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Descontente, Mbappé confirma que chamou Neymar de vagabundo

“Aquele vagabundo não passa a bola pra mim.”

Palavras de Mbappé, captadas por uma câmera de TV, em Paris Saint-Germain x Montpellier, 11 dias atrás, no estádio Parque dos Príncipes, na capital da França.

Direcionadas, todos tinham certeza, a Neymar, mas longe dele, não na cara dele, quando o craque francês de 22 anos, campeão do mundo na Copa da Rússia, já tinha sido substituído. Ele desabafava, no banco, com o companheiro Gueye.

No lance seguinte à saída de Mbappé de campo, Neymar passou a bola para o alemão Draxler, que acabara de entrar, fazer o segundo gol do PSG no triunfo por 2 a 0 no Campeonato Francês.

A certeza de todos foi confirmada pelo camisa 7, integrante há pouco tempo do trio MNM (Messi-Neymar-Mbappé), do qual se esperam jogadas maravilhosas, tabelas, gols.

Só que dois terços da trinca parecem ter problemas de relacionamento. De acordo com o “M” final, nada que preocupe em relação ao “N”. Será mesmo?

“Sim, sim, eu disse isso [vagabundo]. São coisas que acontecem direto no futebol. Só não podem perdurar”, afirmou Mbappé ao L’Équipe. “Já conversei com ele [Neymar], não há ressentimento porque respeito o homem e o jogador, e o admiro pelo que ele é.”

A realidade é que Neymar pode ter defeitos, mas um deles não é ser vagabundo, no sentido de preguiçoso ou desocupado.

Não há notícias de que tenha faltado a treinos ou se empenhado pouco nos mesmos, e nas partidas ele quase sempre parece disposto a dar o máximo –se não consegue, pode ser por cansaço, nunca por desinteresse.

Um outro sinônimo para vagabundo é “canalha”, “malandro”, “desprovido de honestidade”.

Neymar também não se encaixa nesses adjetivos. Ele até tem malandragem, em campo, normal para um jogador que busca ludibriar as defesas rivais.

No banco, após ser substituído em PSG x Montpellier, Mbappé desabafa e chama Neymar de vagabundo (Reprodução)

Assim, um entendimento possível é o de Mbappé ter soltado essas palavras não só porque não se sente acionado pelo colega, mas por carregar a frustração de não ter sido negociado com o Real Madrid, time pelo qual torcia na adolescência, na mais recente janela de transferência.

“Pensei que minha aventura [com o PSG] tinha terminado. Estava na liga francesa havia seis ou sete anos. Não vou ser hipócrita, minha ambição era clara, queria sair”, afirmou na entrevista ao jornal francês.

Mas Mbappé tem razão em afirmar que Neymar não lhe dá a bola em condições de fazer gol tanto quanto dá a outros colegas?

Fiz um levantamento que considera as partidas que os dois jogaram juntos na temporada atual, em andamento, e na passada, incluindo Campeonato Francês, Copa da França, Supercopa da França e Champions League.

Eles estiveram em campo simultaneamente, seja o jogo todo ou não, em 30 jogos, ou pouco mais da metade dos 58 disputados por Mbappé –o brasileiro esteve parte do tempo contundido.

Nesses 30 jogos, Mbappé marcou 21 gols, sendo 15 deles depois de receber um passe de um companheiro. Quantos passes foram de Neymar? Só dois.

O camisa 10 do PSG e da seleção brasileira, considerado um bom passador, somou ao todo dez assistências (passes que resultam em gol) pelo clube francês, em 38 partidas, no período analisado (média de 0,26 por jogo). Ou seja, dessas dez, só duas (20%) para Mbappé.

Não há uma estatística que mostre quantas vezes Neymar deixou Mbappé em condições de marcar e o colega não conseguiu. Assim, o brasileiro pode ter dado vários bons passes e a conclusão ter sido imperfeita, mas não é essa a sensação que o francês tem.

E do outro lado? Neymar pode se sentir insatisfeito em relação ao companheiro?

Nas 30 partidas juntos, ele marcou 15 gols. Seis deles, depois de um passe de um colega –os outros saíram de jogada individual, de falta ou, principalmente, de pênalti.

Metade dos gols de Neymar que tiveram assistência (três de seis) foram de Mbappé.

No intervalo da pesquisa, Mbappé registrou 16 passes para gol, em 58 partidas. Mesmo sem ter a fama de assistente de Neymar, sua média (0,28) é ligeiramente superior à dele.

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