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A história a favor (menos) e contra (mais) o Grêmio na final da Libertadores

Luís Curro
O treinador Renato Gaúcho gesticula durante treino na Arena do Grêmio; clube gaúcho busca contra o Lanús seu 3º título de Libertadores (Diego Vara – 21.nov.2017/Reuters)

Grêmio e Lanús, da Argentina, começam a decidir nesta noite, em Porto Alegre, a Libertadores de 2017. O jogo de volta é na próxima quarta (29), em Lanús, na Grande Buenos Aires.

Considerando a tradição dos dois times, o Grêmio é o favorito.

Já ganhou duas vezes a Libertadores (1983 e 1995), tendo sido vice-campeão em outras duas ocasiões (1984 e 2007), e esta é a sua 17ª participação no mais importante interclubes do continente. Apenas o São Paulo, com 18, jogou mais o torneio, entre os brasileiros.

O Lanús joga a competição, que existe desde 1960, apenas pela sexta vez e é estreante em decisão.

No papel, o Grêmio também é mais time.

Entre seus titulares, há cinco selecionáveis (o goleiro Marcelo Grohe, o zagueiro Geromel, o volante Arthur e os atacantes Luan e Lucas Barrios, este último, paraguaio), contra quatro do Lanús (o lateral-direito Gómez, o volante Marcone e os atacantes Acosta e Silva, este último, uruguaio).

Além disso, o time gaúcho conta na zaga com um campeão de Libertadores – parceiro de Geromel, o argentino Kannemann ergueu a taça com o San Lorenzo, em 2014 – e no banco com um técnico que também já sentiu o gosto desse título – Renato Gaúcho, ídolo gremista, faturou o torneio 34 anos atrás, quando era um excepcional ponta-direita.

Se o Grêmio possui esses prós, há algumas estatísticas que jogam contra a equipe porto-alegrense, que pode se igualar ao São Paulo e ao Santos como os time brasileiros com mais títulos (três) – no confronto regional, a conquista terá ainda mais sabor, se acontecer, pois o Grêmio ficará à frente do arquirrival Internacional, dono de duas Libertadores (2006 e 2010).

Eis então os contras, que são mais numerosos.

No confronto Brasil x Argentina em decisões de Libertadores, os clubes brasileiros perdem de goleada: 9 a 4 para os hermanos.

Só o Santos de 1963 (com Gylmar, Mauro, Coutinho, Pelé, Pepe e o técnico Lula), o Cruzeiro de 1976 (com Raul, Nelinho, Piazza, Jairzinho, Palhinha e o técnico Zezé Moreira), o São Paulo de 1992 (com Zetti, Cafu, Ronaldão, Raí, Müller e o técnico Telê Santana) e o Corinthians de 2012 (com Cássio, Chicão, Paulinho, Romarinho, Emerson Sheik e o técnico Tite) superaram uma equipe da Argentina na final da competição. Bateram, respectivamente, Boca Juniors, River Plate, Newell’s Old Boys e Boca Juniors.

Porém nove vezes brasileiros sucumbiram ante argentinos, incluindo o Grêmio, duas vezes: perdeu do Independiente, em 1984, e do Boca Juniors, em 2007. Nessas quatro partidas, o Tricolor não anotou um único gol.

Os outros reveses foram estes: Palmeiras (Estudiantes em 1968 e Boca Juniors em 2000), São Paulo (Independiente em 1974 e Vélez Sarsfield em 1994), Cruzeiro (Boca Juniors em 1977 e Estudiantes em 2009) e Santos (Boca Juniors em 2003).

Jogadores do Lanús comemoram a vitória por 4 a 2 sobre o River Plate que classificou a equipe para sua 1ª decisão de Libertadores (31.out.2017/Reuters)

Ao Lanús a escrita ainda é favorável quando a referência é o sucesso de uma equipe argentina em sua primeira final de Libertadores. Independiente, Estudiantes, Argentinos Juniors, Racing, Vélez e San Lorenzo triunfaram de cara. Boca, River e Newell’s perderam.

Um sucesso de 67%, contra 54% dos brasileiros.

Santos, Cruzeiro, Flamengo, Grêmio, Atlético-MG, Corinthians e Vasco ganharam ao disputar pela primeira vez a decisão. Saíram derrotados Palmeiras, São Paulo, Internacional, Atlético-PR, Fluminense e São Caetano.

Além disso, os argentinos, que foram quem mais vezes se sagraram campeões da Libertadores (em 24 das 57 edições), são muito mais bem-sucedidos do que os brasileiros em finais.

Quando clubes argentinos chegam ao derradeiro mata-mata, geralmente ganham: em 33 finais, perderam somente 9. Equipes brasileiras marcaram presença em 32 decisões, ganhando pouco mais da metade: 17.

Por fim, ao Grêmio é muito importante vencer, e de preferência por boa margem de gols, a partida de ida, em sua arena.

O motivo: desde 1988, quando a Conmebol (entidade que rege o futebol na América do Sul) limitou a dois jogos a decisão da Libertadores (até então era previsto um duelo de desempate, em campo neutro, caso os finalistas fizessem o mesmo número de pontos na ida e na volta), o clube que atuou em casa no segundo confronto saiu de campo campeão em 18 das 29 vezes (62%).

Assim, para ganhar a Libertadores, o Grêmio desafiará 1) a ampla desvantagem brasileira no confronto direto em finais com clubes da Argentina (4 a 9); 2) a sua ineficácia em decisões contra os times argentinos (0 a 2); 3) a maior eficiência dos vizinhos na competição, tanto no número de títulos (24 a 17) como no desempenho em finais (73% contra 53% no aproveitamento); e 4) a desvantagem de atuar longe de sua arena/torcida no jogo decisivo.

A seu favor, terá a força da camisa e um punhado ligeiramente superior de talentos individuais.

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Em tempo: Já expus que a Argentina é o país que tem mais títulos na Libertadores: 24. O Brasil tem 17, e o Uruguai, 8. E que clube foi mais vezes campeão? Sim, um argentino. O Independiente disputou sete finais – e ganhou todas (a primeira em 1964, a última em 1984). Outro argentino, o Boca Juniors, vem logo a seguir, com seis taças. O uruguaio Peñarol venceu a competição cinco vezes, e outro argentino, o Estudiantes, quatro.

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