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Zidane confrontará Barcelona, Atlético e uma história de quase 40 anos

Luís Curro

Eis a primeira grande notícia do ano no mundo da bola. O francês Zinédine Zidane, um dos gênios da história do futebol quando jogador, é o novo técnico do Real Madrid. O presidente do clube, Florentino Pérez, fez o anúncio nesta segunda (4).

Ídolo dos madridistas nos anos 2000, símbolo da equipe que ficou conhecida como “Galácticos” (com Ronaldo Fenômeno, Beckham, Roberto Carlos, Raúl e Figo), Zizou substitui o espanhol Rafael Benítez, que deixa o Real na terceira colocação do Campeonato Espanhol (quatro pontos atrás de Atlético de Madri e a dois do Barcelona) e classificado para as oitavas de final da Liga dos Campeões da Europa, com cinco vitórias e um empate.

Difícil justificar a saída de Benítez. Além da ótima campanha na Champions League, o Real somava 11 vitórias, 4 empates e 3 derrotas no Espanhol, com o melhor ataque (47 gols) e três dos artilheiros: Cristiano Ronaldo (14 gols, vice-artilheiro), Benzema (12 gols, quinto maior goleador) e Bale (9 gols, o oitavo na lista). O time chegou a ganhar por 10 a 2 (do Rayo Vallecano).

A defesa não se mostrou maravilhosa, sofreu em média um gol por partida, e o time, mal escalado, levou uma goleada histórica em seu campo, 4 a 0 para o Barcelona. Houve ainda o caso da bobagem administrativa que resultou na eliminação da Copa do Rei.

Porém tudo parece pouco para mudar o rumo de um trabalho com apenas sete meses de duração. Benítez tinha um aproveitamento de 72% dos pontos, somando os jogos de Liga Espanhola e Champions. Respeitável.

Ladeado pelo filhos Théo e Elyaz, pela mulher, Veronique, e pelo presidente Florentino Pérez, Zidane é aprresentado como técnico do Real Madrid (Gerard Julien - 4.jan.2016/AFP)
Ladeado pelo filhos Théo e Elyaz, pela mulher, Veronique, e pelo presidente Florentino Pérez, Zidane é apresentado como técnico do Real (Gerard Julien – 4.jan.2016/AFP)

Chama também a atenção Zidane, de 43 anos, não ter praticamente nenhuma credencial como treinador. Comandava o time B do Real Madrid havia um ano e meio. Antes, apenas a atuação, por uma temporada, como assistente técnico de Carlo Ancelotti no time principal do Real.

O Real B de Zizou ficou na sexta colocação de um dos grupos da terceira divisão espanhola na temporada 2014/2015, sem disputar o playoff de acesso à segunda divisão. Em 2015-2016, a situação era melhor, com a equipe em segundo lugar na sua chave.

Desde que Zidane tomou as rédeas, o Real B disputou 60 partidas, sendo 57 pela Terceirona e 3 amistosos, acumulando 26 vitórias, 17 empates, 17 derrotas e um aproveitamento de pontos de 52%. Medíocre e muito, mas muito longe do desempenho de Benítez, mesmo não tendo o Real B alguém para chamar de “galáctico”.

Aliás, a falta de “galácticos” não será desculpa para Zidane.

Os merengues contam com nada menos que Cristiano Ronaldo, o atual melhor do mundo da Fifa. Mais Benzema. Mais Bale. Mais Kroos. Mais James Rodríguez. Mais Sergio Ramos. Mais Marcelo. Mais Modric. Mais Isco. Mais Varane. Mais o goleiro Navas em excelente fase. Quase um time inteiro supergabaritado. Todos jogadores de altíssimo nível e que representam as seleções de seus respectivos países.

Será interessante ver como Zidane montará taticamente o Real Madrid. No time B, alternou entre as formações 4-3-3 (a preferida de Benítez) e 4-4-2. E se algum figurão será relegado à reserva.

É fato que falta um maestro, como foi Zidane, no meio-campo. Nem Kroos nem James Rodríguez (especialmente) têm conseguido cumprir essa função. Um problema para resolver.

A partir de sábado, começa a era Zizou em dos mais poderosos clubes do planeta. O primeiro adversário é o Deportivo La Coruña, sétimo na tabela. Em seu estádio, o Santiago Bernabéu, o novo Real sairá ao encalço de Atlético e Barcelona, dois adversários duríssimos.

O Barcelona é simplesmente o atual melhor time do planeta – campeão europeu e do mundo, tem Messi, Neymar, Suárez e companhia ilimitada. O Atlético conta com uma defesa praticamente intransponível, um conjunto dedicado e entrosado e um treinador motivador e carismático (o argentino Diego Simeone).

Antes fossem apenas esses os rivais a serem suplantados. Mas não. Zidane terá de confrontar também a história, romper uma escrita. E não é a de craques que se tornaram treinadores e não vingaram, mas outra, de quase 40 anos.

Desde a temporada 1977/1978, conforme publicou o tabloide espanhol “Sport”, um treinador que assume um clube depois de iniciada a temporada não consegue conquistar o título do Espanhol.

O último a triunfar foi o espanhol Luis Molowny, que substituiu Miljan Miljanic depois de o sérvio perder a primeira partida daquele campeonato – os resultados de Miljanic já não eram satisfatórios havia algum tempo.

O time que Molowny conduziu ao topo? Justamente o Real Madrid.

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