Quarteto estrangeiro fortalece Hulk e o Atlético-MG
O Flamengo está bem. Está na semifinal da Libertadores, vivo na Copa do Brasil e em quarto lugar no Campeonato Brasileiro, a nove pontos do líder.
Parece uma distância grande, mas o time acertou-se com a chegada do técnico Renato Gaúcho e deve lutar pelo tricampeonato.
O Palmeiras está bem. É semifinalista da Libertadores e ocupa a segunda posição no Brasileiro, a cinco pontos do líder.
Sob o comando do português Abel Ferreira, tem equipe para buscar o bi na América e para repetir a conquista de 2018 na competição nacional.
Duas forças a serem respeitadas, mas que para atingir ao menos um desses objetivos precisarão suplantar um clube que, pelas atuações recentes, passou a deter o favoritismo –não acentuado, mas inequívoco.
O Atlético-MG não está só bem. Está mais que bem.
Treinado por Cuca, lidera o Brasileiro, prossegue com chance na Copa do Brasil, e na Libertadores atropelou o poderoso River Plate para chegar à fase semifinal, na qual duelará com o Palmeiras.
Antes, nas quartas de final, eliminou, mesmo que nos pênaltis, a outra potência da Argentina, o Boca Juniors.
Muitos dos créditos à ótima fase da equipe mineira têm sido dados ao atacante Hulk, ex-seleção brasileira –jogou na Copa de 2014, no Brasil.
Com razão. O veterano de 35 anos tem feito diferença.
Está em grande forma e marcou sete gols em dez jogos na Libertadores, além de outros sete gols, em 15 partidas, no Brasileiro, e mais dois, em quatro embates, na Copa do Brasil.
Se o vigoroso Hulk é o principal definidor do Galo, o jogador de físico privilegiado que hoje chama a atenção de todos –adversários, torcedores, imprensa–, ele conta com colaboradores que estão igualmente em fase admirável, e que não raro o fortalecem, deixando-o em excelente condição de balançar as redes.
E não dois nem três os coadjuvantes do paraibano de Campina Grande. São quatro.

Em comum, todos jogam do meio para a frente. Em comum, todos são estrangeiros. Em comum, todos têm o espanhol como idioma nativo. Em comum, todos são sul-americanos.
Há, todavia, diferenças.
Nem todos têm as mesmas características técnicas e físicas. Dois deles nasceram no mesmo país, os outros dois, não. Três são destros, um é canhoto (assim como Hulk). Dois têm mais de 30 anos; dois, menos de 25. Um já participou de Copa do Mundo, os outros três, não.
São eles os argentinos Ignacio “Nacho” Fernández, 31, e Matías Zaracho, 23, o chileno Eduardo Vargas, 31, e o venezuelano Jefferson Savarino, 24.
Que estiveram simultaneamente em campo por, aproximadamente, meros 60 minutos. No primeiro tempo contra o América de Cali, no dia 27 de abril, em um Atlético superofensivo na Libertadores, e cerca de 15 minutos no começo do segundo tempo contra o Athletico-PR, no dia 1º deste mês, no Brasileiro.
Isso porque Cuca, que escala dois volantes (Jair e Allan), tem optado por no máximo três deles como titulares. Quem não começa fica no banco e, quando entra, costuma substituir um desses companheiros.
Nacho é o cérebro, o maestro, o organizador do Galo. É o canhoto do quarteto. E faz gols. Os demais também fazem gols. E correm muito, driblam, ajudam na marcação –mais Zaracho e Savarino. Vargas foi quem esteve em um Mundial, o de 2014, no Brasil.
Neste ano, somando Libertadores, Brasileiro e Copa do Brasil, Nacho e Vargas anotaram cinco gols cada um; Zaracho, seis. Savarino, o que mais tem impressionado, nove.
Parte deles, além disso, serve Hulk com certa frequência. Na Libertadores, três dos gols do corpulento atacante saíram depois de passe de Savarino, e dois, após o de Nacho.
O venezuelano ainda deu uma assistência para Hulk marcar na Copa do Brasil. No Brasileiro, Zaracho serviu uma vez, em jogada de gol, o camisa 7.

Com tantas boas opções ofensivas gringas, o Atlético ganhou recentemente mais uma. Na verdade, um jogador meio brasileiro, meio forasteiro.
O Galo contratou o artilheiro Diego Costa, 32 (ex-Chelsea e Atlético de Madrid), que, nascido em Lagarto (Sergipe), possui cidadania espanhola –defendeu a Espanha nas Copas de 2014 e de 2018.
O alvinegro mineiro tem mais três estrangeiros no elenco. Um deles, o zagueiro paraguaio Júnior Alonso, é titular. Os outros são reservas e às vezes entram no segundo tempo: o volante equatoriano Alan Franco e o meia colombiano Dylan Borrero, que com 19 anos é visto como uma grande promessa.
Com essa legião de forasteiros, em especial com o quarteto que tem destoado positivamente, e com Hulk, o Galo pode sonhar com uma coroa quádrupla em 2021: o Mineiro, ganho em maio (46º título na história), a Libertadores (conquistada em 2013), a Copa do Brasil (faturada em 2014) e o Brasileiro (vencido há exatos 50 anos, em 1971).
É dificílimo? É. É improvável? É. É factível? É. O maior estímulo? Superar o arquirrival Cruzeiro, que em 2003 ganhou Campeonato Mineiro, Copa do Brasil e Campeonato Brasileiro.
Leia também: Dono de petardo, Hulk diz que se inspirou em Adriano Imperador
* Texto atualizado em 23 de agosto de 2021, às 15h30