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Quem é melhor? PSG-2017 x Manchester City-2017

Luís Curro

De um lado, o trio de ataque mais badalado do momento, o MCN (Mbappé-Cavani-Neymar); dois dos melhores laterais do mundo no apoio (Daniel Alves e Kurzawa); dois meio-campistas jovens, talentosos e modernos (Verratti e Rabiot); uma dupla de zaga que irá à Copa do Mundo pela seleção brasileira (Marquinhos e Thiago Silva).

Do outro, dois artilheiros, um argentino (Agüero) e um brasileiro (Gabriel Jesus), que dentro da área são letais como poucos; dois dos melhores meio-campistas do planeta na atualidade (De Bruyne e David Silva); zagueiros durões na marcação e que também fazem gols (Otamendi e Stones); o técnico que todo time gostaria de ter (Pep Guardiola).

Esqueça Barcelona, Real Madrid, Bayern de Munique, Juventus. As equipes mais empolgantes e de futebol mais bonito deste segundo semestre de 2017 são Paris Saint-Germain (França) e Manchester City (Inglaterra).

As duas, recheadas de jogadores de primeira linha, têm tido apresentações de encher os olhos, especialmente na parte ofensiva, e demonstrado eficiência e confiabilidade tremendas. Somando Liga dos Campeões da Europa e os respectivos campeonatos nacionais, são mais eficazes que o Barça de Messi, que também faz um semestre de invejar.

O time catalão lidera o Espanhol, invicto (11 vitórias e 1 empate), e na Champions League venceu três jogos e empatou dois. Seu saldo de gols é de 35 (40 gols feitos, 5 sofridos).

Tanto PSG quando Man City também não perderam – e têm desempenho geral superior ao do Barcelona.

O primeiro lidera o Francês com 11 vitórias e 2 empates. Em cinco partidas na Champions, cinco vitórias. Ao todo, 67 gols a favor e 10 contra. Um saldo de 57, espetacular.

O segundo lidera o Inglês com 11 vitórias e 1 empate. Em cinco jogos na Champions, cinco triunfos. Saldo de gols: 43 (53 gols pró, 10 gols contra).

Os números são fantásticos; as exibições, idem. A questão que fica é: quem tem mais time?

PSG ou Man City? Em uma análise detalhada, qual é o melhor?

A escalação do Manchester City para jogo contra o Shakhtar Donetsk pela Champions League: Ederson, Walker, De Bruyne, Fernandinho, Stones e Otamendi (atrás, da esq. para a dir.); Agüero, Sané, David Silva, Delph e Gabriel Jesus (à frente, da esq. para a dir.) (Oli Scarff – 26.set.2017/AFP)

Goleiro – Areola x Ederson

O goleiro francês está muito longe de ser uma fortaleza. Talvez seja o ponto fraco do PSG. A mim não inspira confiança e, caso o time venha a ser eliminado da Liga dos Campeões, não considero improvável que seja por culpa do seu camisa 16. Ederson, reserva de Alisson na seleção brasileira, é o segundo goleiro mais caro da história do futebol – o Man City pagou £ 34,7 milhões (quase R$ 150 milhões) para tirá-lo do Benfica (em 2001, a Juventus pagou mais ao Parma para contratar Buffon). E, até aqui, ele não tem deixado os fãs do time sentir saudade do chileno Bravo, hoje reserva absoluto. Ederson.

Lateral-direito – Daniel Alves x Walker

A comparação é entre dois titulares de suas respectivas seleções, a brasileira e a inglesa. Fisicamente, Walker é superior – ganha no fôlego. Também leva ligeira vantagem na marcação. O que é muito pouco para superar Daniel Alves, que quanto mais envelhece (está com 34 anos) melhor joga. Tecnicamente, não há na posição ninguém que se aproxime dele. Sabe como poucos o que fazer com a bola. Seus cruzamentos primam pela precisão, seus chutes de longa distância são perigosíssimos. É um ás na bola parada. E um líder em campo. Daniel Alves.

Zagueiro – Marquinhos x Stones

Estilos muito diferentes têm esses dois. Titular da seleção brasileira, Marquinhos vem sendo sinônimo de segurança. Compensa a estatura não muito elevada para um zagueiro (1,83 m) com ótimo posicionamento. Tem também grande poder de antecipação e boa técnica. Stones é considerado uma das relevações recentes do futebol inglês. Como o brasileiro, também tem 23 anos, mas suas atuações são oscilantes, diferentemente das de Marquinhos. Forte na bola aérea, sua cintura dura não o ajuda em lances mano a mano com atacantes velozes. Contundiu-se recentemente, e Guardiola tem usado Kompany ou Mangala para substituí-lo. Marquinhos.

