A ganância é tão forte que todos os valores humanos se evaporam.”

O presidente da Uefa, Aleksander Ceferin, durante entrevista na qual abordou a criação da Superliga de clubes (Richard Juilliart – 19.abr.2021/Uefa/AFP)

Ceferin tem sua razão, que deve se mesclar com sua preocupação. O negócio gira basicamente em torno de (muito) dinheiro. Se a Superliga vinga, a Uefa perde sua galinha dos ovos de ouro.

São dezenas de contratos de TV e patrocinadores de diversos países, em todos os continentes, que rendem milhões de dólares anualmente à federação.

(É válido ressaltar que parte dos ganhos é destinada pela Uefa a desenvolver o futebol em praças com parcos recursos, algo que não mais ocorreria, em tese, se o montante migrasse para a Superliga.)

E o temor de Ceferin certamente é tão grande quanto sua revolta.

Afinal, se você é dono de uma emissora de TV e quer audiência, prefere ter na sua grade, em toda rodada, duelos como Real Madrid x Juventus e Liverpool x Manchester United, ou outros como Sevilla x Atalanta e Leicester x Lazio?

Pela vontade do Clube dos 12, esses acordos comerciais serão desfeitos, e refeitos com eles como beneficiários, isso se juridicamente não houver inviabilidade, já que a Uefa tem acertos contratuais até 2024 para a exibição da Champions League.

Aliás, se há uma certeza nisso, a menos que ocorra uma improvável reviravolta e os inimigos se entendam, é que os tribunais serão acionados, cedo ou tarde.

Se há outra certeza, caso a Superliga seja mesmo levada adiante –e seus fundadores dificilmente voltarão atrás, primordialmente pelo dinheiro, mas também com a premissa de que, antipática em um primeiro momento, a ideia dará certo e será celebrada futuramente–, é que o sonho dos pequenos de fazer parte da elite europeia, mesmo que uma vez a cada, digamos, dez anos, ruirá.

Na Champions atualmente em disputa, cujas semifinais são Real Madrid x Chelsea e Manchester City x Paris Saint-Germain, avançaram à fase de grupos, por exemplo, o húngaro Ferencváros e o dinamarquês Midtjylland.

Campeões nacionais em seus países, encararam, respectivamente, três e dois mata-matas duríssimos (o último deles em jogos de ida e volta) antes de chegar à etapa em que podem duelar com os gigantes continentais.

O Ferencváros pôde enfrentar Barcelona e Juventus, duas vezes cada um, e o Midtjylland desafiou, também duas vezes, Ajax e Liverpool.

Jogadores do Ferencváros, da Hungria, reúnem-se antes do início de partida contra a Juventus pela Champions League, em Turim (Miguel Medina – 20.nov.2020/AFP)

A diferença dos jogadores, na capacidade individual, é enorme, mas uma das graças do futebol é a possibilidade de a zebra, em um dia de felicidade coletiva, aprontar.

Não é comum, mas acontece, e eu me delicio quando um endinheirado do futebol, “um Warren Buffet”, é surpreendido por “um zé-ninguém” –possivelmente devido à tendência do ser humano (originada talvez em Davi x Golias) de apoiar o mais fraco.

Com a Superliga, os Davis seriam devidamente extintos; afinal, devem pensar os poderosos cartolas do Clube dos 12, para que nos juntarmos a esses “pobretões” se podemos nos misturar somente com os nossos iguais, da mais fina estirpe?

Qualquer semelhança com a realidade social (nossa, no Brasil, e em muitos lugares do mundo) não é mera coincidência.

Em tempo: Quem tiver mais músculos –leia-se força nos bastidores– ganhará o cabo de guerra. Fã que sou do futebol que proporciona o encontro constante entre grandes e pequenos (sem deixar de apreciar demais os duelos entre os superclubes, desde que eles eliminem os nanicos em campo, e não com uma canetada), torço para que a Superliga seja derrotada. Para isso, os contrários a ela, que na teoria têm certos poderes, devem exercê-los na prática, sem hesitar, punindo os dissidentes com a exclusão de suas competições, isolando-os e forçando-os a avaliar se só a nova competição, mais nenhuma, será suficiente para suas ambições. Se não o fizerem, tudo não passará de intimidação fajuta, e o Clube dos 12, com um puxão bem dado no cabo, derrubará centenas de opositores e será o instaurador de uma nova ordem no futebol.

