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Três anos do 7 a 1; oito da seleção de Felipão estão prestigiados com Tite

Luís Curro

Escrevi faz um ano sobre o pior vexame da história da seleção brasileira, a derrota por 7 a 1 para a Alemanha, em Belo Horizonte, na semifinal da Copa de 2014, e em mais este aniversário daquela humilhação, completado no sábado (8) eu não pretendia fazê-lo.

Porém um texto na Folha, a respeito da camisa que a seleção alemã vestiu naquele dia (rubro-negra, como a do Flamengo, do Atlético-PR, do Vitória, do Sport e de outros times espalhados pelo Brasil) e uma declaração de Neymar (“Não tem como apagar o que aconteceu. Já está na história. Mas todo mundo só lembra dos 7 a 1, como se apenas isso tivesse acontecido”) fizeram o assunto ficar martelando na minha cabeça.

Fiz a pergunta: daquele grupo, que ficará eternamente estigmatizado pela terrível humilhação no Mineirão, quantos têm chance de estar na próxima Copa do Mundo, na Rússia, que começa em menos de um ano, e para a qual a seleção brasileira de Tite já se classificou?

Ajudo o leitor a se lembrar dos 23 da seleção de Felipão na Copa no Brasil, três anos atrás.

O time titular no 7 a 1 foi: Júlio César; Maicon, Dante, David Luiz e Marcelo; Luiz Gustavo, Fernandinho e Oscar; Hulk, Fred e Bernard. Entraram no decorrer da partida Paulinho, Ramires e Willian.

Eram opções de banco, mas não jogaram, os goleiros Jefferson e Victor; os laterais Daniel Alves e Maxwell; o zagueiro Henrique; o volante Hernanes; e o atacante Jô.

Thiago Silva estava suspenso, e Neymar, fora de ação depois de, no jogo anterior, o colombiano Zuñiga lhe ter dado uma joelhada nas costas que fraturou uma vértebra.

Dessa turma, Marcelo (Real Madrid) e Neymar (Barcelona) são titulares com Tite. A não ser em caso de lesão, esses dois formarão o lado esquerdo do Brasil no Mundial russo.

Também têm escalação garantida o volante Paulinho (Guangzhou Evergrande, da China), resgatado depois de ter sido descartado por Dunga (antecessor de Tite), e o lateral-direito Daniel Alves (deixou a Juventus e pode acertar com o Manchester City).

Tite tem convocado sempre Willian (Chelsea), para a reserva de Philippe Coutinho (Liverpool), e Fernandinho (Manchester City), para ser o substituto de Casemiro (Real Madrid).

A dupla de zaga titular na Copa de 2014, Thiago Silva e David Luiz, ganhou força recentemente. Ambos estiveram na convocação para os amistosos em Melbourne contra Argentina (0 a 1) e Austrália (4 a 0).

Thiago Silva (PSG), capitão do Brasil com Felipão, atuou como titular nessas duas partidas. Seu prestígio é crescente, e ele será na Copa, no mínimo, o reserva imediato de Miranda (Inter de Milão) – o outro beque titular de Tite é Marquinhos, colega de Thiago Silva no Paris Saint-Germain.

David Luiz (Chelsea) só jogou contra os australianos, e como volante. Tite o vê com capacidade para ocupar essa posição, se necessário, o que ampliam suas chances de ir à Rússia. Disputa vaga com outro polivalente, Rodrigo Caio (São Paulo).

São esses os oito sobreviventes da Copa de 2014. Os demais têm chance?

Júlio César, Jefferson, Victor, Maicon, Dante, Henrique, Maxwell, Luiz Gustavo, Hernanes, Ramires, Hulk e Bernard, nenhuma. Jamais foram convocados por Tite (alguns já são veteranos e/ou reservas em suas equipes) e nada indica que serão, pois o treinador tem uma série de outros nomes preferidos na fila.

Restam três: um é o meia Oscar, autor do “gol de honra” do Brasil no 7 a 1, hoje no Shangai SIPG (China), onde até tem jogado bem depois da vertiginosa queda de rendimento no Chelsea em 2015 e 2016.

Como Tite não aparenta ter restrição em relação ao futebol chinês, tanto que recorre a Paulinho e ao zagueiro Gil (atual reserva de Marquinhos na seleção), Oscar tem chance, mesmo que pequena.

Aliás, recentemente a liga chinesa suspendeu Oscar por oito partidas (a meu ver injustamente) por ele ter chutado com violência a bola, seguidamente, em dois adversários, o que resultou em grande confusão.

Leia também: Na China, Oscar é mais bem pago que Messi e Cristiano Ronaldo

Além de Oscar, os outros jogadores com chance reduzida são os centroavantes Fred (Atlético-MG) e Jô (Corinthians).

Já trintões, ambos têm feito gols constantemente por seus clubes – Jô com mais regularidade que Fred, que, entretanto, marcou quatro em um jogo da Libertadores há menos de três meses.

Eu os cito porque a seleção não tem uma opção à altura de Gabriel Jesus.

As melhores apostas de Tite atualmente estão longe de serem ótimas: Diego Souza (Sport Recife), que é meia de origem e também está na casa dos 30 anos, e o inconstante Roberto Firmino (Liverpool).

Com a vaga assegurada para a Copa, Tite poderia dar oportunidade nos jogos que restam nas eliminatórias ou em amistosos a Ricardo Goulart, de 26 anos, companheiro de Paulinho no Guangzhou Evergrande, time, aliás, treinado por Felipão.

Bicampeão do Brasileiro com o Cruzeiro (2013 e 2014), Goulart fez 19 gols no Campeonato Chinês de 2015 (vice-artilheiro) e outros 19 no de 2016 (artilheiro). No atual, em andamento, está com 11 e em segundo lugar entre os goleadores.

Há um preconceito geral contra o futebol chinês, por ter nível inferior ao europeu e sul-americano. Porém há dezenas de atacantes lá, e nenhum balançou as redes nos últimos três anos mais do que Goulart.

E ele parece-me mais perigoso para as metas adversárias do que Diego Souza e Firmino.

Leia também: Os caras de Tite – Turma final de 2016: não há reprovados

Em tempo: Dentre os atacantes que jogam no Brasil, pelo alto nível em que têm performado (termo da moda), mereceriam oportunidade o jovem Luan, do Grêmio, que como Gabriel Jesus se sagrou campeão olímpico com o Brasil na Rio-2016, ou Henrique Dourado (Fluminense), atual artilheiro do Campeonato Brasileiro.

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