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Mesmo com 10 vitórias em 11 jogos pelo Brasil, Tite é azarão em eleição para melhor técnico

Luís Curro

Tite está entre os 12 técnicos selecionados para concorrer à edição de 2017 do prêmio da Fifa de melhor técnico (“The Best”).

É apenas a segunda vez que um brasileiro disputa o troféu, distribuído desde 2010 em festa de gala organizada pela entidade máxima do futebol.

A primeira foi em 2013, com o também gaúcho Luiz Felipe Scolari, à época treinador da seleção brasileira, como Tite é agora.

Scolari, que tinha como trunfo ter levado o Brasil à conquista da Copa das Confederações, não levou o prêmio – não ficou nem entre os três melhores. Ganhou o alemão Jupp Heynckes, campeão da Liga dos Campeões da Europa com o Bayern de Munique.

Luiz Felipe Scolari (Felipão) esteve entre os candidatos ao prêmio de melhor treinador do mundo em 2013, quando o Brasil ganhou a Copa das Confederações (Nelson Almeida – 25.jun.2013/AFP)

Tite tem chance? Para mim, não. É um completo azarão.

Não por ser menos competente que os demais. Quem acompanhou a seleção brasileira desde que ele assumiu no lugar de Dunga, no meio do ano passado, sabe o quanto a equipe mudou – passou do vinagre para o vinho.

De ameaçado a não ir para a Copa do Mundo de 2018, o Brasil se tornou uma máquina de vitórias e o primeiro time, além da Rússia (país-sede), a se classificar para a competição.

Com Tite, a seleção canarinho disputou 11 jogos. Venceu dez (incluindo todos os oito pelas eliminatórias sul-americanas). Gols feitos? 26. Gols sofridos? Dois.

A única derrota foi em um amistoso, sem ter a força total (Neymar, por exemplo, não jogou), por um magro 1 a 0 – pena que justamente para a arquirrival Argentina.

Um aproveitamento espetacular, de vitórias e pontos, de 91% para o treinador nascido em Caxias do Sul.

Tite, treinador da seleção brasileira, em entrevista depois de convocar a seleção brasileira para jogos das eliminatórias da Copa (Sergio Moraes – 10.ago.2017/Reuters)

Porém na eleição da Fifa deve ser considerada outra porcentagem: 80%.

Pois o intervalo a ser considerado para avaliação da performance de cada treinador vai, nesta eleição da Fifa, de 20 de novembro de 2016 a 2 de julho de 2017.

Por que isso? Por que não são 12 meses, mas somente oito meses incompletos?

Porque a Fifa, que considerava as atuações de dezembro de um ano até novembro do ano seguinte, aproximadamente – e fazia a entrega do prêmio em janeiro –, mudou seu calendário, com o argumento de equipará-lo ao “calendário europeu” (julho de um ano a junho do ano posterior).

Como julho, agosto, setembro, outubro e parte de novembro de 2016 já tinham sido considerados para a escolha mais recente (venceu o italiano Claudio Ranieri, que levou o Leicester ao inédito título do Campeonato Inglês no ano passado), esse período foi desconsiderado para esta eleição.

Desse modo, são descartadas as seis vitórias de Tite obtidas antes do dia 20 de novembro de 2016. Restaram quatro vitórias e uma derrota.

Leia também: Tite esbarra na incongruência ao incluir Ederson e Rodrigo Caio em convocação

Entre os técnicos concorrentes ao “The Best”, o melhor aproveitamento de vitórias, 82%, pertence ao italiano Antonio Conte, campeão inglês com o Chelsea (27 triunfos em 33 partidas). O de pontos ganhos (três para vitória, um para empate, zero para derrota) é o de Joachim Löw, treinador da seleção da Alemanha (85%).

Não que um aproveitamento maior fosse ajudar Tite na disputa. O “favoritaço” a receber o troféu é o francês Zinédine Zidane, do Real Madrid. Eis três excelentes razões: campeão espanhol, campeão europeu, campeão do mundo. Ninguém chega nem perto. Se ganhar, e é muito provável que ganhe, será merecidíssimo.

Zidane, técnico do Real Madrid, durante entrevista coletiva na véspera da decisão da Supercopa da Espanha deste ano (Javier Soriano – 15.ago.2017/AFP)

A seguir, os números e as conquistas dos selecionados por uma “comissão de notáveis” da Fifa (12 ex-jogadores, entre eles Cafu e Maradona).