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Messi e Cristiano Ronaldo caem juntos pela 1ª vez na Champions https://omundoeumabola.blogfolha.uol.com.br/2021/03/10/messi-e-cristiano-ronaldo-caem-juntos-pela-1a-vez-na-champions/ https://omundoeumabola.blogfolha.uol.com.br/2021/03/10/messi-e-cristiano-ronaldo-caem-juntos-pela-1a-vez-na-champions/#respond Wed, 10 Mar 2021 23:45:17 +0000 https://omundoeumabola.blogfolha.uol.com.br/files/2021/03/Messi-4-320x213.png https://omundoeumabola.blogfolha.uol.com.br/?p=21157 Deve ser o sinal dos tempos. Tempos que mostram que a era dos melhores do mundo durante tempos que pareciam intermináveis está perto de terminar.

Pela primeira vez desde que ambos começaram a disputar simultaneamente a Liga dos Campeões da Europa (Champions League), em 2004/2005, tanto Messi como Cristiano Ronaldo foram eliminados logo na primeira fase dos mata-matas, as oitavas de final.

Quem caiu primeiro foi o CR7. Na terça (9), mesmo atuando em Turim, a Juventus não conseguiu construir o placar para eliminar o Porto, time do país em que nasceu o craque maior da equipe italiana.

A Juve ganhou por 3 a 2, porém a derrota por 2 a 1 na partida de ida fez a diferença, e o Porto avançou por ter feito mais gols fora de casa.

Nas duas partidas, Cristiano Ronaldo não fez o que mais sabe fazer: gol.

Cristiano Ronaldo em momento de dor no duelo com o Porto, em Turim, que eliminou a Juventus da Liga dos Campeões da Europa (Federico Tardito – 9.mar.2021/Xinhua)

Nesta quarta (10), quem deu adeus ao mais badalado interclubes da Europa foi o Barcelona de Messi.

E nem houve surpresa. Favorito na teoria diante do Paris Saint-Germain, o time espanhol jogou esse favoritismo fora ao levar uma goleada de 4 a 1 no primeiro jogo, de virada, três semanas atrás, no Camp Nou.

Isso mesmo o PSG tendo atuado sem seu jogador mais badalado, Neymar, contundido.

O brasileiro não se recuperou a tempo de jogar em Paris, mas não se pode afirmar que tenha feito grande falta, já que a agremiação francesa se classificou com o empate por 1 a 1, impondo ao adversário um baque considerável.

O Barcelona, desde que Messi começou sua carreira profissional no clube, na metade da década retrasada, jamais deixou de passar da fase de grupos da Champions.

E com ele em campo só uma vez, em 2007, quando o camisa 10 nem vestia a camisa 10 ainda (ela era de Ronaldinho Gaúcho), foi eliminado nas oitavas de final –para o Liverpool de Gerrard.

Em 2005, o Barcelona também deu adeus à competição nas oitavas, porém Messi não estava entre os titulares, nem entre os reservas, nas partidas diante do Chelsea de Lampard, Terry e companhia.

O craque argentino, seis vezes o melhor do mundo (2009 a 2012, 2015 e 2019), conquistou com o Barcelona quatro títulos da Champions (2006, 2009, 2011 e 2015), mas, aos 33 anos, desgastado com a direção do clube e não mais rodeado de pé de obra de extrema qualidade, parece sem forças para resolver individualmente, como fazia antes.

Diante do PSG, marcou de pênalti na derrota na Espanha, e, no duelo na França, fez um lindo gol, em chute de fora da área no ângulo, só que desperdiçou um pênalti no fim do primeiro tempo que poderia ter colocado seu time à frente no placar. Resumindo: teve performance insuficiente para empurrar o Barça uma fase adiante.

Cristiano Ronaldo ainda mostra excelente forma física e técnica aos 36 anos, porém já lhe falta a estrela de outrora, já lhe falta o poder de decisão de outrora, já lhe falta, na Juventus, o que com Manchester United (em 2008) e com Real Madrid (em 2014, 2016, 2017 e 2018) não faltou: o troféu da Liga dos Campeões.

