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Convocação mostra que Tite se permite estar em dúvida a um ano da Copa

Luís Curro

Diego Alves (goleiro), Rafinha (lateral direito), David Luiz, Jemerson (zagueiros), Alex Sandro (lateral esquerdo). Diego Souza (meia-atacante), Rodriguinho (meia), Taison (atacante).

Ao listar esses jogadores para os amistosos contra Argentina e Austrália, nos dias 9 e 13 de junho, Tite se deu permissão para ter dúvidas em relação a futuras convocações da seleção brasileira.

Os 24 chamados por Tite para os amistosos da seleção brasileira contra Argentina e Austrália, em junho (Reprodução/Site da CBF)

O laboratório principal está no setor defensivo.

Curiosamente, o ponto mais forte até agora da era Tite, iniciada em setembro do ano passado e que registra nove vitórias em nove partidas (oito pelas eliminatórias da Copa do Mundo de 2018 e um amistoso). Apenas dois gols sofridos – espetacular média de 0,2 por duelo.

Então, por que testar na defesa?

Há a justificativa dada pelo preparador físico Fábio Mahseredjian de que vários jogadores precisam de descanso.

Seriam os casos do lateral direito Daniel Alves (Juventus), que vive uma fase estupenda, do lateral esquerdo Marcelo e do volante Casemiro (ambos do Real Madrid), todos finalistas da Liga dos Campeões da Europa – a decisão será no dia 3 de junho.

Porém ficaram fora o goleiro Alisson (Roma) e os zagueiros Marquinhos (PSG) e Miranda (Inter de Milão). Todos eles com status de titular.

Não acredito que a performance das novas formações de zaga nesses amistosos coloquem em risco a titularidade de Miranda e Marquinhos. Tite já demonstrou confiar plenamente neles.

Os jogos servirão, entretanto, para o treinador avaliar se Gil (Shandong Luneng, da China), Thiago Silva (PSG) e Rodrigo Caio (São Paulo) são os melhores reservas.

David Luiz e Jemerson entram na disputa. O primeiro faz ótima temporada com o Chelsea (ganhou o Campeonato Inglês e pode vencer a Copa da Inglaterra); o segundo destacou-se no Monaco (campeão francês e semifinalista da Champions League).

Aliás, será interessante ver se Tite reeditará a zaga titular da Copa do Mundo de 2014, Thiago Silva e David Luiz – o capitão do PSG, e então capitão do Brasil, não atuou no trágico 7 a 1 por estar suspenso, e David Luiz herdou a tarja diante da Alemanha, jogando ao lado de Dante.

O caso de Alisson, reserva do medíocre polonês Szczesny em seu clube, a Roma, causa estranhamento. Sempre titular com Tite, os amistosos lhe dariam chance de estar em ação.

Na entrevista coletiva em que anunciou a convocação, o treinador não foi questionado a respeito da ausência de seu camisa 1 – e tampouco se pronunciou espontaneamente sobre ela.

Talvez a situação seja a mesma em relação aos zagueiros, e Tite queira apenas observar quem está mais apto a substituir Alisson, se for necessário. Concorrem Diego Alves (Valencia), Weverton (Atlético-PR) e Ederson (Benfica). Alex Muralha (Flamengo) perdeu espaço.

Vale lembrar que Alisson, apesar de não ter comprometido nos jogos sob o comando de Tite, falhou (e feio) na era Dunga. Ele é jovem (24 anos) e não o vejo como um goleiro totalmente seguro, nem sob as traves, muito menos ao jogar com os pés.

Diego Alves (com dez anos de experiência no futebol espanhol), Ederson (que pôs Júlio César, o arqueiro do Brasil nas Copas de 2010 e 2014, na reserva) e Weverton (titular no ouro olímpico na Rio-2016) inspiram mais confiança.

Nas laterais, Tite escancarará confrontos diretos entre seus convocados.

Rafinha (Bayern de Munique), que recusou convocação de Dunga em 2015 (quando escrevi que a negativa não lhe daria mais chance na seleção, e o tempo mostrou que eu estava errado), agora aceitou, após um papo com Tite, e desafiará Fagner (Corinthians) na direita.

Do outro lado, a briga será ótima: Filipe Luís (Atlético de Madri) x Alex Sandro (Juventus). Ambos em uma temporada muito boa. A do ex-santista Alex Sandro, superior.

As disputas entre os laterais são pela vaga de suplente, já que Daniel Alves e Marcelo são os titulares.

Do meio para a frente, Tite decidiu prestigiar quem já chamou antes.

Está claro que a formação ideal é Casemiro, Paulinho e Renato Augusto; Philippe Coutinho, Gabriel Jesus e Neymar.

Desses, Casemiro e Neymar ganham folga. Fernandinho (Manchester City) ocupará o lugar do volante do Real Madrid. Para a vaga do craque do Barcelona, o mais provável é que, diante da Argentina, jogue Douglas Costa (Bayern).

Rodriguinho (Corinthians) deve ter chance diante da Austrália, um rival mais frágil, mesmo atuando em casa. Há ainda para serem escalados Willian, Diego Souza, Giuliano, Lucas Lima, Taison. Que se desdobrarão nos treinamentos para merecerem uma chance.

Tite pode, por exemplo, escalar o meio com Rodrigo Caio ou David Luiz (que são zagueiros-volantes), Giuliano e Lucas Lima (depois Rodriguinho). E o ataque com Willian, Diego Souza (improvisado como centroavante) e Taison. Assim, todos teriam oportunidade de jogar e tentar impressionar.

Em seu roteiro de “construção e consolidação” da equipe, Tite vai testar. Para ficar em dúvida entre um ou outro, o que faz parte do ofício.

Porém o tempo está correndo rápido e, a pouco mais de um ano da Copa, é adequado reduzir as dúvidas o quanto antes.

Certezas estabelecerão um grupo fixo, sujeito a alguma mudança eventual (por grande queda técnica ou por lesão), que possa ganhar confiança e entrosamento, itens essenciais para o êxito no Mundial russo.

Em tempo: Faltou nessa lista de Tite ao menos um atleta: Dudu, do Palmeiras. Pelo que tem jogado, merecia muito mais que Taison – e até mesmo que Willian ou Douglas Costa.

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