Zagueiro – Thiago Silva x Otamendi

Duelo de zagueiros experientes, o brasileiro com 33 anos, o argentino com 29. Capitão do Brasil na Copa de 2014, Thiago Silva continua muito seguro e é sinônimo de liderança, tanto que ostenta a tarja no PSG. Tem apenas de tomar cuidado com as lesões – se nenhuma vier à época da Copa, Tite o levará à Rússia, como primeira opção para Miranda e Marquinhos, a dupla de zaga titular. Otamendi é titular de sua seleção. Perigoso no ataque, pois é bom no jogo aéreo (assim como Thiago Silva), joga duro atrás, nem sempre na bola – é um beque muitas vezes violento. Thiago Silva.

Lateral-esquerdo – Kurzawa x Delph

Se a França, que já tem uma baita seleção, quiser ser ainda mais perigosa na Copa de 2018, o treinador Deschamps tem de escalar Kurzawa, e não Digne (do Barcelona). O lateral do PSG é ótimo no apoio. Vai constantemente à linha de fundo e sempre que tem chance chuta a gol – no penúltimo jogo do time na Champions League (5 a 0 no Anderlecht), marcou três gols. Na marcação, vira-se bem. Delph é volante. Guardiola o improvisou na lateral esquerda devido à lesão de Mendy, que ficará meses longe dos gramados. Canhoto, tem ido bem ali, sem grande brilho mas cumprindo as funções básicas à risca, jogando um arroz com feijão temperado. Kurzawa.

Guardiola orienta o volante Fernandinho em treino do City em Manchester (Carl Recine – 20.nov.2017/Reuters)

Volante – Thiago Motta x Fernandinho

Brasileiro com cidadania italiana, Thiago Motta é um veterano no futebol europeu, tendo defendido, antes do PSG (no qual está desde 2011), Barcelona, Atlético de Madri, Genoa e Inter de Milão. Aos 35 anos, domina seu setor, com boa distribuição de jogo e marcação dura, às vezes violenta. Está lesionado, e o técnico Unai Emery faz um revezamento no setor, optando por jogadores mais ofensivos (casos de Draxler e Pastore). Fernandinho é um dos xodós de Guardiola, que o considera uma espécie de curinga. Joga na dele (volante), mas também nas duas laterais e até na zaga, se necessário. Com o treinador espanhol, o brasileiro ganhou mais confiança no Man City e tem sido uma arma ofensiva mais frequente, com seus chutes de longe. É reserva de Casemiro na seleção brasileira. Fernandinho.

Volante/Meia – Verratti x De Bruyne

“Baixinho” (1,65 m), o italiano Verratti é o motorzinho do PSG. Incansável na marcação, multiplica-se em campo. Taticamente, é jogador importantíssimo e tem bom passe. Mais volante do que meia, falta-lhe mais presença no ataque. De Bruyne é daqueles jogadores cativantes. Quem gosta de futebol encanta-se com seu jogo sóbrio e efetivo. Meia ofensivo, o belga chuta (bem) com as duas pernas e posiciona-se como poucos pelas extremas do campo, de onde saem cruzamentos rasteiros ou à meia-altura que vivem deixando companheiros de frente para o gol. Mestre nas assistências. De Bruyne.

Volante/Meia – Rabiot x David Silva

Ainda bastante jovem (22 anos), o cabeludo Rabiot conquistou aos poucos seu lugar no time de Paris (e também na seleção da França), tanto que um dos símbolos da equipe, Matuidi, se mandou para a Juventus (Itália). É um Verratti crescido (1,91 m), com um pouco mais de técnica, porém sem o fator “formiguinha”. Ao lado de Thiago Motta, é o jogador mais comum do PSG. David Silva, que nesta temporada mudou o visual (está careca), é um dos melhores de sua posição (meia ofensivo) e titular da seleção espanhola. Como De Bruyne, tem uma espetacular visão de jogo, destacando-se como o colega nas assistências (passes que resultam em gol). Seu jogo de toques curtos e rápidos encaixa-se perfeitamente no que almeja Guardiola. David Silva.

O treinador Unai Emery conversa com o volante Rabiot durante treino do PSG (Franck Fife – 30.out.2017/AFP)

Atacante – Mbappé x Gabriel Jesus

Eis um confronto de jovens que prevejo que, em poucos anos, disputarão o prêmio de melhor jogador do mundo. Mbappé, ex-Monaco, joga aos 18 anos com a maturidade de quem tem uma década a mais de idade. Impressiona como o ainda teenager lê o jogo tão bem e com tanta facilidade. Veloz, forte, driblador, bom finalizador, taticamente inteligente, só não é a estrela do time porque a concorrência atual é desleal (o mega-artilheiro Cavani e o supercraque Neymar). O garoto é tão bom, a expectativa de que brilhe intensamente é tão grande, que o endinheirado PSG, mesmo depois de pagar o recorde de € 222 milhões (R$ 857 milhões pelo câmbio atual) por Neymar, aceitou desembolsar € 180 milhões (R$ 694 milhões) por ele. Gabriel Jesus, aos 20 anos, tem jogado igualmente bem no Man City e na seleção brasileira. No time inglês, é um dos queridinhos de Guardiola, o que nem sempre é suficiente para que seja titular, devido ao esquema tático. O treinador vem preferindo atuar com um único centroavante, Agüero ou Gabriel Jesus, o que abre espaço no time para Sterling, que atua pela direita. Quando joga, Gabriel Jesus tem alta efetividade – são 10 gols em 16 jogos, somando Campeonato Inglês e Liga dos Campeões. Empate.