Com o Sporting, o craque português, cinco vezes o melhor do mundo (2008, 2013, 2014, 2016 e 2017), parou na terceira rodada uma vez (2003); com o Manchester United, caiu na fase de grupos uma vez (2006) e nas oitavas de final duas vezes (2004 e 2005); com o Real Madrid, naufragou nas oitavas uma vez (2010); com a Juventus, houve dobradinha na saída nas oitavas (2020 e 2021).

Tempos incomuns estes, de derrotas dolorosas para Messi e Cristiano Ronaldo. Tempos que talvez signifiquem que o tempo deles como os reis do futebol do século 21 tenha expirado.

E que o tempo de reinar agora seja de jovens como Mbappé (PSG), de 22 anos, quatro gols nos confrontos deste ano contra o Barcelona, e Haaland (Borussia Dortmund), de 20 anos, atual artilheiro da Liga dos Campeões, príncipes do futebol que seguem reluzentes e resolutos na Champions.

Num 2015 já distante, Messi segura o troféu da Champions League, ladeado por Suárez e Neymar, quando o Barcelona derrotou na final a Juventus, em Berlim (Patrik Stollarz – 6.jun.2015/AFP)

Em tempo: Quero muito que o tempo me prove errado e que haja tempo para que Messi e Cristiano Ronaldo, dois dos melhores da história do esporte, voltem ao olimpo do futebol europeu, tendo de novo em suas mãos a “orelhuda”, como é conhecido o troféu da Liga dos Campeões.

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Quem é melhor? Messi x Cristiano Ronaldo https://omundoeumabola.blogfolha.uol.com.br/2020/12/08/quem-e-melhor-messi-x-cristiano-ronaldo/ https://omundoeumabola.blogfolha.uol.com.br/2020/12/08/quem-e-melhor-messi-x-cristiano-ronaldo/#respond Tue, 08 Dec 2020 03:01:12 +0000 https://omundoeumabola.blogfolha.uol.com.br/files/2020/12/Messi-e-Ronaldo-1-320x213.png https://omundoeumabola.blogfolha.uol.com.br/?p=20520 Eles são os melhores deste século até agora. Dividem os holofotes e as preferências sempre que se debate sobre excelência futebolística.

Lionel Messi e Cristiano Ronaldo estão anos-luz à frente de seus contemporâneos, isso é inegável.

A grande questão é: qual deles é melhor?

Várias vezes fiquei tentado a fazer comparações para poder chegar a uma conclusão. Várias vezes desisti, certo de que seria influenciado pelo meu gosto.

Gosto mais de Messi do que de Cristiano Ronaldo.

Aprecio e admiro o estilo de jogo do argentino de 33 anos, mais lúdico, mais driblador, mais solidário, porém não menos eficiente que o do português de 35, um “ciborgue” com capacidade física incomparável e explosão de velocidade invejável, mas que é extremamente individualista (fominha!) e, se não fizer gol(s) e não for o centro das atenções, não sai de campo tão feliz mesmo que o time vença.

Nesta terça (8), a Pulga e o CR7 devem duelar pela Champions League, que encerra nesta semana a fase de grupos. Escrevo “devem” porque, como tanto o Barcelona quanto a Juventus estão classificados, um e/ou outro podem ser poupados. Há, contudo, a expectativa de que sejam escalados.

Será o primeiro embate entre os dois desde o primeiro semestre de 2018. Como atuam em países diferentes, o confronto se torna raro, incerto, e fico até receoso de que possa ser o último.

Assim, mesmo me abstendo até aqui de fazer uma comparação fria que possa determinar qual dos dois é melhor (e, definindo-se um vencedor, haveria contestação dos fãs do outro), é possível apresentar dados numéricos que possibilitem ao leitor tirar suas conclusões.

Os sites utilizados para mostrar as estatísticas são o messivsronaldo.app e o messivsronaldo.net.

