Os caras de Tite – É concebível antever 17 dos 23 que serão convocados para a Copa
“Claro que ainda está aberto. Seis, sete, oito jogadores para a confirmação de uma convocação.”
Essas palavras são de Tite, o treinador da seleção brasileira, que esteve presente em um jogo beneficente nesta quinta (21), no RJ, e referem-se ao número de vagas ainda abertas na relação dos que serão chamados para a Copa do Mundo de 2018.
Ainda com alguns meses para o início da competição na Rússia, é mesmo prematuro fechar a lista dos 23. Podem ocorrer lesões, e há posições em que não há nomes incontestáveis.
É possível, contudo, ter várias certezas.
Escrevo sem medo que 17 atletas, a não ser que se machuquem, irão ao Mundial.
O time titular, aliás, está definido: Alisson; Daniel Alves, Marquinhos, Miranda e Marcelo; Casemiro, Renato Augusto e Paulinho; Philippe Coutinho, Gabriel Jesus e Neymar.
Também não vejo risco de ficarem fora: Cássio e Ederson (goleiros), Thiago Silva (zagueiro), Fernandinho (volante), Willian (meia-atacante) e Firmino (atacante).
Eis as argumentações:
- Cássio é goleiro experiente (30 anos) e com título mundial (pelo Corinthians, em 2012) no currículo;
- Thiago Silva, Fernandinho e Willian, além de terem na bagagem uma Copa do Mundo (a de 2014), o que lhes torna entendidos do riscado (e isso é uma vantagem, independentemente do trágico final para o Brasil no Mundial em casa), estão em grande fase em seus respectivos clubes (PSG, Manchester City e Chelsea). A regularidade dos três impressiona. Willian, aliás, é o 12º jogador de Tite.
- Ederson é o segundo goleiro mais caro da história (o Manchester City pagou € 40 milhões para tirá-lo do Benfica), atrás apenas do italiano Buffon (€ 53 milhões, em 2001, quando a Juventus o tirou do Parma). Tite não abrirá mão do jovem talento (24 anos) que está sendo lapidado por Pep Guardiola e faz até aqui um excelente Campeonato Inglês.
- Firmino deu um basta nos altos e baixos há alguns meses e será o reserva de Gabriel Jesus. Está em seu melhor momento desde a chegada ao Liverpool, em 2015. Tem jogado otimamente tanto no Inglês como na Liga dos Campeões (seis gols e três assistências na Champions, sete gols e quatro assistências na Premier League, números muito bons, especialmente no interclubes europeu).
Feita a soma, 11 + 6 = 17. Para chegar a 23, faltam 6.
Ao considerar oito “dúvidas”, Tite inclui nelas um dos goleiros reservas (optando talvez pelo gremista Marcelo Grohe, campeão da Libertadores e vice-campeão mundial) e Firmino (optando por… não sei… falta um ótimo nome). Mas não há por que não ter convicção em relação a Cássio, Ederson ou Firmino (pelos motivos expostos acima).
Seis vagas. A menos de seis meses da Copa, são as que restam.
E eis os postulantes, por posição:
- Lateral-direito – Fagner (Corinthians) ou Danilo (Manchester City). Meu palpite: Danilo (é mais jogador, apesar de hoje estar na reserva no Manchester City).
- Lateral-esquerdo – Filipe Luis (Atlético de Madri) ou Alex Sandro (Juventus). Meu palpite: Filipe Luis (por ter mais experiência e ser melhor marcador).
- Zagueiro – Jemerson (Monaco), Rodrigo Caio (São Paulo) ou Geromel (Grêmio). Prestigiado por um longo período, o ex-corintiano Gil (que joga no futebol chinês) está em baixa. Prestigiado por curtíssimo período, David Luiz (Chelsea), idem. Jemerson e Rodrigo Caio têm figurado nas últimas convocações, mas o capitão gremista ganhou enorme projeção pelas recentes atuações sólidas. Meu palpite: Rodrigo Caio (por ser mais eclético, podendo atuar também como lateral-direito e volante, se necessário).
- Meio-campistas – Giuliano (Fenerbahçe), Diego (Flamengo), Hernanes (São Paulo) e Arthur (Grêmio). Meus palpites: Giuliano (longe de ser convincente, mas xodó de Tite) e Hernanes (por poder atuar como volante e meia, por ser ambidestro e por ter feito um baita Campeonato Brasileiro, além de ter estado, como reserva, na Copa de 2014).
- Atacante – Diego Souza (Sport), Douglas Costa (Juventus), Taison (Shakhtar), Luan (Grêmio) e Diego Tardelli (Shandong Luneng, da China). Meu palpite: Taison (infelizmente, porque o considero fraco para a seleção; porém, como Giuliano, tem o apreço de Tite). Gostaria que o escolhido fosse Douglas Costa, jogador veloz e habilidoso que pode mudar o panorama de uma partida.
Reconheço que do meio para a frente é inglório escolher. Tanto pela falta de nomes espetaculares como pelas distintas características de quase todos os citados. Pincei nos palpites dois no meio (Giuliano e Hernanes) e um no ataque (Taison), mas poderia ter feito o inverso.
No meio, Arthur, revelação do Grêmio que interessa ao Barcelona, é um volante que mais marca do que arma; Hernanes, um volante-meia que cria e sabe marcar; tanto Diego como Giuliano, meias armadores que não são bons na marcação, em especial o flamenguista.
Entre as opções para o ataque, Douglas Costa é um ponta; Taison joga pelos lados do campo, mas fecha pelo meio com frequência; Tardelli, o contrário (atacante mais centralizado que sabe, e gosta de, se aventurar pelas pontas); Diego Souza, meia de origem, pode fazer as vezes de centroavante (a seleção não tem hoje alguém assim, com presença mais fixa na área) devido ao bom porte físico; e Luan é um segundo atacante que adora recuar para conduzir habilmente a bola.
Percebe-se a farta quantidade de variáveis e que, assim sendo, o quebra-cabeças de Tite não é fácil.
As próximas (e últimas) dicas para montá-lo virão em março, quando a seleção fará seus derradeiros amistosos (diante de Rússia e Alemanha) antes da convocação para a Copa.
Em tempo: Não citei os atacantes Jô (Corinthians, de saída para o futebol japonês) nem Henrique Dourado (Fluminense), coartilheiros do Brasileiro deste ano, nem o meia-atacante Thiago Neves (Cruzeiro), escolhido para duas das seleções do campeonato (a da CBF e a da Bola de Prata, esta promovida pela ESPN), porque o trio parece estar fora do radar de Tite.