Os caras de Dunga – Com ataque tinindo, Brasil vai a Buenos Aires como favorito
Para os amantes do futebol, o horário das 22 horas desta quinta-feira (12) deve ser reservado.
Dia e hora de Argentina x Brasil, pelas eliminatórias da Copa da Rússia-2018.
Não pensei que eu fosse escrever isto agora, mas é a realidade: o Brasil vai a campo, no Monumental de Núñez, como favorito. Não um superfavorito, mas favorito: 55-45, talvez 60-40. E por o jogo ser em Buenos Aires essa situação é surpreendente. É inesperada. É rara.
Mas o time de Dunga é favorito por quê?
Porque Messi, quatro vezes escolhido o melhor jogador do mundo, um cara que todo mundo sabe que desequilibra, está contundido e não vai jogar? Não, o Brasil não seria favorito apenas pela ausência de Lionel.
A razão principal é esta: individualmente, os brasileiros chegam para o duelo em melhor momento, especialmente do meio de campo para a frente.
Neymar volta ao time após suspensão e está voando – virou o “dono” do Barcelona na ausência de Messi.
Está estraçalhando, deixando os zagueiros rivais sem ação (só param Neymar com faltas), dando dribles geniais e assistências, e o mais importante: fazendo gols. Em 14 partidas (contabilizando La Liga e Champions League), marcou 13 gols, além de ter dado 6 assistências. Estupendo.

Douglas Costa continua sendo a mais grata surpresa da temporada.
Transpira velocidade, habilidade, categoria. Pelo Bayern de Munique, em 15 jogos (somando Champions League e Bundesliga), tem 3 gols e 9 assistências. É um dínamo.
Hulk consegue estar melhor que Douglas Costa nos números.
Pelo Campeonato Russo e pela Champions League, tem ao todo 10 gols e 15 assistências em 18 partidas. Tudo bem, ele joga pelo Zenit, e o Russo tem fama de ser mais fraco que o Espanhol e o Alemão. Então tiremos o Russo, deixemos a Champions: 4 jogos, 3 gols, 4 assistências. Pode-se dizer que é o melhor jogador até agora na principal liga europeia.
Ricardo Oliveira, aos 35 anos, não para de fazer gols: no Brasileiro, em 31 partidas, marcou 20 pelo Santos e é disparado o artilheiro. Nos últimos sete jogos, por seleção brasileira, Brasileiro e Copa do Brasil, balançou as redes sete vezes, média de um gol por partida.
Willian sobrevive à má fase do Chelsea, 16º colocado no Campeonato Inglês, com muita movimentação, arrancadas, bons cruzamentos e precisão na cobrança de faltas.
Lucas Lima está espetacular na criação de jogadas no Santos, e Renato Augusto dá ao Corinthians, virtual campeão brasileiro, equilíbrio e classe.
São sete jogadores para apenas quatro vagas. Dunga vai ter de colaborar para que a equipe renda. Escalar certo.
A Argentina, mesmo capenga na frente (além de Messi, Agüero e Tevez, também lesionados, estão fora), deve manter a posse da bola a maior parte do tempo e, empurrada pela fanática torcida, pressionar.
O Brasil precisará contra-atacar. E, para isso, terá de ter ótima pegada atrás (que a defesa e os volantes estejam bem dispostos e atentos) e sair rápido ao tomar a bola, para pegar a retaguarda argentina desarrumada.
Lucas Lima é o melhor distribuidor/armador que o Brasil tem. Precisa jogar (a preferência de Dunga tem sido por Oscar, hoje em má fase), a fim de acionar Neymar pela esquerda, Douglas Costa pela direita, Ricardo Oliveira pelo meio.
Hulk e Willian ficariam como opções para o decorrer da partida, para os lugares, respectivamente, de Ricardo e de Douglas.
Renato Augusto, Oscar, Kaká? Não é o jogo ideal para nenhum deles, a não ser que o Brasil passe a dominar a posse de bola. Nenhum tem explosão ou grande velocidade (Kaká já teve, hoje não tem mais).
Se o Brasil fizer valer esse favoritismo e ganhar (até uma goleada eu considero plausível), conseguirá seu segundo triunfo em três jogos e deixará os argentinos em péssimos lençóis, com um único ponto ganho em três rodadas.