Gols na carreira (excluindo amistosos por clubes)

  • Messi: 712 (em 886 jogos). Média: 0,80. Um gol a cada 101 minutos
  • Cristiano Ronaldo: 750 (em 1.029 jogos). Média: 0,73. Um gol a cada 111 minutos

Gols de fora da área

  • Messi: 69
  • Cristiano Ronaldo: 55

Gols de cabeça

  • Messi: 24
  • Cristiano Ronaldo: 129

Gols de pênalti

  • Messi: 96 (em 122 cobranças). Acerto: 79%
  • Cristiano Ronaldo: 129 (em 154 cobranças). Acerto: 84%

Gols de falta

  • Messi: 53
  • Cristiano Ronaldo: 56

Gols na Champions League

  • Messi: 118 (em 146 jogos). Média: 0,81. Um gol a cada 102 minutos
  • Cristiano Ronaldo: 133 (em 177 jogos). Média: 0,75. Um gol a cada 115 minutos

Gols pela seleção

  • Messi: 71 (em 142 jogos). Média: 0,50
  • Cristiano Ronaldo: 102 gols (em 170 jogos). Média: 0,60

Assistências na carreira (excluindo amistosos por clubes)

  • Messi: 300 (em 886 jogos). Média: 0,34.
  • Cristiano Ronaldo: 221 (em 1.029 jogos). Média: 0,21

Títulos relevantes (Mundial de Clubes, Eurocopa, Olimpíada, Champions League, Supercopa da Europa, campeonatos, copas e supercopas nacionais)

  • Messi: 35
  • Cristiano Ronaldo: 32

Prêmio Bola de Ouro (melhor do mundo)

  • Messi: 6
  • Cristiano Ronaldo: 5

Prêmio Chuteira de Ouro (artilheiro da temporada europeia)

  • Messi : 6
  • Cristiano Ronaldo: 4

Expostos esses números, antes de se tentar chegar a um termo, é relevante mencionar que no confronto direto Messi leva vantagem sobre Cristiano Ronaldo.

Até agora, eles duelaram 35 vezes, sendo Messi por Barcelona ou Argentina e o CR7 por Manchester United, Real Madrid ou Portugal. O argentino ganhou 16 vezes, e o português, nove, com dez empates. Em número de gols nessas partidas, Messi acumulou 22, e Cristiano Ronaldo, 19.

Caso eles entrem em campo nesta terça, será o primeiro embate com Cristiano Ronaldo usando o uniforme da Juventus. No jogo de ida da fase de grupos, em Turim, no dia 28 de outubro, o camisa 7 não atuou por estar com Covid, e o Barça fez 2 a 0 –Messi marcou o segundo gol, de pênalti.

O encontro mais recente entre ambos ocorreu no já distante 6 de maio de 2018, pelo Campeonato Espanhol, um 2 a 2 no Camp Nou no qual cada um registrou um gol.

Cristiano Ronaldo e Messi no aquecimento antes de Barcelona x Real Madrid, em 2018, na mais recente vez em que duelaram (Albert Gea – 6.mai.2018/Reuters)

Voltando ao embate numérico, Messi, apesar de ter menos gols na contagem geral, mostra-se mais artilheiro, já que sua média por partida é superior.

Cristiano Ronaldo, entretanto, é mais goleador pela seleção portuguesa (tanto no total de gols como na média de gols) do que o camisa 10 pela argentina.

Nos gols de cabeça, vantagem esmagadora para Cristiano Ronaldo –com seu 1,87 m (Messi tem 1,70 m), ele é um dos melhores cabeceadores da história. Também é mais efetivo nas cobranças de pênalti.

Nas assistências (passes que resultam em gol), Messi é bastante superior, superando o oponente também nos gols de longa distância (chutes de fora da área).

Nos títulos e nos prêmios, Messi possui ligeiro predomínio, só que Cristiano Ronaldo conseguiu taças por Portugal (Eurocopa em 2016 e Liga das Nações em 2019), enquanto Messi está zerado pela seleção principal de seu país –faturou o ouro olímpico em 2008.

Ou seja, um equilíbrio muito grande.

A vontade de comparar dois grandes jogadores existe, é natural (eu já o fiz algumas poucas vezes com outros atletas), e meu escolhido é Messi, mas quem optar por Cristiano terá argumentos para defendê-lo.

