Vozes para Sempre – Os ‘soldados’ do País de Gales
Depois de ter lançado a série “Nomes para Sempre”, passarei a publicar eventualmente neste espaço declarações marcantes de jogadores e/ou treinadores depois de partidas igualmente marcantes.
Serão as “Vozes para Sempre”, e País de Gales conquistou o direito de ser o primeiro a ter o direito a “falar”.
No jogo desta sexta (1º) das quartas de final da Eurocopa da França, no estádio Pierre-Mauroy, em Villeneuve-d’Ascq, na Grande Lille, a Bélgica era favorita. Não detinha um superfavoritismo, mas nas casas de apostas quem pagava bem mais era País de Gales.
E os belgas saíram na frente, um golaço de Nainggolan logo aos 13 minutos.
Por ter assistido à partida anterior da equipe de Hazard, De Bruyne e companhia, um 4 a 0 na Hungria, pensei: “Abriu a porteira, será outra goleada”.
Estreantes em Eurocopas, os galeses, apesar de terem ganhado três das suas quatro partidas (2 a 1 na Eslováquia, 3 a 0 na Rússia e 1 a 0 na Irlanda do Norte, além da derrota por 2 a 1 para a Inglaterra), nunca tinham começado em desvantagem no placar. A sólida defesa falhara. Já era.
Então, o inesperado ocorreu. País de Gales, até então encolhido, cresceu na adversidade. Passou a dominar territorialmente a Bélgica e a ameaçar a meta de Courtois. O gol de empate veio em uma cabeçada do zagueiro e capitão Ashley Williams, após escanteio, aos 30 minutos.
Empate obtido, os galeses voltaram ao futebol do início da partida, retomando suas características e deixando para os favoritos belgas a responsabilidade de atacar.
Podiam ter tomado um gol, especialmente no início segundo tempo, quando a pressão belga aumentou? Sim. Mas a defesa não deu chance clara ao adversário. E, em dois contra-ataques, os galeses mataram o jogo, gols de Robson-Kanu, aos 10 minutos, e Vokes, aos 40 minutos.
Final: 3 a 1. A força do conjunto prevaleceu, tanto que Bale, o craque do time, não precisou ser decisivo.
Assim, em um time cujos atores principais são os coadjuvantes, abro espaço para eles, os não astros. Destaco as frases pós-jogo daqueles que até agora você pode não ter ouvido falar, mas dos quais certamente se lembrará no futuro – e não muito distante, pois na quarta-feira (6) País de Gales estará em campo contra Portugal por uma vaga na finalíssima.
Chris Coleman (treinador): “Dominamos o jogo por longos períodos, mantivemos a posse da bola. E, quando precisamos defender, defendemos como soldados”.
Neil Taylor (ala esquerdo, Swansea): “Antes do jogo, Portugal deve ter pensado ‘é melhor enfrentar Gales e não a Bélgica’, mas se assistiram à partida eles devem pensar diferente agora”.
Gareth Bale (atacante, Real Madrid): “Mesmo com muito mais belgas no estádio, nossos torcedores gritaram dez vezes mais alto”. (Ok, Bale é o astro do time, mas decidi incluir frase dele também.)
Ashley Williams (zagueiro e capitão, Swansea): “Os torcedores têm sido brilhantes. Fizemos isso por eles e por nós”.
Robson-Kanu (atacante, sem clube): “Estamos nas nuvens. Deixamos nossa nação orgulhosa”.
Chris Coleman: “O grupo não esteve e não estará pensando em ganhar o campeonato. Tudo o que pensávamos era em passar da fase de grupos. Depois, em derrotar a Irlanda do Norte. Depois, passar pela Bélgica. O próximo é Portugal”.
Joe Allen (volante, Liverpool): “Nós nunca, jamais desistimos, e será preciso acontecer algo especial para que nos parem”.
Em tempo: Para a semifinal contra os portugueses, que será em Lyon, País de Gales jogará sem dois de seus “soldados” titulares, ambos suspensos: o zagueiro pela esquerda Ben Davies e o meia armador Aaron Ramsey. Portugal, com Cristiano Ronaldo à frente, terá força máxima.