  • Massimiliano Allegri (Itália/Juventus-ITA) – 29 vitórias, 6 empates, 5 derrotas, 73% de vitórias, 78% de pontos ganhos. Campeão italiano e da Copa da Itália.
  • Carlo Ancelloti (Itália/Bayern-ALE) – 24 vitórias, 4 empates, 5 derrotas, 73% de vitórias, 77% de pontos ganhos. Campeão alemão.
  • Antonio Conte (Itália/Chelsea-ING) – 27 vitórias, 2 empates, 4 derrotas, 82% de vitórias, 84% de pontos ganhos. Campeão inglês.
  • Luis Enrique (Espanha/Barcelona-ESP) – 30 vitórias, 7 empates, 5 derrotas, 71% de vitórias, 75% de pontos ganhos. Campeão da Copa do Rei.
  • Pep Guardiola (Espanha/Manchester City-ING) – 20 vitórias, 9 empates, 7 derrotas, 56% de vitórias, 64% de pontos ganhos. Campeão de nada.
  • Leonardo Jardim (Portugal/Monaco-FRA) – 31 vitórias, 4 empates, 7 derrotas, 74% de vitórias, 77% de pontos ganhos. Campeão francês.
  • Joachim Löw (Alemanha/seleção alemã) – 7 vitórias, 2 empates, nenhuma derrota, 78% de vitórias, 85% de pontos ganhos. Campeão da Copa das Confederações.
  • José Mourinho (Portugal/Manchester United-ING)) – 27 vitórias, 14 empates, 4 derrotas, 60% de vitórias, 70% de pontos ganhos. Campeão da Liga Europa e da Copa da Liga Inglesa.
  • Mauricio Pochettino (Argentina/Tottenham-ING) – 26 vitórias, 3 empates, 7 derrotas, 72% de vitórias, 75% de pontos ganhos. Campeão de nada.
  • Diego Simeone (Argentina/Atlético de Madri-ESP)– 26 vitórias, 10 empates, 7 derrotas, 60% de vitórias, 68% de pontos ganhos. Campeão de nada.
  • Tite (Brasil/seleção brasileira)– 4 vitórias, nenhum empate, 1 derrota, 80% de vitórias, 80% de pontos ganhos. Classificou o Brasil para a Copa de 2018.
  • Zinédine Zidane (França/Real Madrid-ESP) – 31 vitórias, 6 empates, 5 derrotas, 74% de vitórias, 79% de pontos ganhos. Campeão espanhol, campeão europeu, campeão mundial.

O “Mundo é uma Bola” tentou contato com Tite para que ele comentasse a respeito de estar na lista dos melhores, porém a assessoria do ex-treinador do Corinthians informou que ele não se manifestaria.

O certo é que, se levar o Brasil à conquista da Copa da Rússia, Tite será favorito ao prêmio no ano que vem. Campeão com a Alemanha no Mundial do Brasil, três anos atrás, Joachim Löw acabou eleito.

Quem vota? Todos os treinadores das seleções nacionais, os capitães dessas seleções, jornalistas especializados de todas as confederações filiadas à Fifa e internautas – com peso de 25% para cada uma das quatro categorias de eleitores no resultado final.

A cerimônia de premiação da Fifa será realizada em Londres no dia 23 de outubro. Além do melhor técnico, serão conhecidos o melhor jogador, a melhor jogadora e o gol mais bonito.

Em tempo 1: Os sete treinadores vitoriosos nas eleições da Fifa para “melhor do ano” são José Mourinho (Inter de Milão, em 2010), Pep Guardiola (Barcelona, em 2011), Vicente del Bosque (seleção da Espanha, em 2012), Jupp Heynckes (Bayern, em 2013), Joachim Löw (seleção da Alemanha, em 2014), Luis Enrique (Barcelona, em 2015) e Claudio Ranieri (Leicester, em 2016). Três espanhóis, dois alemães, um italiano e um português. Um francês (Zidane) deve passar a integrar em breve essa lista.

Em tempo 2: Quer votar na eleição da Fifa? Basta acessar www.fifa.com. Entre os brasileiros, além de Tite na categoria “melhor técnico”, Neymar e Marcelo concorrem na categoria “melhor jogador”.

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