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Após reação espetacular, Felipão cai nos pênaltis e afirma que torcerá por rival na Champions asiática

Luís Curro

Ao se falar na Liga dos Campeões, pensa-se imediatamente na Europa, na badaladíssima competição chamada popularmente de “Champions” – que, aliás, acaba de dar a partida na edição 2016/2017.

Porém não é só o velho continente que organiza a Champions. Ásia, África, Oceania e Américas Central e do Norte também têm as suas Ligas dos Campeões. Na América do Sul, disputa-se a Libertadores da América.

E a Champions asiática teve nesta terça (12) uma partida memorável, com brasileiros como protagonistas, em um duelo entre equipes da China.

Goleado por 4 a 0 pelo Shanghai SIPG no confronto de ida, fora de casa, o Guangzhou Evergrande, atual hexacampeão chinês, precisava ganhar por cinco gols de diferença para avançar às semifinais.

Um feito improvável para o time treinado por Luiz Felipe Scolari, já que o rival é uma equipe de ótimo nível (para os padrões chineses), que ocupa a segunda posição no Campeonato Chinês em andamento, atrás justamente do Guangzhou.

Só que os dois atacantes brasileiros que são titulares do Evergrande, Ricardo Goulart ex-(Cruzeiro) e Alan (ex-Fluminense), estavam inspiradíssimos. E, com dois gols de cada um, sendo o segundo de Goulart nos acréscimos do segundo tempo, a equipe repetiu, a seu favor, o 4 a 0 de 22 de agosto.

Prorrogação. E, nela, aos 7 minutos do primeiro tempo, Alan sofreu falta violenta de Wang Jiajie, que foi expulso. A situação se tornava sombria para os visitantes. Suplantado com sobras até aquele momento e com um jogador a menos… até que surgiu Hulk.

O atacante que tem como maiores predicados o vigor físico e a tremenda força na canhota (e que fez parte da seleção brasileira na Copa de 2014) decidiu surpreender os anfitriões.

Aos 3 minutos do segundo tempo da prorrogação, arrancou em jogada individual e sofreu falta, frontal ao gol adversário. Na cobrança, ele mesmo: Hulk abandonou a força bruta e bateu firme, porém colocado, encobrindo a barreira. A bola percorreu cerca de 25 metros e entrou na meta de Zeng Cheng.

O atacante Hulk festeja seu gol na prorrogação, fundamental para o Shanghai SIPG ganhar vida no mata-mata contra Guangzhou Evergrande, pelas quartas de final da Liga dos Campeões da Ásia (12.set.2017/AFP)

O que seu viu a partir daí foi um duelo ataque x defesa, com a equipe de Xangai tentando de todas as formas evitar que a de Guangzhou fizesse o gol que levaria a disputa para os pênaltis.

Ué, pode indagar o leitor atento, mas com o 5 a 1 o Shanghai não se classificaria, por ter feito um gol fora de casa? Não. Pelo regulamento da Champions chinesa, esse critério de desempate (utilizado quando há igualdade no saldo de gols entre os times) só vale no tempo normal. Na prorrogação, ele é “desativado”.

O time dirigido pelo português André Villas-Boas, que já foi discípulo de seu conterrâneo José Mourinho e passou por Porto, Chelsea e Tottenham, segurou-se como pôde… até um outro brasileiro, o ex-vascaíno Muriqui, que entrara no segundo tempo da partida, aparecer.

Lançado, sofreu pênalti de Wang Shenchao, que o atingiu por trás – mais um expulso do Shanghai. Goulart bateu bem, marcando seu terceiro gol no jogo. 5 a 1. Haveria pênaltis.

E, coisas do futebol, todo o esforço do Guangzhou se esvaiu na penalidades.

O vilão? Justamente Goulart, o artilheiro da noite. Primeiro a bater, ele acertou a trave.

Depois, ninguém mais errou, incluindo Alan, Muriqui, Hulk e Oscar, outro brasileiro do Shanghai que esteve na Copa-2014 sob o comando de Felipão – marcou o solitário gol do Brasil no fatídico 7 a 1 para a Alemanha, na semifinal.

Um jogo eletrizante, no qual o melhor não venceu – o que não é nenhuma novidade no futebol.

Depois da partida, restou a Felipão, que viveu intensas emoções por mais de duas horas à beira do gramado (vibrou como é praxe, efusivamente, em gols de seu time), elogiar Villas-Boas e Hulk e “vestir a camisa” não de seu clube, mas do futebol chinês.

“São os dois melhores times da China. Além de bom elenco e um ótimo técnico, (o Shanghai SIPG) ainda tem o Hulk, que está muito bem. Ele comandou o Shanghai. A partir de agora, vou torcer para eles ganharem a Liga da Ásia.”

Felipão (dir.), do Guangzhou Evergrande, e André Villas-Boas, do Shanghai SIPG, conversam antes da partida de ida, em que o time do português abriu grande vantagem no duelo pela Champions asiática ao golear por 4 a 0, com um gol e duas assistências de Hulk (Chandan Khanna – 22.aug.2017/AFP)

Para chegar à decisão, em novembro, Hulk e companhia terão de superar na semifinal um time japonês (Kawasaki Frontale ou Urawa Red Diamonds). A outra semifinal será entre Al Hilal, da Arábia Saudita, e Persepolis, do Irã.

Quem conquista a Champions asiática ganha vaga no Mundial de Clubes da Fifa, em dezembro – neste ano, será nos Emirados Árabes. Já estão classificados o Real Madrid, o Pachuca (México), o Auckland (Nova Zelândia) e o Al Jazira (campeão nacional do país-sede). Ásia, África e América do Sul ainda definirão representante.

Em tempo 1: Desde que chegou ao Guangzhou Evergrande, em 2015, Felipão faturou seis títulos: uma Liga dos Campeões da Ásia (2015), dois Campeonatos Chineses (2015 e 2016), uma Copa da China (2016) e duas Supercopas chinesas (2016 e 2017). 

Em tempo 2: A Liga dos Campeões da Ásia já realizou 35 edições, e o maior vencedor levantou a taça três vezes. É o sul-coreano Pohang Steelers, campeão em 1997, 1998 e 2009. O Guangzhou Evergrande, assim como nove outros clubes, tem duas conquistas (2013 e 2015). A Coreia do Sul é o país com mais títulos (11), seguida por Japão (5) e Arábia Saudita (4).

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