A seguir, o desempenho de cada jogador convocado por Dunga (9 dos 23 atuam no Brasil), nos últimos sete dias:
Goleiros

Alisson (Internacional) – Internacional 1 x 0 Ponte Preta (Brasileiro). Uma boa defesa em cada um dos tempos do jogo, porém “caçou borboleta” em um cruzamento no final da partida e por pouco a Ponte não empatou. Regular
Cássio (Corinthians) – Corinthians 2 x 1 Coritiba (Brasileiro). O chute de Negueba, no gol do Coritiba, era defensável. Em cruzamento de longe, fez golpe de vista e a bola foi na trave. Ruim
Jefferson (Botafogo) – Criciúma 1 x 0 Botafogo (Brasileiro – Série B). No 2º tempo, fez uma boa defesa; porém, depois, em outra intervenção rebateu chute para o meio da área, e o Cricúma marcou o gol da vitória. Regular
Defesa
Daniel Alves (Barcelona-ESP) – Barcelona 3 x 0 Bate Borisov (Champions League). O ataque do Bate foi uma nulidade, e Daniel poderia ter apoiado mais. No 1º tempo, arriscou um chute de fora da área, mas errou o alvo. Barcelona 3 x 0 Villarreal (Espanhol). Com pouco trabalho na defesa, apresentou-se com mais efetividade no ataque, tentando o gol tanto no 1º tempo como no 2º tempo, quando o goleiro Areola evitou que tivesse sucesso. Regular
Miranda (Inter de Milão-ITA) – Torino 0 x 1 Inter (Italiano). A Inter atuou com três zagueiros (Miranda sendo um deles), teoricamente para dar mais segurança à geralmente já segura defesa da Inter. No 1º tempo, a estratégia funcionou, só que no 2º tempo houve falhas no posicionamento, e o Torino teve ao menos três chances de marcar – o goleiro Handanovic evitou o gol duas vezes. Regular
David Luiz (PSG-FRA) – Real Madrid 1 x 0 PSG (Champions League). Recuperado de lesão, voltou a formar a dupla de zaga com Thiago Silva. Esteve bem, e o joelho não seu sinal de problema. Sem culpa no gol de Nacho, que substituiu o lesionado Marcelo. Recebeu um cartão amarelo no 2º tempo. PSG 5 x 0 Toulouse (Francês). Mais uma partida em que, com ele e Thiago Silva, o líder folgado do Francês não foi vazado. Mais uma vez, levou um amarelo no 2º tempo. Bom
Filipe Luís (Atlético de Madri-ESP) –Astana 0 x 0 Atlético de Madri (Champions League). Ficou na reserva – jogou Guilherme Siqueira. Atlético de Madri 1 x 0 Gijón (Espanhol). O Gijón pouco atacou por seu setor. Poderia ter ido mais ao ataque. Foi advertido com cartão amarelo após cometer falta, no 2º tempo. Regular

Danilo (Real Madrid-ESP) – Real Madrid 1 x 0 PSG (Champions League). Regular na marcação, fraco no apoio. Sevilla 3 x 2 Real Madrid (Espanhol). O segundo gol do Sevilla, de Banega, saiu pelo setor de Danilo, que ficou apenas observando o avanço dos rivais. No ataque, foi praticamente inoperante – diferentemente do outro lateral direito brasileiro no jogo, Mariano, que cruzou a bola na cabeça de Llorente, autou do terceiro gol do Sevilla. Ruim
Gabriel Paulista Marquinhos (Arsenal-ING) – Convocado para o lugar de Marquinhos, do PSG, cortado por lesão. Bayern de Munique 5 x 1 Arsenal (Champions League). Atuou no lugar de Koscielny, ao lado de Mertesacker – antes tivesse ficado no banco, foi um massacre. Arsenal 1 x 1 Tottenham (Inglês). Ficou na reserva. Ruim
Gil (Corinthians) – Corinthians 2 x 1 Coritiba (Brasileiro). Rebateu mal um cruzamento no 2º tempo que quase permitiu gol do Coritiba. Ademais, jogou conforme esperado. Regular
Douglas Santos (Atlético-MG) – Convocado para o lugar de Marcelo, do Real Madrid, cortado por lesão.Figueirense 0 x 1 Atlético (Brasileiro). Razoável na marcação, tímido no apoio. Recebeu cartão amarelo perto do fim do jogo depois de fazer uma falta. Regular
Meio-campo
Luiz Gustavo (Wolfsburg-ALE) – PSV Eindhoven 2 x 0 Wolfsburg (Champions League). No início da partida, tentou de cabeça, mas errou. No final, com seu time já perdendo por dois gols, arriscou de fora da área – o goleiro defendeu. Regular na marcação. Mainz 2 x 0 Wolfsburg (Alemão). A expulsão do meia-atacante Draxler logo a 13 minutos comprometeu o plano de jogo da equipe. O brasileiro tomou cartão amarelo após fazer falta ainda no 1º tempo e acabou substituído no intervalo por outro volante, Guilavogui. Regular
Elias (Corinthians) – Corinthians 2 x 1 Coritiba (Brasileiro). Presença constante no ataque, sempre com muita velocidade, quase marcou no 1º tempo em chute da entrada da área – Wilson salvou. Bom
