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Reserva no Real Madrid, o artilheiro da Copa de 2014 será titular no Bayern?

Luís Curro

O Bayern de Munique anunciou a contratação, por empréstimo, do meia James Rodríguez, que estava sem espaço no Real Madrid.

O talentoso colombiano de 25 anos ficará duas temporadas no clube alemão, que pagará € 5 milhões por ano ao clube espanhol.

Artilheiro da Copa do Mundo de 2014, com seis gols, e autor de um dos tentos mais bonitos da competição no Brasil (nas oitavas de final, contra o Uruguai), James busca tempo de jogo.

No Real, Zinédine Zidane não vinha lhe dando oportunidades.

Mesmo com a ausência do galês Bale por contusão, o técnico preferiu escalar Isco, e não James, na ligação entre o meio de campo e o ataque – o espanhol tem uma versatilidade que lhe permite cair pelas pontas.

James estava tão relegado a um segundo (até terceiro) plano que nem relacionado para a reserva na decisão da Liga dos Campeões da Europa, na qual o Real superou a Juventus, ele foi.

No Bayern, o colombiano se reencontrará com o italiano Carlo Ancelotti, seu treinador em 2014/2015, temporada em que James (pronuncia-se Râmes) tinha a titularidade absoluta no Real.

Naquele Campeonato Espanhol, ele fez 13 gols nas 29 partidas de que participou – começou jogando todas essas – e registrou o mesmo número de assistências, os passes que resultam em gol.

James Rodríguez em sua apresentação à torcida do Real Madrid no estádio Santiago Bernabéu, em Madri, em julho de 2014 (Daniel Ochoa de Olza – 22.jul.2014/Associated Press)

Se o Bayern se mexeu para contar com James, a lógica indica que Ancelotti pretende fazer do jogador uma peça-chave no gigante alemão, que tentará ganhar a Bundesliga pela sexta vez seguida (é o favorito disparado) e voltar a uma decisão de Champions League (a última vez foi em 2013, quando bateu o Borussia Dortmund).

Porém… quem sairia para a entrada de James?

O Bayern tem um elenco recheado de fantásticos jogadores ofensivos, e alguém terá de ser sacrificado para que o colombiano jogue. Não quero crer que ele tenha sido contratado para ficar na reserva. Seria um contrassenso.

No atual esquema de Ancelotti, jogam dois atacantes pelos lados (Robben na direita e Ribéry na esquerda), um atacante recuado (Thomas Müller) e um centroavante (Lewandowski).

James teria de ocupar a vaga de Robben, Müller ou Ribéry. Por suas características, a melhor posição para atuar, nesse esquema, seria no lugar de Müller. Robben e Ribéry são praticamente pontas, e seus substitutos naturais vinham sendo atletas similares (Douglas Costa e Coman).

Leia também: Robben, dar show não é falta de respeito

Hoje com 27 anos, Müller teve uma temporada 2016/2017 muito aquém do esperado.

Na Bundesliga, fez cinco gols (esteve em campo 29 vezes), seu pior desempenho histórico. Tinham sido 20 gols em 31 partidas em 2015/2016 e 13 gols em cada uma das temporadas encerradas em 2013, 2014 e 2015.

Sacar da equipe um ídolo alemão, campeão mundial na Copa de 2014, na qual foi vice-artilheiro (cinco gols, um a menos que James), e que presta serviços ao Bayern desde os 11 anos? Será?

Possível, mas pouco provável. Se fizer isso, Ancelotti se arriscará a comprar uma briga das boas.

Thomas Müller fez temporada medíocre em 2016/2017, mas é ídolo no Bayern e não deve perder a posição para James (Paul Hanna – 13.abr.2016/Reuters)

Nos meses que antecedem a Copa do Mundo russa, Müller vai querer jogar muito bem, e o máximo que puder, para assegurar a convocação, ainda mais depois de a seleção B alemã ter se destacado na Copa das Confederações, encerrada há dez dias.

Stindl e Werner, destaques no evento-teste na Rússia, passam a fazer sombra, e o figurão que não estiver bem pode perder o lugar até então cativo. Müller está no grupo de risco.

Leia também: Teste seu conhecimento – Copa das Confederações da Rússia

Resta então a Ancelotti modificar o esquema, para que que James jogue no lugar do francês Ribéry ou no do holandês Robben, ambos já trintões (34 e 33 anos, respectivamente) e com histórico recente de lesões.

Abrir mão de dois volantes? Arriscado, ainda mais depois da aposentadoria do espanhol Xabi Alonso.

O recém-contratado Rudy deve ocupar essa lacuna, posicionando-se à frente dos zagueiros e liberando o segundo volante, Vidal (ou Thiago Alcántara), a sair mais para o jogo, como já é feito atualmente.

James seria um integrante da linha de três que fica entre os volantes e Lewandowski (o polonês, um superartilheiro, só sai do time se for negociado). Poderá ocupar a posição da direita (com Robben excluído) ou a da esquerda (com Ribéry fora).

Enfim, James é craque e era triste para os olhos dos apreciadores de um ótimo futebol sua relegação à reserva no Real Madrid – que, ressalte-se, conquistou duas Champions e um Espanhol mesmo prescindindo dele.

Cabe ao renomado treinador Ancelotti dar um jeito de encaixá-lo.

E administrar a insatisfação de quem sair do time.

Em tempo: No mesmo dia do anúncio da ida de James Rodríguez ao Bayern, deixou o clube Douglas Costa, de 26 anos, um dos brasileiros cotados para estar na Copa de 2018 (vem sendo chamado por Tite). Ótimo pelas pontas (veloz, driblador, insinuante), ele jogará por empréstimo na Juventus, atual hexacampeã italiana e vice da Champions League. Se vai jogar na equipe de Turim, o tempo dirá. O certo é que, no Bayern, com tanta concorrência, ficaria mais no banco do que em campo.

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