Falta de brilho e de feitos deixa brasileiros fora do The Best
A Fifa divulgou a lista de dez candidatos ao The Best, o seu prêmio de melhor do mundo (temporada 2017/2018), sem nenhum brasileiro.
Note o leitor: brasileiro, no masculino. Pois na disputa feminina Marta, cinco vezes a melhor do mundo (a última já faz tempo, em 2010), mais uma vez está lá.
Nem Neymar, nosso melhor jogador, conseguiu concorrer. Aliás, é um duríssimo golpe para o camisa 10, que tem o sonho de faturar o troféu, não constar nem no top 10.
O painel de 13 especialistas da Fifa (entre eles o brasileiro Carlos Alberto Parreira) que selecionaram os dez nomes optou por três franceses, dois belgas, um croata, um português, um argentino, um inglês e um egípcio.
Quais os feitos/trunfos de cada um?
- Mbappé (França/Atacante/Paris Saint-Germain) – Campeão da Copa-2018, quatro gols no torneio, eleito o melhor jogador jovem da competição, campeão do Campeonato Francês
- Griezmann (França/Atacante/Atlético de Madri) – Campeão da Copa-2018, quatro gols no torneio, eleito o melhor jogador da final e o terceiro melhor da competição, 19 gols no Campeonato Espanhol
- Varane (França/Zagueiro/Real Madrid) – Campeão da Copa-2018, um gol no torneio, campeão da Liga dos Campeões da Europa
- Hazard (Bélgica/Meia-atacante/Chelsea) – Terceiro colocado na Copa-2018, três gols no torneio, eleito o segundo melhor da competição
- De Bruyne (Bélgica/Meia/Manchester City) – Terceiro colocado na Copa-2018, um gol no torneio, campeão do Campeonato Inglês, líder de assistências do Campeonato Inglês (16)
- Modric (Croácia/Meia/Real Madrid)- Vice-campeão da Copa-2018, dois gols no torneio, eleito o melhor jogador da competição, campeão da Liga dos Campeões da Europa
- Cristiano Ronaldo (Portugal/Atacante/Real Madrid) – Quatro gols na Copa-2018, campeão da Liga dos Campeões da Europa, artilheiro da Liga dos Campeões da Europa (15 gols), vice-artilheiro do Campeonato Espanhol (26 gols)
- Messi (Argentina/Atacante/Barcelona) – Um gol na Copa-2018, campeão do Campeonato Espanhol, artilheiro do Campeonato Espanhol (34 gols), colíder de assistências do Campeonato Espanhol (12)
- Kane (Inglaterra/Atacante/Tottenham) – Quarto colocado na Copa-2018, seis gols (artilheiro) do torneio, vice-artilheiro do Campeonato Inglês (30 gols)
- Salah (Egito/Atacante/Liverpool) – Dois gols na Copa-2018, artilheiro do Campeonato Inglês (32 gols), vice-campeão da Liga dos Campeões da Europa
A maioria teve momentos constantes de brilho na temporada (exceções feitas a Mbappé, ótima Copa, aquém da expectativa com o PSG, e a Hazard, grande Copa, atuações instáveis pelo Chelsea), e sete conquistaram títulos relevantes (Mbappé, Griezmann, Varane, Modric, Cristiano Ronaldo, Messi e De Bruyne).
Dos sem título, Salah obteve uma façanha: seus 32 gols foram o recorde do Campeonato Inglês no formato com 20 equipes na disputa; Kane, capitão da Inglaterra, ficou só dois gols atrás do egípcio e se gabaritou com a artilharia na Copa russa; Hazard, capitão da Bélgica, comandou sua seleção ao inédito terceiro lugar no Mundial.
Na comparação com todos eles, os brasileiros que poderiam pleitear ser o melhor do mundo estão em desvantagem.
Supervalorizados, ganharam o que nos últimos 12 meses, tendo papel determinante? Nada.
- Neymar – Jogador mais caro da história (custou € 222 milhões ao Paris Saint-Germain, ou R$ 971 milhões pelo câmbio atual). Incluiu no currículo três taças em seu primeiro ano no PSG: Francês, Copa da França e Copa da Liga Francesa. Em nenhum dos jogos de título, porém, esteve em campo, devido a uma contusão no pé que o afastou de fevereiro a maio. Na Copa, fez dois gols, mas a imagem que ficou foi a de se jogar demais e de teatralizar suas quedas
- Philippe Coutinho – Terceiro jogador mais caro da história (custou € 120 milhões ao Barcelona). Campeão espanhol, sendo titular em só 16 partidas, pois chegou na metade do campeonato. Seu ex-clube, o Liverpool, disputou a decisão da Champions League. Começou bem a Copa, com dois gols nas duas primeiras partidas, depois perdeu rendimento
- Alisson – Goleiro mais caro da história (custou € 62,5 milhões ao Liverpool). Nenhum título ganho com a Roma. No Campeonato Italiano, foi o segundo goleiro menos vazado (28 gols em 37 partidas); porém na badalada Liga dos Campeões, na semifinal contra o Liverpool, não fechou o gol, pelo contrário: na soma dos dois jogos, tomou sete gols. Na Copa, há quem esteja certo de que ele falhou no gol da Suíça e no primeiro gol da Bélgica – eu discordo
O prêmio é de melhor do mundo no período de 12 meses, então faz-se necessário jogar futebol de primeiríssima linha nesse intervalo, ser decisivo em momentos cruciais das mais conceituadas competições, leia-se Liga dos Campeões e/ou Copa do Mundo, e de preferência obter alguns recordes.
Quem merece levar o The Best de 2018, na cerimônia de gala em Londres no dia 24 de setembro, uma segunda-feira?
A meu ver, ainda desta vez, Cristiano Ronaldo, por causa da excelente Champions League (os 15 gols, sendo um deles maravilhoso, de bicicleta, comprovam isso, apesar de ter faltado balançar as redes na decisão) e da Copa do Mundo digna (foram quatro gols, afinal).
A figura do CR7, 33 anos nas costas e recém-contratado pela Juventus, continua proeminente, e acredito que os votantes (público, jornalistas, treinadores das seleções e capitães das seleções, com o peso de 25% para cada fatia) lhe darão condições de superar os rivais, mesmo que por margem estreita.
E Messi? Cinco vezes o melhor do planeta, como o português, precisava de uma Copa espetacular. Como fracassou, não deve ficar nem entre os três finalistas.
Em tempo: Não será uma enorme surpresa se o troféu acabar nas mãos de Mbappé. Aos 19 anos, ele é o novo xodó dos amantes da bola mundo afora.