Jogador impedido de jogar por 14 segundos recebe a camisa 14
Um dos mais surpreendentes campeões da história do futebol inglês, na temporada 2015/2016, o Leicester fracassou ao tentar repetir o desempenho posteriormente.
No campeonato seguinte, mantendo a base do time campeão, flertou com a zona de rebaixamento e só ganhou respiro depois da demissão do treinador Claudio Ranieri, substituído por Craig Shakespeare em fevereiro.
Para a atual Premier League, o Leicester, com o intuito de fortalecer o elenco para brigar na parte de cima da tabela, foi ao mercado em busca de alguns reforços.
Para o ataque, contratou Iheanacho, nigeriano sem espaço no Manchester City depois da chegada de Gabriel Jesus.
Para a defesa, chegaram o volante Iborra (do Sevilla) e os zagueiros Maguire (do Hull City) e Dragovic (do Bayer Leverkusen, por empréstimo), além do goleiro Jakupovic (também do Hull City).
O principal nome a ser anunciado, porém, seria o hábil e bom passador Adrien Silva (capitão do Sporting de Lisboa), português de 28 anos campeão europeu em 2016 com a seleção de seu país.
O homem para cadenciar e/ou acelerar o jogo do Leicester no setor de criação, carente de um atleta com as características de Adrien, que nasceu na França e tem dupla cidadania.
E ele foi mesmo anunciado, em um negócio de £ 22 milhões (R$ 92 milhões pelo câmbio atual), a terceira mais cara contratação do clube – atrás da do centroavante argelino Slimani, que chegou em 2016 por £ 27,5 milhões e não causou impacto, e da de Iheanacho (£ 25 milhões).
Só que até agora Adrien não entrou em campo, e a temporada já começou há mais de dois meses.
Eis a razão: o Leicester, em movimento típico de brasileiros (“deixar tudo para a última hora”), e não de ingleses, perdeu o prazo para enviar à Fifa a papelada para o registro.
O atraso foi de exatos 14 segundos.
A entidade máxima do futebol não abriu exceção. Definiu que a negociação de Adrien vale para a próxima janela de transferências (o período em que os clubes têm para vender e comprar jogadores); sendo assim, ele só poderá jogar pelo Leicester a partir de janeiro.
Com a negativa, o clube inglês cogitou desfazer a negociação e devolver o atleta à equipe portuguesa, que discordava. E Adrien não foi integrado ao elenco dos Foxes (raposas) – a mascote do Leicester é uma raposa.
No fim da semana passada, o meia enfim apareceu em um treino com os companheiros (vinha treinando separadamente), e o técnico Shakespeare declarou que ele seguirá a mesma rotina dos colegas.

Curiosamente, Adrien vestia a camisa 14.
O mesmo número dos segundos de atraso na documentação que o impedem de jogar desde 23 de agosto (quando atuou em vitória do Sporting pela fase classificatória da Liga dos Campeões da Europa) e ainda o impedirão por mais dois meses e meio.
Se é uma coincidência ou não, até agora não se esclareceu.
Setores da mídia dão como certo tratar-se de uma homenagem do Leicester ao malfadado caso.
“Adrien Silva usa a camisa 14 – adivinhe por quê?”, titulou o “Leicester Mercury”, jornal da cidade do centro-leste da Inglaterra. A resposta: “A escolha é provavelmente óbvia na esteira da saga de sua transferência”. O periódico informa que outras opções com final 4 estavam disponíveis, como a camisa 4 e a 24, porém a Adrien foi dada a 14 – no Sporting, ele vestia a 23.
Uma interpretação que soa curiosa e estranha. Pois, ao fazer isso, o clube ironizaria o seu descuido com a pontualidade, que trouxe à tona a própria desgraça. Será o tal humor britânico?
Em tempo: O Leicester, sem o meia, continua mal. Com só 5 pontos em 7 partidas, é o antepenúltimo do Inglês e estaria rebaixado neste momento. Vai a campo nesta segunda (16), contra o West Brom, às 17h, em busca de recuperação.