Eurocopa põe à prova líder de ranking que não ganha nada há 101 anos
Na Eurocopa multissede (são 11 países a receber jogos), disputada com atraso de um ano devido à pandemia de Covid (e mesmo com a pandemia de Covid ainda em andamento), muitos dos olhares estão em uma seleção que tenta derrubar um jejum secular.
Líder do ranking da Fifa desde outubro de 2018, ou há dois anos e oito meses –deixando para trás Brasil, França, Espanha, Alemanha, Inglaterra, Argentina…–, a seleção algoz dos brasileiros na Copa do Mundo da Rússia conquistou um único título em sua história, 101 anos atrás.
Foi atuando em casa, na Olimpíada da Antuérpia, que no dia 2 de setembro de 1920, no Estádio Olímpico, com gols de Coppée, batendo pênalti, e Larnoe que a Bélgica superou a Tchecoslováquia e pôde chegar ao topo do pódio.
Nem antes nem depois disso os belgas, mesmo quando formaram equipes talentosas –como nas Copas do Mundo de 1986 e 2018–, puderam se declarar campeões do futebol.
Talento, aliás, é o que não falta ao time atual, que é dirigido desde agosto de 2016 pelo espanhol Roberto Martínez.

A começar pelo goleiro, Courtois, do Real Madrid, que fechou o gol contra o Brasil de Neymar e companhia no Mundial de três anos atrás.
A defesa conta com a experiência de Alderweireld (Tottenham) e Vertonghen (Benfica), de 32 e 34 anos, respectivamente.
O meio-campo, com o dinamismo de Tielemans (Leicester) e a criatividade de De Bruyne (Manchester City).
E o ataque, com a velocidade e a habilidade de Hazard (Real Madrid) e Mertens (Napoli), e a fome de gols de Lukaku (Inter de Milão).
Tecnicamente excelentes, Hazard e De Bruyne, figuras centrais no elenco, são preocupações devido à parte física.
O primeiro, número 10 e capitão da equipe, perdeu quase toda a temporada por causa de problemas musculares; o segundo, mestre nas assistências, teve uma fratura no nariz na decisão da Champions League, no sábado retrasado, contra o Chelsea.
A expectativa da comissão técnica é a de que apenas Hazard esteja apto a participar do jogo de estreia, diante da Rússia, neste sábado (12), em São Petersburgo, às 16 horas (de Brasília), com SporTV.

Depois de 1920, o mais perto que a Bélgica chegou de uma conquista foi na Eurocopa de 1980, na Itália, quando um time com grandes nomes (o goleiro Pfaff, o lateral Gerets, o meia Vandereycken e os atacantes Van Der Elst e Ceulemans) caiu na final, por 2 a 1, ante a Alemanha Ocidental.
Em 1986, na Copa do México, a Bélgica não foi páreo na semifinal para a Argentina (depois campeã) de um inspiradíssimo Maradona, terminando na quarta colocação.
Em 2018, nova queda na semifinal, diante da França (depois campeã) de Griezmann, Pogba, Kanté e Mbappé. Teve de se contentar com o terceiro lugar.
A seleção belga tem o apelido de Diabos Vermelhos, porém falta a seus jogadores, nos momentos mais agudos, a capacidade/vontade de fazer diabruras –seja via traquinices, seja via estratagemas– que possam resultar em quebra da tradição futebolística. Que possam causar o nocaute de um grande nos confrontos mais decisivos.
Falta à Bélgica fazer o que fez Portugal, virgem de títulos, em 2016, na Eurocopa da França, a qual venceu contrariando todos os prognósticos, que davam o favoritismo na final aos anfitriões, e mesmo perdendo seu supercraque (Cristiano Ronaldo).
Falta fazer jus, honrando o retrospecto de 21 vitórias, quatro empates e só duas derrotas desde outubro de 2018, ao posto de número um do ranking mundial.