Predileção exposta, muito melhor que ela é poder matar a vontade de vê-los em ação, ainda em altíssimo nível.

Como não se satisfazer em desfrutar da genialidade desses dois supercraques do futebol?

Como não agradecer a esses dois deuses da bola pelo privilégio de poder vê-los fazer miséria, fazer o diabo, fazer o extraordinário, jogo após jogo, campeonato após campeonato, por mais de uma década?

Obrigado, Messi. Obrigado, Cristiano Ronaldo.

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Três teens titulares, de times azarões, para prestar atenção na Champions https://omundoeumabola.blogfolha.uol.com.br/2020/10/20/tres-teens-titulares-de-times-azaroes-para-prestar-atencao-na-champions/ https://omundoeumabola.blogfolha.uol.com.br/2020/10/20/tres-teens-titulares-de-times-azaroes-para-prestar-atencao-na-champions/#respond Tue, 20 Oct 2020 07:40:48 +0000 https://omundoeumabola.blogfolha.uol.com.br/files/2020/10/Camavinga-1-320x213.png https://omundoeumabola.blogfolha.uol.com.br/?p=20232 Começa nesta terça (20), com oito partidas, a fase de grupos da Liga dos Campeões da Europa, edição 2020/2021.

Dezenas de jogadores desfilarão pelos gramados do velho continente, e o interesse do fã de futebol estará especialmente nos grandes clubes (Liverpool, os dois Manchester, PSG, Bayern, Juventus, Real Madrid, Barcelona…) e nos atletas mais famosos (Cristiano Ronaldo, Messi, Neymar, Salah, Lewandowski…).

Recomendo, no entanto, a observação de três futebolistas muito jovens, todos sub-20, todos de times azarões, todos  já integrantes das seleções de seus respectivos países, todos titulares absolutos em seus clubes e todos, aposto, num futuro próximo atuando em grandes centros do futebol.

E nenhum deles é atacante. Um é zagueiro e dois atuam no meio de campo.

O primeiro defende o Dinamo de Kiev, que estará em campo na primeira rodada diante da poderosa Juventus de Turim.

Na zaga central, o time ucraniano terá um beque de 1,86 m, 81 kg e 18 anos recém-completados de nome Illia Zabarnyi, natural da cidade que abriga o clube cuja camisa 25 ele utiliza.

Presença constante nas seleções de base da Ucrânia, Zabarnyi estreou pela equipe adulta no dia 7 deste mês, amistoso contra a França, e teve seu dia de 7 a 1 –literalmente, pois esse foi o placar da derrota.

Mas ele não comprometeu, na visão do treinador Andriy Shevchenko (para mim o melhor jogador da história do futebol ucraniano), tanto que voltou a ser titular nas duas partidas seguintes, válidas por competição, a Liga das Nações, e diante de duas potências futebolísticas: derrota para a Alemanha, por 2 a 1, e vitória sobre a Espanha (1 a 0).

No jogo desta terça, Zabarnyi poderia ter um imenso teste pela frente, Cristiano Ronaldo, só que o português não jogará por ainda cumprir quarentena depois de ter tido diagnóstico de coronavírus.

Até aqui, o zagueiro tem sido um trunfo para o Dinamo. Desde que estreou no time de cima, não houve derrota: oito jogos, seis vitórias (duas pela fase de classificação da Champions), dois empates.

O zagueiro Zabarnyi, 18, toma à frente de Boadu, do AZ Alkmaar, na vitória por 2 a o do Dinamo de Kiev pela fase classificatória da Champions League (Gleb Garanich – 15.set.2020/Reuters)

No Rennes, da França, o canhoto Eduardo Camavinga, de 17 anos, cabelos com tranças (à la Gullit), já é o dono da camisa 10. Meio-campista moderno, marca e ataca.

Canhoto, 1,82 m, é esquálido (68 kg) e esguio. Pará-lo, quando parte em velocidade pelo meio ou pelas laterais do campo, é um desafio, tanto que sofre faltas com frequência. Lembra, na habilidade, respeitando-se as devidas proporções, Ronaldinho Gaúcho.

Nascido em Angola, tem dupla nacionalidade, e em seu primeiro jogo pela seleção da França precisou de somente nove minutos, no Stade de France, para balançar as redes.

