Coronavírus cancela Bola de Ouro e evita que Messi ameace Pelé
O coronavírus fez mais uma vítima no esporte.
Depois de afetar, entre outros, os campeonatos Francês e Holandês, que não chegaram ao fim, a pandemia de Covid resultou no cancelamento da Bola de Ouro.
Pascal Ferré, editor-chefe da revista bissemanal France Football, fundadora e organizadora do prêmio, explicou as razões da não realização da eleição em 2020.
“Acreditamos que um ano tão singular não deveria, e não poderia, ser tratado como um ano comum.”
“De uma perspectiva esportiva, dois meses [janeiro e fevereiro], dos 11 que geralmente são necessários para decidir quem erguerá o troféu, representam muito pouco para julgar. Os demais jogos foram realizados, ou ainda serão, em condições incomuns [com portões fechados e permitindo-se cinco substituições por partida, por exemplo].”
“Por fim, a equidade que prevalecia para o prêmio não será assegurada; todos os concorrentes não estarão no mesmo barco, alguns tendo a temporada reduzida. Desse modo, como estabelecer uma comparação justa?”
À circonstances exceptionnelles, dispositions exceptionnelles. Pour la première fois de son histoire, débutée en 1956, le #Ballondor France Football ne sera pas attribué en 2020, faute de conditions équitables suffisantes.
Nos explications sur ce choix : https://t.co/LgRr8GCuKD pic.twitter.com/Z1x3L3QBGV
— France Football (@francefootball) July 20, 2020
A Bola de Ouro é o tradicional prêmio dado pela France Football ao melhor jogador de cada temporada. Jornalistas selecionados pela revista (de 176 países, na última eleição) são os responsáveis por escolher o vencedor.
Cobiçadíssima, ela existe desde 1956 (a versão feminina foi criada apenas em 2018), e o primeiro ganhador foi o inglês Stanley Matthews (1915-2000), à época jogador do Blackpool.
O vencedor mais recente é o argentino Lionel Messi, do Barcelona, que faturou a comenda seis vezes (2009 a 2012, 2015 e 2019).
De 2010 a 2015, a publicação francesa fez uma parceria com a Fifa, que também entregava seu prêmio anualmente (Melhor do Mundo, desde 1991).
Em 2016 houve a cisão, e a France Football voltou a entregar sozinha a Bola de Ouro; a Fifa, por seu lado, renomeou seu prêmio para The Best –que neste ano, se não for cancelado, chegará à sua quinta edição.
Messi, que alguns atestam como o maior vencedor da Bola de Ouro, não o é.
Isso porque, em 2016, a France Football fez uma revisão da premiação, que até 1995 era concedida somente a futebolistas europeus.
Nesse processo, Pelé foi considerado o melhor do mundo em sete anos (1958 a 1961, 1963, 1964 e 1970), Garrincha em 1962, e Romário em 1994.
Os eleitos originalmente, entretanto, não tiveram suas conquistas revogadas.
Assim, 12 das edições ficaram com dois vencedores cada um –os argentinos Maradona (1986 e 1990) e Kempes (1978) também foram agraciados com a Bola de Ouro.
Outros brasileiros que conquistaram o belo troféu foram Ronaldo Fenômeno (1997 e 2002), Rivaldo (1999), Ronaldinho (2005) e Kaká (2007).
Feita a soma, são sete os brasucas donos de pelo menos uma Bola de Ouro.
Os países que mais se aproximam do Brasil são Itália (cinco vencedores: Sívori, Rivera, Paolo Rossi, Baggio e Cannavaro) e Alemanha (também cinco: Gerd Müller, Beckenbauer, Rummenige, Matthäus e Sammer).
Individualmente, este é o ranking: Pelé (sete conquistas), Messi (seis), Cristiano Ronaldo (cinco), Platini, Cruyff e Van Basten (três cada um).
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Em tempo: Mesmo em uma temporada atípica, é possível nomear os destaques até agora: Lewandowski (Bayern de Munique), Messi (Barcelona), Cristiano Ronaldo (Juventus), Benzema e Sergio Ramos (Real Madrid). Enfatizo o “até agora” porque ainda há pela frente a reta final da Champions League, que pode dar status considerável a jogadores que até aqui ficaram à sombra da concorrência, casos de Neymar e Mbappé (PSG), Timo Werner (Leipzig) e De Bruyne (Manchester City).