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Nomes para Sempre – Nelson Mandela

Luís Curro

“Nelson Mandela foi um desses seres inexplicáveis. Passar na prisão 27 anos, com a consciência de que só lhe acontecia assim por defender uma das mais grandiosas causas universais, e emergir desse massacre sem ressentimento, com propósitos e atos de quem fosse servido por 27 anos com o melhor da vida, isso excede o humano.” (Coluna de Janio de Freitas, 8.dez.2013)

“Seu legado maior é difícil de ser medido. Sem esmagar a minoria branca, estabeleceu a igualdade com os negros, 80% da população. Sublimou anos de cárcere e sofrimento pessoal em nome de um bem coletivo.” (Editorial, 6.dez.2013)

Reproduzo trechos de textos publicados na Folha depois da morte de Nelson Rolihlahla Mandela (1918-2013), o líder sul-africano símbolo da luta contra o apartheid (e presidente de seu país de 1994 a 1999, após as quase três décadas na prisão), para que o leitor meça minimamente a sua importância para a história da humanidade.

Sua fama correu o mundo, e ele ganhou, merecidamente, o Prêmio Nobel da Paz em 1993 e admiradores em muitos e muitos países.

Em Camarões não foi diferente, e não chegou a ser surpresa quando, em 4 de maio de 1999, na cidade de Douala, um bebê nasceu na família Mbouhom e definiu-se seu nome: Nelson Mandela.

Xarás dele, que hoje está com 18 anos, devem haver muitos jovens espalhados pelo planeta, de nacionalidades sortidas.

Mas jogador de futebol, e em um clube de uma liga de elite, esse Nelson Mandela é único.

Nelson Mandela é apresentado pelo Eintracht Frankfurt como jogador do time profissional do clube (Reprodução/Site do Eintracht Frankfurt)

Onze dias atrás, o atacante ganhou os holofotes de alguns veículos de mídia por ter assinado seu primeiro contrato profissional com o Eintracht Frankfurt, da Bundesliga.

Nelson Mandela, que já fazia parte das categorias de base do clube alemão, passou a integrar o elenco principal. Fruto de seu bom desempenho na temporada 2016/2017, na qual anotou 8 gols em 14 partidas pelo time sub-19 do Eintracht Frankfurt.

Antes de desembarcar em solo germânico, Nelson Mandela passou por La Masia, o centro de formação de talentos do Barcelona, o que enriquece seu currículo. Olheiros o descobriram na Fundação Samuel Eto’o.

Eto’o, que defendeu o Barça de 2004 a 2009, é o melhor futebolista camaronês da história – aos 36 anos, ainda está na ativa, no Antalyaspor (Turquia).

Nelson Mandela acabou não sendo considerado bom o suficiente entre a garotada do Barcelona e teve de buscar novos horizontes. Esteve na escolinha do Real Valladolid, também na Espanha, e depois migrou para a França, para morar com o irmão mais velho e tentar um teste no Paris Saint-Germain.

Não teve, porém, essa oportunidade, ficando muito desapontado.

“Um vencedor é um sonhador que nunca desiste”, dizia Nelson Mandela, o líder sul-africano.

E Nelson Mandela, o teenager camaronês, superou a frustração e não desistiu de jogar bola em um grande centro.

Nova migração, dessa vez para a Alemanha. Justamente a Alemanha, marcada por seu passado nazista e racista. (Felizmente a ojeriza dos alemães, ou ao menos da grande maioria deles, a outras raças ficou para trás.)

O Hoffenheim acolheu Nelson Mandela, mas por pouco tempo. O diretor das categorias de base do Eintracht Frankfurt o viu jogar e teve uma certeza: “Esse garoto pode jogar muito”.

Assim, ainda um jogador sub-15, Nelson Mandela chegou a uma nova cidade, Frankfurt, de onde não mais saiu.

O atacante de 18 anos, nascido em Camarões, durante treino do time alemão (Reprodução/Site do Eintracht Frankfurt)

“Estou muito feliz com essa oportunidade”, afirmou ele na assinatura do contrato de dois anos. “Aqui em Frankfurt eu me sinto em casa e quero muito dar o meu melhor por este time fantástico. Estar entre os profissionais me enche de orgulho.”

Não há por ora muito mais a escrever sobre esse jovem Nelson Mandela. Somente por ora.

Ele há de se destacar, no Eintracht Frankfurt ou em outra equipe, para que jornalistas, articulistas, colunistas, cronistas, blogueiros e quem mais que se dedique a teclar textos futebolísticos possa expor seus feitos.

E no contexto citar, com saudosismo, o imortal Nelson Mandela, que combateu um dos mais repugnantes sistemas políticos da história.

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