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Brasil tem o ataque mais letal entre os favoritos ao ouro olímpico na Rio-2016

Luís Curro
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Neymar em treino do Brasil em Teresópolis; nos pés dele, a esperança maior de gols da seleção olímpica na Rio-2016 (Lucas Figueiredo – 22.jul.2016/MoWA Press)

O ouro olímpico é um dos mais almejados objetivos do futebol brasileiro.

Só que Olimpíada vem, Olimpíada vai, e o sonho não é realizado. Até se chega muito perto, casos de Los Angeles-1984, Seul-1988 e Londres-2012, edições em que o Brasil acabou prateado. Mas o ouro, que é o que importa (pois no Brasil ser vice é sinônimo de fracasso), acaba sempre adiado.

Trato neste texto da seleção masculina. (Mas a feminina tampouco alcançou o olimpo. O máximo foram duas pratas, em Atenas-2004 e Pequim-2008.)

Será que o Rio de Janeiro, cujos Jogos Olímpicos começam logo mais, no início de agosto, muda essa escrita, para alegria geral da nação?

Torcer é possível; profetizar, impossível.

Mas é plausível afirmar que, se depender do ataque a ser escalado pelo técnico Rogério Micale, gols não devem faltar na campanha do Brasil.

Tite, o treinador da seleção principal, já avalizou, e Micale já treinou assim em Teresópolis (RJ), onde o time se prepara para a estreia, no dia 4 de agosto, contra a África do Sul, em Brasília: Neymar, Gabriel “Gabigol” e Gabriel Jesus formarão o trio ofensivo.

Micale terá a missão de entrosá-los e de fazer com que os companheiros consigam abastecê-los adequadamente; se tiver êxito, os três têm tudo para fazer locutores e torcedores gritarem muitos gols nas partidas da seleção.

Neymar, Gabigol e Gabriel Jesus são, na comparação com os atacantes dos principais postulantes ao ouro no Rio, a trinca mais letal.

Quem são os favoritos, além do Brasil, a triunfar no Maracanã, na final a ser disputada às 17h30 do dia 20 de agosto, um sábado?

Na opinião de Micale, Portugal, Alemanha e Nigéria são os adversários mais difíceis do Brasil. Eu acrescento Argentina (campeã em 2004 e em 2008) e México (campeão em 2012).

Candidatos expostos, na temporada 2015/2016 (de julho do ano passado até junho deste ano), nenhum trio ofensivo deles foi mais goleador que o brasileiro.

Eis o desempenho, incluindo jogos por clubes e pela seleção, das prováveis trincas de ataque a serem escaladas (formações com três atacantes ou com dois atacantes mais um meia-atacante):

Brasil

Neymar – 55 jogos, 34 gols (média de gols por jogo: 0,62)

Gabigol – 65 jogos, 29 gols (média de gols por jogo: 0,45)

Gabriel Jesus – 55 jogos, 23 gols (média de gols por jogo: 0,42)

Argentina

Calleri – 49 jogos, 25 gols (média de gols por jogo: 0,51)

Simeone – 36 jogos, 12 gols (média de gols por jogo: 0,33)

Correa – 40 jogos, 9 gols (média de gols por jogo: 0,23)

México

Peralta – 62 jogos, 27 gols (média de gols por jogo: 0,44)

Lozano – 59 jogos, 14 gols (média de gols por jogo: 0,24)

Bueno – 23 jogos, 3 gols (média de gols por jogo: 0,13)

Alemanha

Petersen – 34 jogos, 25 gols (média de gols por jogo: 0,74)

Selke – 37 jogos, 15 gols (média de gols por jogo: 0,41)

Meyer – 51 jogos, 11 gols (média de gols por jogo: 0,22)

Portugal

Pité – 22 jogos, 7 gols (média de gols por jogo: 0,32)

Agra – 40 jogos, 12 gols (média de gols por jogo: 0,30)

Paciência – 33 jogos, 7 gols (média de gols por jogo: 0,21)

Nigéria

Sadiq – 15 jogos, 7 gols (média de gols por jogo: 0,47)

Ajayi – 28 jogos, 10 gols (média de gols por jogo: 0,36)

Umar – 31 jogos, 8 gols (média de gols por jogo: 0,26)

Tanto em números absolutos como na média, os brasileiros têm vantagem considerável sobre quase toda a concorrência.

A Alemanha conta com um centroavante, no papel, extremamente perigoso: Nils Petersen, de 27 anos e 1,88 m, um dos atletas da equipe a estourar o limite de 23 anos – na Olimpíada, apenas 3 dos 18 convocados podem extrapolar essa idade. Ele foi o artilheiro do Freiburg, atual campeão da segunda divisão da Bundesliga. Jamais defendeu a seleção principal.

O outro nome que mais chama a atenção na lista é Jonathan Calleri, de 22 anos e 1, 75 m. O argentino tem tremenda facilidade para fazer gols e mostrou isso no São Paulo neste ano, com os 9 gols feitos na Libertadores. Jamais defendeu a seleção principal.

E o México tem Oribe Peralta (que defende a seleção de seu país regularmente desde 2011), de amargas lembranças para a seleção brasileira de 2012: na decisão olímpica no estádio de Wembley, o experiente atacante de 32 anos (então com 28) e 1,77 m marcou a 1 minuto de jogo e aos 30 minutos do segundo tempo para derrubar Neymar e cia. Placar final: 2 a 1 (Hulk fez o gol do Brasil).

Esses três são bons, mas não jogam no mesmo time, enquanto o Brasil tem três muito bons à disposição. A seleção de Micale é a única com três “superartilheiros”.

Neymar é Neymar, esteve entre os três melhores do mundo na última disputa da Bola de Ouro da Fifa. Não é preciso adjetivá-lo. Os dois Gabriéis estão em grande fase (especialmente o Jesus), têm sido destaques de Santos e Palmeiras.

Se o trio se entrosar e ganhar confiança nas duas primeiras partidas (jogos teoricamente fáceis, contra sul-africanos e iraquianos), tem tudo para deslanchar. E será quase impossível para as defesas rivais, qualquer que seja, parar todos ao mesmo tempo.

Em tempos de baixa autoestima no país do futebol, herança do famigerado 7 a 1 da Copa de 2014, passará pelos pés dessa trinca a chance de o Brasil resgatar sua imagem – ao menos dentro das quatro linhas, já que para dar jeito na cartolagem é necessária uma revolução, que não parece perto de acontecer.

Só o ouro olímpico tem força, de imediato, para isso. De preferência, com vitória na final sobre a Alemanha.

Em tempo: Na lista de ataque da Argentina para os Jogos do Rio, aparece um Simeone, sobrenome conhecido no mundo da bola devido ao treinador do Atlético de Madri, um dos melhores da atualidade. Giovanni Simeone, 21 anos, filho de Diego, é talentoso e deve em breve ganhar espaço no time do River Plate.

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