Algoz do Brasil na Copa de 2010 lamenta o fim dos dias de certeza da Holanda
Copa do Mundo de 2010, na África do Sul. Quartas de final, na cidade de Port Elizabeth. Brasil x Holanda, no dia 2 de julho.
De um lado, Júlio César, Lúcio, Kaká, Robinho, Luis Fabiano… Do outro, Robben, Sneijder, Van Persie, Kuyt…
Ambas as seleções estavam invictas depois de quatro jogos – a brasileira com três vitórias, e a holandesa com quatro. Tinha tudo para ser um grande jogo. E foi.
O Brasil jogou um ótimo primeiro tempo e marchou para o vestiário na frente, gol de Robinho. Era para ter sido mais, mas o goleiro Stekelenburg salvou um chute de Kaká que iria no ângulo.
No segundo tempo, o Brasil se descuidou. E ele apareceu.
8 minutos: Sneijder encontrou espaço e cruzou alto, em curva, na área, Felipe Melo se atrapalhou com Júlio César, a bola desviou na cabeça do volante e na luva do goleiro e morreu nas redes. O árbitro deu gol para Sneijder.
23 minutos: Robben cobra escanteio, Kuyt desvia de cabeça para trás e, livre na pequena área, Sneijder, do alto de seu 1,70 m, cabeceia para superar Júlio César.
O Brasil comandado por Dunga murchou de vez, Felipe Melo foi expulso por pisar em Robben, e a Holanda triunfou e avançou.

Os holandeses passaram pelos uruguaios na semifinal (3 a 2) e, na decisão, fizeram um confronto duríssimo com a Espanha, que ficou com o título graças a um gol de Iniesta, na prorrogação.
Quatro anos se passaram e, na Copa do Brasil, os holandeses voltaram a fazer bonito. Logo na estreia, aplicaram um surpreendente 5 a 1, de virada, nos favoritos espanhóis.
Depois, venceram a Austrália, o Chile, o México e a Costa Rica (esta, após disputa de pênaltis). Na semifinal, partida disputadíssima com a Argentina, que ganhou nos pênaltis.
Restou aos holandeses faturar o bronze em cima do anfitrião, combalidíssimo depois de tomar o histórico 7 a 1 da Alemanha. 3 a 0. Esse jogo, Sneijder, o algoz da seleção brasileira em 2010, assistiu do banco de reservas.
Na Copa no Brasil, o momento mais marcante do camisa 10 ocorreu nas oitavas de final, contra os mexicanos, quando empatou aos 43 minutos do segundo tempo um jogo que parecia perdido. Seu gol incendiou a Holanda, que virou nos acréscimos (2 a 1).
Em dois Mundiais seguidos, a seleção que veste laranja havia sido muito competitiva e chegado perto da taça, terminando entre os quatro primeiros.
A partir daí, contudo, a Holanda degringolou. Sob o comando de dois técnicos (Guus Hiddink, primeiro, e Danny Blind, depois), não se classificou para a Eurocopa deste ano, na França.
E, hoje, depois de três jogos disputados nas eliminatórias para a Copa da Rússia-2018, se vê em situação pouco confortável. Com uma vitória, um empate e uma derrota, tem 4 pontos e ocupa a terceira posição em seu grupo. Está atrás da França e da Suécia, ambas com 7 pontos.
A situação fez Sneijder, um dos jogadores de mais raça e determinação quando com o uniforme que um dia consagrou o lendário Cruyff e companhia nos anos 1970 (a Holanda foi vice nas Copas de 1974 e 1978), desanimar.
“Hoje não vamos mais para o estádio sabendo que ganharemos e pensando apenas em qual será a margem da vitória. Esses dias terminaram, e eu sinto falta deles”, declarou o hábil meia ofensivo ao tabloide britânico “Metro”.
“Espero que possamos criar uma era similar no futuro, mesmo que eu não faça parte dela”, acrescentou o atual jogador do Galatasaray, da Turquia, que está com 32 anos e antes defendeu o Ajax, o Real Madrid e a Inter de Milão.

Nesta quarta (9), em amistoso em Amsterdã, a Holanda novamente não se encontrou com a vitória: ficou no 1 a 1 com a visitante Bélgica, que, diga-se, é uma das boas seleções da atualidade.
Agora, se no domingo (13), pelas eliminatórias da Copa, a Holanda não superar, mesmo fora de casa, a fragilíssima seleção de Luxemburgo, contra quem, nos últimos oito confrontos, desde 1968, marcou 31 gols e não levou nenhum, vencendo todos esses jogos, aí é o caso de dispensar todo mundo e começar do zero a busca por uma nova era.