Cristiano Ronaldo é um chato, afirma holandês que jogou com ele no Real Madrid
Que Cristiano Ronaldo se acha o melhor jogador do mundo, todo mundo sabe. Que é um garoto-propaganda de primeira linha (de si mesmo e das empresas que o patrocinam), idem. Que um de seus grandes defeitos (que para alguns pode ser uma qualidade) é o egocentrismo, ibidem.
Agora, que o atacante de 31 anos pode ser um tremendo de um chato, é novidade.

O holandês Rafael van der Vaart, de 33 anos, companheiro do CR7 no Real Madrid na temporada 2009/2010, disse em entrevista à TV NOS, de seu país, que “Cristiano, como pessoa, é um baita de um chato”.
Por isso, frisou o meia-atacante, que atuou na final da Copa do Mundo de 2010, na África do Sul, “não acredito que pudéssemos ter sido amigos”. (O que não imagino que tenha feito falta ao CR7.)
Sempre vi em Cristiano Ronaldo, além de um excepcional futebolista (um dos melhores da história), um lado meio chato.
Mas não um chato “como pessoa”, como afirmou Van der Vaart, mas aquele chato no sentido de, “se as coisas não estiverem do jeito que quero, eu faço birra”. O chato de estilo prepotente.
Percebe-se isso em campo, que é onde é possível observá-lo e tirar conclusões, e eventualmente também fora das quatro linhas.
Se um companheiro faz um gol, e Cristiano Ronaldo não tiver feito ainda o dele, é comum não vê-lo se juntar ao grupinho que se reúne para festejar o tento.
Se o time vai mal, a culpa nunca é de Cristiano Ronaldo – em fevereiro, por exemplo, depois de o Real perder para o Atlético de Madri no Campeonato Espanhol, ele declarou que “se os outros estivessem no meu nível, estaríamos em primeiro (lugar na tabela)”.
Se Cristiano Ronaldo deixa de ser o jogador mais caro do planeta, pois um companheiro de clube (Bale) custou mais que ele, isso se torna um problemão, devido ao tamanho de seu ego.
A falta de companheirismo e de entendimento em determinadas situações influencia e torna, sim, uma pessoa enjoada, entediante, presunçosa, repulsiva. Chata.

Não sei se Van der Vaart teve algum problema de relacionamento com o português à época de Real Madrid. Se sim, e caso tenha guardado rancor, isso pode tê-lo feito emitir esse comentário.
Por Cristiano Ronaldo ser o craque e o artilheiro que é, seus colegas de Real (de hoje e de ontem), e também os da seleção portuguesa, tendem, diferentemente do holandês, a relevar um suposto lado chato da personalidade dele.
Mas se ninguém mais vier a público corroborar a opinião de Van der Vaart, jogador do espanhol Betis na temporada 2015/2016, ela não pode ser considerada uma verdade.
Independentemente de ser ou não uma pessoa chata, o chato neste últimos dias para Cristiano Ronaldo tem sido sua atuação na Eurocopa da França, decepcionante após duas partidas, nas quais não esteve bem e não fez gols.
Na primeira, o 1 a 1 com a Islândia, deixou o gramado disparando críticas contra os rivais, a quem acusou de praticarem um futebol retranqueiro. Na segunda, o 0 a 0 com a Áustria, desperdiçou um pênalti aos 34 minutos do segundo tempo – acertou a trave.
Com seu astro preferindo culpar os adversários em vez de resolver a partida e cometendo erro em um momento crucial, a situação da seleção lusa é delicada.
Com 2 pontos, está em terceiro lugar no Grupo F e decide o futuro nesta quarta (22), diante da Hungria, líder da chave, com 4 pontos. No mesmo horário (13 horas de Brasília), duelam Islândia (2 pontos, mas com um gol marcado a mais que Portugal) e Áustria (1 ponto).
Cristiano Ronaldo ambiciona ser eleito neste ano, pela quarta vez na carreira, o melhor jogador do mundo. O título da Liga dos Campeões da Europa com o Real Madrid, além dos 16 gols que marcou na competição, podem ajudá-lo a superar o argentino Messi (que está jogando muito na Copa América Centenário) e o uruguaio Suárez, ambos do Barcelona, seus principais concorrentes.
Só que uma eliminação precoce de Portugal na Eurocopa prejudicará não só essa pretensão, mas também sua imagem. Sendo uma pessoa chata ou não, Cristiano Ronaldo será alçado ao papel de vilão, de responsável pelo fracasso.
Vai ser, no mínimo, bem chato para ele.
Atualização: Cristiano Ronaldo, mesmo depois de um entrevero antes da partida no qual atirou o microfone de um repórter na água, demonstrando irritação com a abordagem, contribuiu decisivamente para a classificação de Portugal para as oitavas de final da Eurocopa. Fez dois gols (o primeiro, de letra, uma pintura) e deu uma assistência no empate por 3 a 3 com a Hungria.