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O grupo da morte na Copa da Rússia é o da Argentina

Luís Curro

Em todo sorteio de Copa do Mundo, um grupo é batizado de “o da morte”.

No Mundial do Brasil, em 2014, essa chave incluía Itália, Inglaterra, Uruguai (três campeões mundiais) mais a Costa Rica. Uruguaios e costa-riquenhos se classificaram.

Na minha avaliação, desta vez quem deu azar foi a Argentina. O grupo mais complicado da Copa da Rússia é o D, no qual nossos vizinhos terão pela frente, nesta ordem, Islândia, Croácia e Nigéria.

Tiro essa conclusão com base no momento de cada seleção, que não deve se modificar de forma drástica até o início da competição, no dia 14 de junho de 2018.

A Islândia, um dos dois estreantes em Copa (o outro é o Panamá) e o menor país em população a estar em um Mundial (cerca de 335 mil), é difícil? Atualmente, bastante.

É a seleção que mais status ganhou recentemente, devido ao desempenho na Eurocopa da França, em 2016, na qual eliminou a Inglaterra nas oitavas de final – só parou no jogo seguinte, diante dos anfitriões.

Também se classificou direto para o Mundial russo, sem necessidade de repescagem, diferentemente de Suíça (um dos rivais do Brasil), Suécia, Dinamarca e Croácia.

É um dos melhores conjuntos do futebol, e seu treinador, Heimir Hallgrímsson, tem a convicção de que pode derrotar qualquer adversário, em qualquer lugar e em qualquer condição. “Entramos em cada jogo para vencer”, disse em entrevista a “O Mundo é Uma Bola”.

Os grupos da Copa do Mundo da Rússia; Argentina deve ter muita dificuldade contra Islândia, Croácia e Nigéria

Ah! Mas a Argentina jogará contra a Croácia, que precisou da repescagem para se classificar… Sim, ficou atrás da Islândia no grupo e teve de encarar um mata-mata para carimbar seu passaporte para a Rússia.

Houve problemas de relacionamento entre o então treinador, Ante Cacic, e alguns jogadores, como o capitão Luka Modric, que prejudicaram o desempenho da equipe no classificatório. Assumiu Zlatko Dalic, e a Croácia eliminou sem dificuldade a Grécia na repescagem.

Os croatas são a mais sul-americana das seleções europeias, no estilo de jogo.

Ofensivamente, no papel, é um time fortíssimo, considerando-se os valores individuais: os meias Modric (Real Madrid), Rakitic (Barcelona) e Brozovic (Inter de Milão), os atacantes Mandzukic (Juventus), Kalinic (Milan) e Perisic (Inter de Milão). Os laterais Vrsaljko (Atlético de Madrid) e Strinic (Sampdoria) estão acima da média.

A Nigéria passou pelo grupo da morte das eliminatórias africanas. O sorteio a colocou em uma chave com Argélia, Camarões (seleções que também estiveram na Copa no Brasil, em 2014) e Zâmbia.

E os jovens nigerianos – a média de idade da seleção é de 23,8 anos – se classificaram bonito, invictos nesses confrontos, com quatro vitórias e dois empates.

É sabido que há instabilidades frequentes no futebol africano, especialmente na chamada África Negra, com muitos altos e baixos em campo e discussões sobre premiações fora dele que afetam o ambiente, e a Nigéria não foge à regra.

Porém os nigerianos, como os croatas, têm vários talentos do meio para a frente: Moses (Chelsea), Iwobi (Arsenal), Iheanacho e Musa (Leicester, ambos). Todos sob a liderança do experiente capitão John Obi Mikel (ex-Chelsea), de 30 anos, que é volante.

Em Copas do Mundo, a Nigéria sempre ofereceu resistência nos confrontos com os argentinos, todos na primeira fase. Perdeu de pouco todas as vezes: 2 a 1 nos EUA-1994 (começou ganhando e levou a virada), 1 a 0 na Coreia/Japão-2002, 1 a 0 na África do Sul-2010, 3 a 2 no Brasil-2014 (saiu atrás e empatou, ficou de novo em desvantagem e voltou a reagir, antes de sofrer o gol da derrota).

No mês passado, em amistoso em Krasnodar – uma das cidades-sedes do próximo Mundial –, os nigerianos impuseram um 4 a 2 aos argentinos. Mostraram, alguns meses antes da Copa do Mundo, do que são capazes.

Nesse cenário, a Argentina, que penou para se classificar para a Copa (somente na última rodada das eliminatórias da América do Sul), só pode ser considerada favorita nesse grupo, com islandeses, croatas e nigerianos, devido a um diferencial.

Um senhor diferencial, diga-se. Que atende pelo nome de Lionel Messi.

Em tempo 1: O Brasil de Tite teve sorte no chaveamento. Poderia ser um pouco melhor (pois o rival que veio do pote 4 é a mediana Sérvia e não Arábia Saudita, Coreia do Sul, Japão ou Marrocos, todos mais fracos), mas não dá para reclamar – não há Espanha nem Inglaterra no caminho. Neymar e companhia pegarão o ferrolho suíço na estreia; será um jogo de ataque contra defesa, no qual a seleção nacional deve prevalecer. A Costa Rica tem um futebol alegre, um goleiro muito bom (Navas, do Real Madrid) e não mais que isso. A Sérvia, como a Croácia uma ex-república iugoslava, é hoje, resumidamente, uma Croácia piorada.

Em tempo 2: Olhe para este grupo, o H, com Polônia, Senegal, Colômbia e Japão. Desinteressante? Aparentemente, sim. É o único que não conta com um campeão do mundo. Mas, pela presença de três craques, valerá acompanhar os seus jogos. Dois deles são do Bayern de Munique: o superartilheiro polonês Lewandowski e o meia colombiano James Rodríguez (artilheiro da Copa de 2014, com seis gols, e também autor de um dos tentos mais bonitos, nas oitavas de final contra o Uruguai). O terceiro é o senegalês Sadio Mané, que atualmente forma uma quadra de ataque no Liverpool de arrepiar, junto com os brasileiros Philippe Coutinho e Roberto Firmino e o egípcio Mohamed Salah. Os melhores jogadores do Japão são Kagawa (Borussia Dortmund) e Honda (ex-Milan, hoje no mexicano Pachuca).

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