Fernandinho (Manchester City-ING) – Sevilla 1 x 3 Manchester City (Champions League). A melhor atuação do volante na temporada. Em pouco mais de dez minutos de jogo, teve participação fundamental para deixar o City confortável na partida na Espanha. Aos 8 minutos, deu o passe para Sterling abrir o placar; aos 11 minutos, apareceu na área para pegar rebote e, de cabeça, fazer 2 a 0. Foi substituído por Demichelis aos 45 minutos do 2º tempo. Aston Villa 0 x 0 Manchester City (Inglês). Desta vez, teve atuação mediana. Ótimo

Oscar (Chelsea-ING) – Chelsea 2 x 1 Dínamo de Kiev (Champions League). Até arriscou a gol, mas o goleiro Shovkovskiy evitou duas vezes que a bola entrasse. Foi substituído por Pedro aos 34 minutos do 2º tempo. Stoke City 1 x 0 Chelsea (Inglês). Entrou no 2º tempo, aos 25 minutos, substituindo o lateral Baba. Não fez absolutamente nada. Tem tido baixo rendimento há vários jogos. Ruim
Willian (Chelsea-ING) – Chelsea 2 x 1 Dínamo de Kiev (Champions League). Em uma cobrança de falta perfeita, fez o gol da vitória aos aos 38 minutos do 2º tempo, evitando um novo tropeço dos Blues. Nos acréscimos, o zagueiro Cahill entrou em seu lugar. Stoke City 1 x 0 Chelsea (Inglês). Um dos poucos (talvez o único) que continuam se salvando na derrocada do Chelsea na Premier League, porém desta vez não marcou um gol salvador. Bom
Lucas Lima (Santos) – Joinville 0 x 0 Santos (Brasileiro). O estado do gramado, encharcado, prejudicou o futebol do hábil meia santista. Regular
Renato Augusto (Corinthians) – Corinthians 2 x 1 Coritiba (Brasileiro). Sem brilho desta vez. Regular
Kaká (Orlando City-EUA) – O time do meia-atacante não jogou pois não se classificou para os playoffs da Major League. “Não estou aqui para ficar no banco”, disse ao se apresentar à seleção para os jogos. É enorme a probabilidade de ficar. Sem avaliação
Ataque
Neymar (Barcelona-ESP) – Barcelona 3 x 0 Bate Borisov (Champions League). Excelente. Além de armar o time e fazer jogadas pelo setor esquerdo, sempre com qualidade e objetividade, marcou de pênalti o primeiro gol, deu o passe para Suárez fazer o segundo e ainda fez o terceiro, depois de assistência de Suárez. Barcelona 3 x 0 Villarreal (Espanhol). Mais uma atuação marcante do craque brasileiro. No 2º tempo, recebeu ótimo passe de Busquets na área e abriu o placar para o Barça. No final do jogo, marcou um dos mais belos gols desta temporada: lançado na área por Suárez, deu um “meio chapéu” em Jaume Costa e fuzilou o goleiro Areola. Golaço. Estupendo
Hulk (Zenit-RUS) – Lyon 0 x 2 Zenit (Champions League). Continua excepcional nas assistências. No 1º tempo, foi à linha de fundo pela ponta direita e cruzou com perfeição para Dzyuba marcar 1 a 0. No 2º tempo, arrancou pela direita e enfiou a bola milimetricamente entre os zagueiros para Dzyuba fechar o placar. Lokomotiv 2 x 0 Zenit (Russo). Não rendeu o habitual. Ganhou alguns escanteios, mas não deu assistência nem fez gol. Bom
Douglas Costa (Bayern de Munique-ALE) – Bayern de Munique 5 x 1 Arsenal (Champions League). Com o retorno de Robben à equipe, manteve-se como titular, mas na meia esquerda, só que com liberdade para se movimentar por todo o ataque. No quarto gol do Bayern, iludiu Debuchy com uma pedalada e acionou Alaba, que cruzou para Robben concluir. No quinto gol, avançou em velocidade pelo meio e deu passe para Müller vencer o goleiro Cech. Bayern de Munique 4 x 0 Stuttgart (Alemão). Mais uma vez, brilhou. No primeiro gol, iniciou o contra-ataque na defesa, trocou passe com Kimmich, avançou até a linha de fundo pela direita e cruzou para Robben marcar de barriga. No segundo gol, acertou belíssimo chute da entrada da grande área depois de Müller cruzar da direita. Deixou o jogo aos 24 minutos do 2º tempo – entrou Thiago Alcántara. Ótimo
Ricardo Oliveira (Santos) – Joinville 0 x 0 Santos (Brasileiro). Com o gramado em condição ruim devido à chuva em Joinville, teve uma única boa chance, no 2º tempo. Lançado por Renato, avançou livre e chutou de esquerda, sem muita força, da entrada da área – o goleiro Agenor defendeu. Regular
Em tempo: Era para a Argentina encarar o Brasil em tremenda crise técnica do meio para a frente, porém Di María reencontrou seu melhor futebol nos últimos jogos pelo PSG e Higuaín tem feito muitos gols pelo Napoli. Outro perigo é o jovem Dybala, 21 anos, da Juventus. Se o treinador Tata Martino deixar um dos três na reserva (Dybala não deve começar, mas sim o esforçado Lavezzi), crescem ainda mais as chances de a seleção canarinho triunfar.