E foi um golaço: de costas para o gol, na pequena área, deu uma puxeta que surpreendeu o goleiro Bushchan e que encobriu, antes de parar nas redes, um outro novato: ele mesmo, Zabarnyi. Camavinga foi quem abriu o caminho para o 7 a 1 na Ucrânia.

O arisco Camavinga, que estará em ação na Champions contra o russo Krasnodar, precisa, contudo, melhorar justamente nesse quesito. Está bem longe de fazer gols com assiduidade. Pelo Rennes, são dois tentos em 50 partidas. É muito pouco.

Gols não parecem ser um problema para Dominik Szoboszlai.

O húngaro de 19 anos (faz 20 daqui a cinco dias), camisa 14 do Salzburg, os faz com profusão para quem joga em sua posição (meia). Na temporada 2019/2020, foram nove em 27 partidas do Campeonato Austríaco.

Não quero ser precipitado, mas esse rapaz tem toda a pinta de que será um cracaço, encaixando-se como uma luva em qualquer grande clube do mundo.

Tem 1,86 m, 74 kg, é destro com ótimo chute mas também sabe finalizar com o pé esquerdo, é rápido, sabe driblar, bate faltas com precisão, é frio nos pênaltis.

Seu país reconhece seu talento não é de agora. Desde 2017 é convocado para a seleção principal húngara. Se Camavinga veste a 10 no clube, Szoboszlai veste a 10 no conjunto nacional.

Na Liga das Nações, no começo do mês passado, ele fez o único gol da partida contra a Turquia –aliás, um golaço, em cobrança de falta de longa distância.

Nesta quarta, o Lokomotiv Moscou tentará impedir que ele brilhe –na fase de classificação desta Liga dos Campeões, fez dois gols, um em cada partida, nas vitórias por 2 a 1 e 3 a 1 contra o Maccabi Tel Aviv, há menos de um mês.

Szoboszlai, 19, avança na partida em Tel Aviv que o Salzburg, com um gol dele de pênalti, derrotou o Maccabi por 2 a 1 (Jack Guez – 22.set.2020/AFP)

Leia também: Saiba onde ver os jogos da fase de grupos da Champions League

Em tempo: Tanto Szoboszlai como Camavinga concorrem neste ano ao prêmio Golden Boy, oferecido desde 2003 pelo jornal italiano Tuttosport ao melhor jogador jovem. Já ganharam, entre outros, Messi, Rooney, Agüero, Götze, Pogba e Mbappé. Estão na disputa em 2020 dois brasileiros do Real Madrid: Vinícius Jr., ex-Flamengo, e Rodrygo, ex-Santos. Mas quem deve ser eleito é um destes dois: o lateral-esquerdo canadense Alphonso Davies, do Bayern, ou o centroavante Erling Haaland, do Borussia Dortmund.

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Carrinho é jogada perigosa que deveria ser banida do futebol https://omundoeumabola.blogfolha.uol.com.br/2020/08/28/carrinho-e-jogada-perigosa-que-deveria-ser-banida-do-futebol/ https://omundoeumabola.blogfolha.uol.com.br/2020/08/28/carrinho-e-jogada-perigosa-que-deveria-ser-banida-do-futebol/#respond Fri, 28 Aug 2020 23:30:59 +0000 https://omundoeumabola.blogfolha.uol.com.br/files/2020/08/Carrinho-2-320x213.png https://omundoeumabola.blogfolha.uol.com.br/?p=20007 Aproveito a citação do ministro da Economia, Paulo Guedes, sobre o carrinho, para explicar aos menos afeitos ao futebol esse recurso.

O carrinho é a jogada em que o jogador se atira para a frente ou para o lado, pela superfície do campo ou quadra, deslizando o corpo com o intuito de acertar a bola com os pés, geralmente quando esta é conduzida pelo adversário.

Constitui quase sempre um lance defensivo –mas há ocasiões em que até gol é feito de carrinho (a favor ou contra).

Só que muitas vezes o autor do carrinho não atinge a bola, ou não somente a bola, golpeando também o oponente, o que constitui infração.

Se é dentro da área, essa falta é pênalti, o que dá ao adversário chance enorme de fazer um gol.

