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Bologna impõe internato até o Natal para tratar futebol ‘de amadores’

No Campeonato Italiano, uma goleada para a Roma, por 5 a 1, há nove dias, fez o treinador do Bologna tomar uma medida drástica: deixar os jogadores em concentração até o Natal.

“Parecíamos amadores”, afirmou depois da partida disputada no estádio Renato Dall’Ara, a casa do Bologna, o sérvio nascido na Croácia Sinisa Mihajlovic, de 51 anos, que dirige a equipe desde janeiro de 2019.

Com só 15 minutos a Roma vencia por 3 a 0, e ao fim do primeiro tempo o 5 a 1 já estava fixado no placar.

Aliás, o único jogador do clube bolonhês que fez gol na partida não fez a favor. O primeiro tento do jogo saiu dos pés do volante Poli, que ao tentar cortar um cruzamento jogou a bola contra a própria rede.

Mas, se o Bologna perdeu de 5 a 1, então mais alguém do time fez um gol, o a favor, não?

Não. Pois esse também foi contra, do beque Cristante, da Roma.

Com o 5 a 1 construído, a equipe da capital reduziu o ritmo, e na segunda etapa o Bologna pelo menos não levou mais gols, apesar de também não marcar nenhum.

O que não reduziu a irritação de Mihajlovic.

“Não está bom, não podemos perder desse jeito, não é bom deixar uma impressão tão ruim. Para tudo tem um limite, e eles [jogadores] excederam esse limite”, afirmou à rede de TV Sky Sport.

O japonês Tomiyasu lamenta gol de Dzeko (9) na derrota por 5 a 1 do Bologna para a Roma no Campeonato Italiano (Reprodução – 13.dez.2020/Site da AS Roma)

Daí surgiu a decisão de manter os jogadores reunidos o máximo de tempo possível, sob as rédeas da comissão técnica, em uma espécie de internato. “Para clarear nossas mentes, estaremos em regime de concentração até o Natal”, decretou o treinador.

Não foi divulgado o rigor da concentração, que geralmente é usada pelos clubes mandantes apenas na véspera das partidas em casa (para os visitantes, que costumam viajar um dia antes do confronto, ela acaba sendo automática), a fim de tentar manter os jogadores… concentrados somente no jogo que se aproxima, sem outras distrações.

E como funciona?

A liberdade de ir e vir de cada atleta lhe é confiscada, sendo todos obrigados a se manter nas dependências/alojamento do clube e/ou de um hotel no qual a delegação se hospeda. Saídas não são permitidas, ou são curtas e estritamente monitoradas.

E a medida trouxe resultado?

Se não serviu para o time voltar a vencer, está evitando que volte a perder, mas não que caia na tabela.

Foram dois jogos depois da instauração da punição. Na quarta (16), empate com o Spezia, em colocação pior no campeonato, por 2 a 2.

O Bologna estava perdendo por 2 a 0 até os 26 minutos do segundo tempo, empatou e poderia ter ganhado se Musa Barrow, de Gâmbia, que empatara cinco minutos antes em um golaço por cobertura, não desperdiçasse um pênalti aos 52 minutos, no último lance da partida.

No domingo (20), outro empate, contra o Torino, outro que está pior na competição, dessa vez por 1 a 1.

Novamente, o Bologna saiu atrás e conseguiu reagir, igualando o marcador a 12 minutos do fim do tempo regulamentar.

Só que no futebol o empate vale só um ponto, dois a menos que a vitória, então o Bologna, que estava em 12º após o vexame diante da Roma, agora é o 14º entre 20 participantes da Série A, sete pontos acima da zona de rebaixamento.

Treino do Bologna, na neve, sob o comando de Sinisa Mihajlovic, gorro preto e mãos nos bolsos (Reprodução/Site do Bologna FC)

Ainda em “modo concentração”, já que o Natal não chegou, o Bologna tem um duelo em casa, porém difícil, nesta quarta (23) contra a Atlanta, sétima colocada e um dos três clubes italianos que avançaram aos mata-matas da Liga dos Campeões da Europa, junto com Juventus e Lazio.

Independentemente do resultado, é esperado que Mihajlovic relaxe o esquema e permita aos jogadores, entre os quais os dois brasileiros do elenco (o goleiro Angelo da Costa e o zagueiro Danilo), passar a véspera e o dia de Natal com família e amigos.

Se ele não fizer isso, será provavelmente duas coisas: 1) notícia e 2) muito malquisto pelos comandados.

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Em tempo: Sinisa Mihajlovic é um exemplo de força e dedicação que o fez ser respeitado e querido por jogadores e torcedores do Bologna, já que combate desde o meio de 2019 uma leucemia (câncer no sangue), atualmente controlada. Mesmo internado para tratamento, chegou a deixar o hospital para comandar o time. Neste ano, contraiu coronavírus durante as férias na Sardenha, em agosto. Geralmente rígido com seus atletas, o motivo que ele deu para se infectar mostra complacência com seus filhos e filhas –são seis. “As boates infelizmente estavam abertas e não pude evitar que fossem, já que era permitido.” O técnico, que não teve sintomas mas se afastou das atividades profissionais por 15 dias, concluiu que pegou o vírus de um deles.

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