Leia também – A cabeça de Gabriel Jesus

Atacante – Cavani x Agüero

Dois dos grandes artilheiros da atualidade. Dentro da área, difícil definir quem é mais perigoso, o uruguaio ou o argentino. Mais alto (1,84 m contra 1,73 m), Cavani tem vantagem nas cabeçadas. É também mais individualista que Agüero, que gosta de uma tabelinha. O jogador do PSG, privilegiado na compleição física, se machuca menos que o do Man City, que frequenta a enfermaria com alguma frequência. E, até aqui nesta temporada, tem sido mais goleador: 22 gols em 20 jogos pelo PSG (média superior a um por partida). Agüero marcou 11 gols em 17 jogos pelo Man City. Cavani.

Cavani abraça Neymar depois de fazer um gol do PSG contra o Celtic, em Paris, na Champions League (Franck Fife – 22.nov.2017/AFP)

Atacante – Neymar x Sané

Neymar é considerado o dono do time. Apesar de não ser seu maior artilheiro (fica atrás de Cavani, com quem se desentendeu mas já voltou às boas), o camisa 10 é o protagonista, devido à fama potencializada por ter se tornado o jogador mais caro do mundo na transferência do Barcelona para o PSG. E sua importância vai muito além da imagem. Neymar tem dado resultado. Em 9 jogos no Campeonato Francês, 7 gols e 5 assistências. Em 5 partidas na Liga dos Campeões, 6 gols e 3 assistências. Admirável. E esperado. A meu ver, Neymar pode jogar ainda mais – e precisará para ser escolhido o melhor do mundo, um de seus objetivos na carreira. Sané está incluído entre os vários ótimos jogadores da nova safra do futebol alemão. No Man City, atua como ponta-esquerda, e faz estragos nas defesas rivais por ali. Ainda tem muito a evoluir, e com Guardiola isso ocorrerá rapidamente. Neymar.

O conjunto

Neste tópico, o treinador faz a diferença. Pep Guardiola é um dos gênios da prancheta. Dê-lhe um time, dê-lhe tempo, ele fará esse time jogar, ao seu estilo, implantado no Barcelona e depois no Bayern de Munique. Muita posse de bola, consciência em cada passe, aceleração na hora certa, maximização do talento de cada jogador. É verdade que o primeiro ano dele no Man City foi de altos e baixos (e nenhum título), mas o segundo (agora) tem sido só de altos, e nada indica que isso mudará. Unai Emery, espanhol como Guardiola, 46 anos como Guardiola, 1,80 m como Guardiola, está muito longe de ser Guardiola. Tem o mérito incontestável de ter levado o mediano Sevilla ao tri da Liga Europa (2014 a 2016), porém, na tática e no carisma (e no pulso firme), está anos-luz atrás do compatriota. Man City.

Os reservas

PSG: Trapp (goleiro, seleção alemã); Meunier (lateral-direito, seleção belga); Kimpembe (zagueiro, seleção francesa); Draxler (meia, seleção alemã); Di María (atacante, seleção argentina). Man City: Bravo (goleiro, seleção chilena); Danilo (lateral-direito, seleção brasileira); Kompany (zagueiro, seleção belga); Bernardo Silva (meia, seleção portuguesa); Sterling (atacante, seleção inglesa). Empate.

Feita a conta, com um ponto por posição, um ponto para o conjunto e um ponto para os reservas (o empate dá um ponto para cada lado), o PSG ganha apertado: 8 a 7.

Apertado ou não, o resultado é este: o Paris Saint-Germain é superior.

A escalação do Paris Saint-Germain para jogo contra o Bayern na Liga dos Campeões: Thiago Silva, Cavani, Thiago Motta, Marquinhos, Rabiot e Areola (atrás, da esq. para a dir.); Neymar, Daniel Alves, Kurzawa, Verratti e Mbappé (à frente, da esq. para a dir.) (Christophe Simon – 27.set.2017/AFP)

Leia também: Quem é melhor? Brasil-1970 x Barcelona-2015

Em tempo: Há a possibilidade de confronto entre os times, para verificação se a prática confirma a teoria? Sim, na Champions League. A depender do sorteio do mata-mata de quartas de final (considerando, lógico, que os dois clubes não caiam nas oitavas de final), já que nas oitavas a chance é reduzida, pois os campeões de grupos não se enfrentam. O Man City já assegurou o primeiro lugar no F, e o PSG dificilmente deixará escapar a liderança do B na última rodada, diante do Bayern de Munique. 

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