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Nigeriano recorre a sorriso para confrontar ataques racistas

Um dos destaques do clube turco Trabzonspor, o atacante nigeriano Anthony Nwakaeme afirma que, como dezenas de outros futebolistas de pele negra, foi vítima de injúrias raciais durante partidas.

Parte desses atletas de sente ofendida –com razão– e leva o caso à arbitragem. Vários jogos já foram interrompidos devido a esse tipo de manifestação preconceituosa e ofensiva.

Nwakaeme, que está com 32 anos, é uma exceção. Apesar de não concordar com o comportamento racista de torcedores, não parece se incomodar tanto com o que considera provocações que almejam desestabilizá-lo.

Para ele, conforme reportagem publicada pela BBC, em texto assinado por Oluwashina Okeleji, a melhor forma de desnortear os agressores, e fazê-los desistir dos insultos, é responder a eles com um sorriso.

Como exemplo, citou um episódio que ocorreu quando atuava em Israel, pelo Hapoel Be’er Sheva, em uma partida contra o Maccabi Haifa.

“Vivenciei o racismo. Mas decidi não deixar aqueles que me xingavam vencer”, declarou Nwakaeme, que defendeu a seleção se seu país em uma oportunidade, em 2017, nas eliminatórias para a Copa do Mundo da Rússia.

Nwakaeme se exercita em treinamento do Trabzonspor, time turco pelo qual atua desde 2018 (Trabzonspor no Instagram)

“Os torcedores do Maccabi Haifa me vaiavam, imitando macacos. Eu me virei, encarei-os e sorri. Quando perceberam a minha reação, notaram que aquilo não tinha me afetado. Então começaram a me aplaudir e a gritar meu nome.”

A conclusão do atacante foi esta: lutar com o inimigo, nesse caso, não é a melhor solução, e sim evitar confrontá-lo.

“Poderia tê-los desafiado e interrompido a partida, mas eu estava jogando bem, com alegria, e dificultando a vida do adversário. Eu não iria permitir que me distraíssem ou que me colocassem para baixo”, prosseguiu Nwakaeme.

“Se você está sendo racista comigo, é problema seu. Estou aqui para jogar futebol e me divertir, é o mais importante para mim. Quando [os torcedores adversários] perceberam que eu não estava me abalando, nem com raiva, nem com ódio, começaram a me incentivar.”

Para o nigeriano, não se pode corrigir a questão do racismo sem corrigir a própria sociedade.

“Entendo que muitos jogadores não aceitam agir assim [como eu], mas particularmente não dou muita atenção a esse tipo de coisa, pois o racismo é um problema social”, concluiu Nwakaeme.

Companheiro no Trabzonspor do zagueiro Vitor Hugo, ex-Palmeiras, ele anotou sete gols em 34 jogos no Campeonato Turco encerrado em maio. O clube acabou na quarta posição, 13 pontos atrás do campeão, o Besiktas.

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