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Rappo, o artilheiro dos 2.000 gols

Luís Curro

Pelé, o Rei do Futebol, é o mais famoso jogador a ter feito mil (ou mais) gols em sua carreira.

Pelo Santos, de pênalti, em 19 de novembro de 1969, marcou aquele que ficou conhecido como o milésimo. Tinha 29 anos.

Escrevo que “ficou conhecido” porque, conforme reportagem de Valmir Storti publicada na Folha em 1995, o verdadeiro milésimo gol de Edson Arantes do Nascimento foi assinalado, de pênalti, contra o Botafogo-PB, no estádio Governador José Américo de Almeida, em João Pessoa, cinco dias antes do duelo com o Vasco no Maracanã.

Romário também fez mil gols, marca atingida em 20 de maio de 2007 pelo Vasco, de pênalti (como Pelé), contra o Sport Recife, em São Januário. Estava com 41 anos.

Túlio Maravilha, idem – seu milésimo gol, de pênalti (como Pelé e Romário), saiu em 8 de fevereiro de 2014, pelo mineiro Araxá, diante do igualmente mineiro Mamoré, no estádio Fausto Alvim, em Araxá. Sua idade: 44 anos.

Tanto no caso de Romário como no de Túlio, os próprios jogadores somaram seus gols, e as contagens não incluíram apenas partidas oficiais mas também amistosos e jogos festivos, por exemplo.

Sendo as contas passíveis de comprovação ou não, é muito difícil se aproximar dos mil gols, tanto que Cristiano Ronaldo e Messi, dois dos maiores artilheiros da atualidade, ainda não atingiram os 600. O português está com 32 anos, e o argentino, beirando os 30. Será que dá para alcançar mil?

E o que dizer de chegar a 2.000 gols? Pode parecer inacreditável, mas aconteceu.

Sites espalhados por vários países do mundo (Inglaterra, Portugal, Espanha, Romênia, Croácia, entre outros) publicaram que Mark Rapsey, chamado de “Rappo” (ninguém explicou a razão do apelido), marcou no domingo (19) o gol de número 2.000 em uma partida dos veteranos do Wadebridge Town (clube do condado de Cornwall que atua na oitava divisão inglesa) contra o Lanreath, no Bodieve Park, casa do Wadebridge.

É praticamente um futebol de várzea, porém a festa para Rappo foi grande, com direito a uma comemoração efusiva (ajoelhou-se no campo e recebeu abraços dos empolgados companheiros de time, que se amontoaram sobre ele), aos cumprimentos dos jogadores adversários e de sua mulher e ao recebimento de um troféu em homenagem à façanha.

Mark “Rappo” Rapsey, do Wadebridge Town, cobra o pênalti para marcar o 2.000º gol de sua carreira (Reprodução/YouTube)

“Foi meio surreal”, resumiu Rappo, dono de uma barriga bem avantajada, de acordo com o tabloide britânico “The Mirror”. “Mas seria mais legal se esse gol (o 2.000º) tivesse sido o segundo.”

Rappo, cuja carreira iniciada aos 13 anos restringe-se a equipes inglesas amadoras e inexpressivas (exceção feita ao Exeter City, hoje na quarta divisão, clube que defendeu por curto período), ainda fez mais um na goleada por 7 a 0.

Por que ele preferia o outro gol, o de número 2.001? Porque foi com a bola rolando.

Sim, o 2.000º gol de Rappo, como o 1.000º de Pelé, o 1.000º de Romário e o 1.000º de Túlio, foi de pênalti. No caso do britânico, goleiro de um lado, bola do outro.

“Eu não jogava desde 2 de outubro. Provavelmente perdi um total de quatro temporadas em minha carreira devido a contusões”, afirmou o artilheiro, “então estou aliviado por finalmente ter chegado aos 2.000 gols.”

De acordo com o “Mirror”, Rappo participou de 1.380 partidas até hoje. Joga futebol adulto desde os 13 anos. Está com 49.

E anunciou que se aposentará logo, antes de abril, quando completará 50 anos.

Rappo posa com o troféu em homenagem aos 2.000 gols (Reprodução/Site Cornish Soccer)

Contudo, o afastamento dos gramados não será abrupto.

Cinquentão, Rappo avisa que ainda jogará “umas poucas partidas beneficentes”.

Afinal, com mais de 700 gols a mais que Pelé, ele pode ser considerado, no mínimo, uma atração aonde quer que vá.

No máximo, será visto como uma lenda da bola.

Em tempo 1: Em nenhum dos textos a respeito do feito de Rappo há a informação de quem fez a contabilidade de seus gols – o milésimo teria sido marcado em 1998. A FA (federação inglesa de futebol) não se pronunciou. Desse modo, é necessário considerar a marca de 2.000 gols não oficial – o que não diminui o sabor dessa história.

Em tempo 2: O total de gols de Pelé é controverso. Em 2012, o pesquisador Rogério Lopes Zilli, contratado pelo Rei do Futebol para levantar esse número, concluiu terem sido 1.282 as vezes em que ele balançou as redes.

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