Assim disse Guedes, depois de ser criticado publicamente pelo presidente Jair Bolsonaro no contexto do programa Renda Brasil: “Falei: ‘Pô, presidente. Carrinho, entrada perigosa, ainda bem que foi fora da área, senão era pênalti’.”.

O carrinho é uma jogada, conforme expôs o ministro, perigosa, que não deveria mais existir no futebol. Mal aplicada, torna-se violenta e pode provocar lesão séria no colega de profissão.

Recordo-me do que disse Piazza, ídolo do Cruzeiro, campeão mundial com a seleção brasileira na Copa de 1970, em entrevista a mim concedida em 2010, ao se referir a uma lesão em partida no Maracanã, em 1968:

“Tive uma contusão grave que foi uma torção nos ligamentos do joelho esquerdo e uma fratura do perônio [fíbula] numa jogada do famoso e detestável carrinho que foi utilizado pelo jogador Virgili, da seleção uruguaia, na tentativa de recuperar uma bola”.

Mais recentemente, em novembro de 2019, o português André Gomes, do Everton, teve uma fratura de tornozelo no Campeonato Inglês depois de um carrinho por trás do sul-coreano Son, do Tottenham.

Son, do Tottenham, dá carrinho por trás em André Gomes, do Everton, em partida da Premier League; o jogador português teve fratura na jogada (Oli Scarff – 3.nov.2019/AFP)

Até mesmo Zico, um dos melhores jogadores da história do futebol nacional, foi vítima de um carrinho violento, executado por Márcio Nunes, do Bangu, em jogo do Estadual do Rio, em 1985. O Galinho teve os ligamentos do joelho rompidos.

O carrinho é tão detestável (perfeito esse adjetivo usado por Piazza) que, por ironia, acabou punindo de forma definitiva uma das mais fortes equipes do mundo na Liga dos Campeões da Europa.

No início deste mês, Juventus e Lyon faziam em Turim o jogo de volta das oitavas de final da Champions. Na ida, 1 a 0 para o time francês.

Aos 10 minutos, Betancur, da Juventus, deu um carrinho na área em Aouar, em um ataque do Lyon.

Como afirmou Guedes, carrinho na área constitui pênalti –desde que quem o executa atinja o adversário.

O árbitro alemão Felix Zwayer marcou a penalidade máxima. O problema é que, dessa vez, nitidamente Betancur acertou a bola.

Lance na Champions League, no dia 7 de agosto, em que Betancur, da Juventus, dá um carrinho na área e atinge a bola; a arbitragem, porém, deu pênalti para o Lyon; clique na imagem e veja o lance (Reprodução/Site da Uefa)

Com a presença do VAR (árbitro assistente de vídeo), que consegue ver a jogada na TV, em vários ângulos, e avisar o juiz de campo em caso de um erro “claro e óbvio”, era de se esperar que a marcação fosse revertida.

Mas não. O árbitro de vídeo (Christian Dingert, também alemão) não alertou Zwayer sobre a decisão equivocada.

Achei tão incrível essa falha da arbitragem que fiz contato com a Uefa (entidade que rege o futebol europeu) para tentar um entendimento dessa não marcação.

Queria saber se um erro tão clamoroso não mancha de forma incisiva a imagem do VAR. No meu íntimo, pensei: “Afinal, para que essa porcaria serve?”.

Depois de quase duas semanas de espera, a resposta da Uefa foi: “Não temos comentários sobre esse assunto”.

Apenas para não escrever “sem comentários” acerca de uma resposta tão inútil, escrevo que a conclusão é ser o VAR um tema que causa muito incômodo às autoridades da bola –para obter uma informação da CBF (Confederação Brasileira do Futebol), sobre o custo do VAR no Campeonato Brasileiro, levei três semanas.

Voltando ao carrinho que resultou em pênalti (mal marcado) na Champions League, o Lyon converteu, e esse gol se mostrou vital para a classificação.

O time italiano, liderado por Cristiano Ronaldo, ainda virou para 2 a 1, mas o gol fora de casa serviu como critério de desempate.

Leia também: Time chinês ameaça demitir jogador que quebrou a perna de rival

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