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Recuperado, Neymar troca a firula pela objetividade

Depois de mais de três meses afastado devido a uma lesão no pé, Neymar voltou. E, ótima notícia para a seleção brasileira às vésperas da Copa do Mundo, voltou bem.

No amistoso na Inglaterra contra a Croácia, entrou no intervalo e, mesmo sem ritmo, movimentou-se bastante, não mostrou nenhum incômodo no local da cirurgia e ainda fez o que mais se espera dele: gol.

Neymar abriu o caminho para a vitória do Brasil por 2 a 0 na partida deste domingo (3) no estádio Anfield, em Liverpool.

Notícia tão boa quanto Neymar estar bem é o jeito como ele jogou. Firulas de menos, objetividade de mais.

Ao receber a bola, Neymar pouco driblou. Priorizou os passes. E, assim que possível, finalizou, buscou o gol.

E mostrou pontaria não vista nas tentativas de seus colegas. Aliás, eis um problema para Tite prestar atenção. O Brasil tentou acertar o gol croata 15 vezes. Só em três delas a mira funcionou, sendo duas com Neymar. A outra foi com Roberto Firmino, autor do segundo gol já nos acréscimos.

Após 11 minutos em campo, Neymar arriscou um chute colocado, sem muita força, que Subasic defendeu no meio do gol.

Passados mais 12 minutos, recebeu passe de Philippe Coutinho na área, driblou Vrsaljko e, com o pé operado, antes que chegasse a cobertura de Kovacic, disparou uma bomba – o goleiro nem viu a bola.

Esse foi o 54º gol de Neymar pela seleção principal. Ele está a apenas um de igualar a marca de Romário, terceiro maior artilheiro do Brasil – atrás só de Pelé (77 gols) e Ronaldo Fenômeno (62).

Neymar ainda tentou o gol mais uma vez, em cobrança de falta aos 41 minutos que passou bem perto da trave direita de Subasic.

Tomara Neymar jogue exatamente desse jeito na Copa, prendendo pouco a bola, tocando-a rápido para os companheiros, a fim de dar assistências ou receber de volta para, assim que possível, chutar no gol. Assim, escapa também das faltas dos adversários.

É um estilo de jogo eficiente, porém que foge ao que acostumamos a ver no camisa 10.

Neymar notabilizou-se nos últimos anos por prender demais a bola em seguidas ocasiões. Ficou marcado por ser firuleiro, por querer fazer jogadas de efeito e dar dribles desconcertantes.

Desse jeito, sofreu muitas faltas e, consequentemente, irritou-se com os rivais e com a arbitragem. Personificou o reclamão e, fruto dessas reclamações, recebeu vários cartões amarelos – e, às vezes, o cartão vermelho.

Em Liverpool, ele não se mostrou totalmente imune ao destempero. Em uma jogada (uma única, felizmente), teve um princípio de desentendimento com o zagueiro Caleta-Car, que o obstruiu aparentemente sem falta. Neymar, corretamente, se segurou.

Tite deve conversar com seu principal craque, mostrar-lhe o teipe do segundo tempo de Brasil x Croácia e reforçar como Neymar deve jogar: objetivamente. E sem perder o foco.

É a maneira mais inteligente de atuar, e com a qual ele tem tudo para ser um dos melhores jogadores da Copa – quiçá o melhor.

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Em tempo 1: O Brasil teve uma apresentação decente, porém longe de ser empolgante, diante da Croácia. Gostei da atuação de Willian, disposto com frequência a buscar a linha de fundo pela direita, a fim de lançar a bola na área. É uma ótima jogada, mas é necessário um melhor aproveitamento nesses cruzamentos, ora feitos com muita (ou pouca) força, ora interceptados pela zaga.

Em tempo 2: Preocupa-me a saída de bola da seleção. No futebol dito moderno, parece que o chutão está proibido, mas não deve ser assim. A troca de passes entre os zagueiros (Thiago Silva e Miranda) e o goleiro (Alisson) foi algumas vezes arriscada no primeiro tempo. Num descuido, Miranda perdeu a bola, e quase o centroavante Kramaric fez o gol. É necessário mesmo correr esse risco em nome da modernidade? Na Copa, um erro assim pode ser fatal.

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