Mbappé traça como meta ganhar tudo; conheça melhor o jovem craque
Nesta reta final de 2018, é necessário escrever sobre o francês Kylian Mbappé, de quem muito pouco escrevi até hoje neste espaço.
Uma das primeiras citações a ele (a segunda, se não me engano) foi no dia 16 de março de 2017, em texto que abordava a dificuldade de Pep Guardiola engrenar no Manchester City, então eliminado pelo Monaco da Champions League ao perder por 3 a 1 como visitante.
Eis o trecho em que aparece o nome do mancebo: “O artilheiro Falcao Garcia não atuou, contundido. Sua experiência, dessa vez, não fez falta. Quem jogou na frente e abriu o placar tem só 18 anos. Mbappé Lottin. Que já tinha feito um gol na partida de ida, na Inglaterra (5 a 3 para o City). Guarde o nome dele”.
Eu jamais saberia dizer se teve gente que guardou. Mas soube agora que muitos, sim, guardaram.
As pessoas passaram desde o início de 2017 a ter curiosidade por Mbappé, como comprovado em reportagem da Folha, publicada no domingo (9), que o relaciona, junto com a candidata a vice-presidente Manuela D’Ávila e a cantora Melody, como a pessoa que mais ascendeu em sua área de atuação de 2015 a 2018, de acordo com os usuários da Wikipédia em português.
No meio do ano passado, ele foi anunciado pelo Paris Saint-Germain, o endinheirado clube francês, que acertou com o Monaco o pagamento de € 180 milhões (R$ 801,7 milhões pelo câmbio atual) para ter o futebol do garoto-prodígio.
É a segunda transação mais cara da história do futebol, atrás apenas da de Neymar, seu companheiro na equipe parisiense – o PSG pagou € 222 milhões pelo atacante brasileiro.
O interesse do público por Mbappé aumentou ainda mais na metade deste ano, depois de ele ter atuações marcantes em dois jogos da Copa do Mundo da Rússia: França 4 x 3 Argentina, nas oitavas de final (fez dois gols e sofreu um pênalti) e França 4 x 2 Croácia, na final (marcou o último gol francês).

Prestes a completar 20 anos (faz aniversário no dia 20 deste mês), Mbappé é, com alguma sobra, o futebolista jovem mais talentoso da atualidade.
Está hoje léguas à frente dos mais conceituados garotos brasileiros, como Richarlison (em alta no Everton), Gabriel Jesus (em baixa no Manchester City), ambos com 21 anos, e Vinícius Júnior, 18 (que luta para ter mais minutos no Real Madrid).
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No começo da semana passada, Mbappé esteve presente à cerimônia de entrega da prestigiada Bola de Ouro, da revista France Football, oferecida desde 1956 ao melhor jogador da temporada (neste ano o vencedor foi o meia croata Luka Modric), para receber o recém-criado prêmio de melhor jogador jovem (até 21 anos) de 2018.
Na disputa principal, ele terminou na quarta colocação, atrás somente de Modric, do português Cristiano Ronaldo e do compatriota Griezmann.
Somou 347 pontos na votação e ficou à frente de Messi (5º) e de Mohamed Salah (6º), e muito à frente de Neymar (12º), o brasileiro mais bem colocado, com modestíssimos 19 pontos – Roberto Firmino ficou em 19º; Marcelo, em 22º; e Alisson, em 25º.
Nesse evento, Mbappé foi direto e sucinto quando questionado pelo apresentador se seu próximo objetivo era amealhar a Bola de Ouro. “Não. Meu próximo objetivo é ganhar tudo.”

Percebe-se, com essa lacônica resposta, que Mbappé está com fome: de títulos e de prêmios.
Enquanto eles não vêm (e estou certo de que virão), o que é interessante, e recente, saber sobre ele?
Faço uma breve exposição em três tópicos – nenhum deles mencionado no texto em português da Wikipédia.
Foi superfã de Cristiano Ronaldo
Reportagem publicada em julho pelo jornal Daily Mail relata a paixão juvenil de Kylian, então com 14 anos, pelo CR7.
Fotos mostram as paredes de seu quarto, em residência no subúrbio de Paris, tomadas por duas dúzias de pôsteres do supercraque com a camisa do Real Madrid. “Ele passava horas vendo vídeos de Cristiano Ronaldo na internet”, disse seu pai, Wilfried, em 2015 à France Football.
O diário britânico também publicou uma foto de uma visita de Mbappé garoto ao astro português.
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Fez reverências a Pelé
“The king will always remain king” (O rei sempre continuará rei).
Com essa frase, Mbappé respondeu a mensagem de Pelé, que depois da final da Copa russa, quando o francês se tornou o primeiro jogador com menos de 20 anos, depois dele, a fazer gol em uma decisão de Mundial (na Suécia, em 1958, o brasileiro tinha 17 anos), escreveu: “Se Mbappé continuar a igualar os meus recordes assim, eu vou ter que tirar a poeira das minhas chuteiras novamente”.
Em setembro, depois de receber de Pelé uma camisa do Santos, autografada, Mbappé novamente reverenciou, em rede social, o melhor jogador da história (sim, até hoje insuperável): “Obrigado por esse presente maravilhoso, Rei”.
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Espantou-se com as cifras do futebol
“É verdadeiramente indecente para mim, que venho de uma família bastante humilde”, declarou Mbappé, no mês passado, à RTS (Rádio e Televisão Suíça), sobre o montante de dinheiro que circula no primeiro mundo do futebol.
A indecência, contudo, tem tom de espanto, e não de reprovação. Pelo contrário. O atacante não tem nada a reclamar da remuneração anual de € 17,5 milhões (R$ 78 milhões) que o PSG lhe paga. “É indecente, mas o mercado é assim. O mundo do futebol funciona assim.”
O que não significa que ele quer tudo o que ganha para si. O jornal francês L’Équipe publicou que Mbappé doou o prêmio recebido pela conquista da Copa do Mundo para uma entidade beneficente que presta auxílio a crianças deficientes e hospitalizadas.
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Em tempo: Mbappé é uma das esperanças do PSG para assegurar nesta terça (11) a classificação para os mata-matas da Liga dos Campeões da Europa, o sonho de consumo do clube, que recebeu investimento portentoso de origem qatariana para chegar lá. Como Neymar se recupera de lesão e pode não jogar, sua responsabilidade pode crescer na partida diante do Estrela Vermelha, na Sérvia. Uma vitória põe o time francês nas oitavas de final. Se isso não acontecer, para avançar precisa torcer para o Liverpool parar no Napoli.