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Técnico que mais venceu a Champions League, Ancelotti é demitido

Luís Curro

Não é só no Brasil que a vida de técnico não é fácil.

O fantasma da demissão ronda também treinadores na Europa, e nem os profissionais mais badalados e vitoriosos estão imunes ao recebimento do bilhete azul.

Em dezembro de 2015, aconteceu com o português José Mourinho, no Chelsea. Em maio de 2016, com o holandês Louis Van Gaal, no Manchester United.

Nesta quinta (28), foi a vez de o italiano Carlo Ancelotti ser dispensado pelo Bayern de Munique – um dia depois de o clube alemão perder de 3 a 0 do Paris Saint-Germain, de Neymar e companhia, na Liga dos Campeões da Europa.

Carlo Ancelotti acumulou 50 vitórias, 11 empates e 14 derrotas em sua passagem pelo Bayern de Munique (Reprodução/Site do FC Bayern Munich)

Aos 58 anos, Ancelotti, que tinha contrato até 2019 e um dos cinco maiores salários na profissão, está longe de ser qualquer um.

É o treinador que mais vezes conquistou a Champions League, duas vezes com o Milan (2003 e 2007) e uma com o Real Madrid (2014). Junto com ele, apenas o inglês Bob Paisley (1919-1996), campeão com o Liverpool em 1977, 1978 e 1981.

Ancelotti é também o técnico com mais conquistas internacionais no geral, oito, empatado com Pep Guardiola (Manchester City) e Alex Ferguson (ex-Manchester United, aposentado).

Mas a paciência dos geralmente pacientes alemães com o italiano foi, até de forma surpreendente, embora muito rápido neste início de temporada.

Onde se situa o Bayern, esportivamente, neste momento?

Em segundo lugar no Grupo B da Liga dos Campeões, com uma vitória e uma derrota, bem longe do risco de não se classificar para os mata-matas. Em terceiro lugar no Campeonato Alemão, com 13 pontos (4 vitórias, 1 empate e 1 derrota), atrás de Borussia Dortmund (16 pontos) e Hoffenheim (14). E vivo na Copa da Alemanha – goleou por 5 a 0 o Chemnitzer na estreia.

Pegou mal, é verdade, o fraco desempenho na Audi Cup, torneio preparatório para a temporada, no qual o Bayern, atuando em casa, perdeu de 3 a 0 do Liverpool e de 2 a 0 do Napoli.

Logo na sequência, entretanto, a equipe conquistou a Supercopa da Alemanha, derrotando nos pênaltis o Borussia Dortmund.

Esse título, conquistado há um mês e meio, não serviu de amparo a Ancelotti. O troféu da Bundesliga, no fim de abril, tampouco adiantou.

Vidal chuta observado por Daniel Alves, do PSG, no Parc des Princes; o Bayern não jogou bem e perdeu de 3 a 0 para o rival na Champions League (Reprodução/Site do FC Bayern Munich)

O pífio desempenho em Paris (com uma escalação contestada, na qual Ancelotti deixou na reserva as estrelas Robben e Ribéry) foi a gota d’água em uma situação que já não era animadora na visão da direção do clube de Munique.

“As atuações do time desde o começo da temporada não corresponderam às nossas expectativas. A partida em Paris mostrou claramente que precisávamos tomar uma atitude”, declarou Karl-Heinz Rummenigge, diretor-executivo do Bayern.

Com a saída de Ancelotti, assume interinamente a equipe o francês Willy Sagnol, ex-lateral do time que trabalhava como assistente técnico.

Há rumores de que o Bayern pode contratar Thomas Tuchel, de 44 anos, ex-Borussia Dortmund e atualmente desempregado, ou Julian Nagelsmann, de 30 anos, treinador do Hoffenheim. Ambos são alemães.

Em tempo 1: Carlo Ancelotti ficou menos de 1 ano e 3 meses como treinador do Bayern, que tem tradição de manter seus técnicos por período superior. Nos últimos 20 anos, foram os casos de Ottmar Hitzfeld (1998 a 2004), Felix Magath (2004 a 2007), Louis Van Gaal (2009 a 2011), Jupp Heynckes (2011 a 2013) e Pep Guardiola (2013 a 2016). Foram exceções, além de Ancelotti, Hitzfeld, que em outra passagem ficou 1 ano e 5 meses (2007-2008) e Jürgen Klinsmann, que durou um pouco menos de 10 meses (2008-2009).

Em tempo 2: A instabilidade no emprego de treinador de futebol é tamanha que até Zinédine Zidane – que desde que assumiu o Real Madrid no início de 2016 conquistou duas Ligas dos Campeões, um Campeonato Espanhol, duas Supercopas da Europa, uma Supercopa da Espanha e um Mundial de Clubes – já afirmou não se sentir seguro no cargo. Disse saber o que todos sabemos: futebol é resultado. Não se referia a títulos, mas a ganhar quase sempre, jogo a jogo, o que, todos também sabemos, é praticamente impossível. “Não tenho medo de ser demitido”, declarou Zidane à rádio francesa RMC em outubro do ano passado. “Sei que um dia isso acontecerá.” Uma previsão que soa tão triste quanto real.

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