Mourinho é trocado por novato de 29 anos, a metade da idade dele
Em meio à notícia-bomba da criação da Superliga europeia, implodida por sua impopularidade meros dois dias depois do anúncio, o Tottenham, um dos times que recuaram da ideia, demitiu José Mourinho.
Futebol, sabe-se, é resultado, e o português fracassou ao não conseguir dar ao time londrino algo concreto.
Desde que assumiu, em novembro de 2019, Mourinho:
- fracassou na Champions League em 2020, sendo eliminado nas oitavas de final pelo alemão Leipzig;
- fracassou na Copa da Inglaterra em 2020, com a eliminação diante do Norwich nas oitavas de final;
- fracassou no Campeonato Inglês ao tentar classificar a equipe para a atual Champions League;
- fracassou de novo na Copa da Inglaterra, ao perder em fevereiro, nas oitavas de final, para o Everton;
- fracassou na atual Liga Europa, sendo eliminado nas oitavas de final pelo croata Dinamo de Zagreb, no mês passado;
- estava fracassando de novo no Campeonato Inglês, que está na reta final e o Tottenham, até ele sair, ocupava a sétima posição, fora da zona de classificação para a Champions League e para a Liga Europa.
Mourinho teria a oportunidade de obter um êxito que fosse no domingo (25), já que conduziu o time à decisão da Copa da Liga Inglesa (terceiro torneio nacional em importância na Inglaterra) e poderia erguer a taça no estádio de Wembley diante do Manchester City de Pep Guardiola.
Teria. Não terá.

O Tottenham decidiu não arriscar mais um insucesso e deu o bilhete azul ao treinador de 58 anos, intitulado “The Special One” (O Especial) pela mídia quando de sua chegada ao Chelsea, em 2004, mas que de especial tem bem pouco já faz tempo.
Além disso, a relação do português com os jogadores, que costumeiramente não é boa por onde passa (é adepto do “eu ganhei, nós empatamos, vocês perderam”), vinha se deteriorando rapidamente, com os maus resultados em campo sendo reflexo disso.
Ryan Mason, ex-jogador do Tottenham, que tem a metade da idade de Mourinho, assumiu o posto. Será o treinador interino até o encerramento da temporada.
Cria das categorias de base do clube, o meio-campista encerrou sua carreira precocemente em 2017, aos 25 anos, depois de ter tido uma fratura no crânio em uma disputa aérea com o zagueiro Gary Cahill, do Chelsea.
Submeteu-se a uma cirurgia delicada e passou momentos entre a vida e a morte.
A vida prevaleceu, e Mason retornou ao Tottenham para trabalhar no departamento de desenvolvimento dos jovens do clube, supervisionando do sub-16 ao sub-23.

Na sua primeira partida como técnico do time principal, nesta quarta (21), depois de um só dia de treino, vitória de virada sobre o Southampton, por 2 a 1. E isso sem o artilheiro Harry Kane, contundido.
Sorte de principiante? Pode até ser, pois a apresentação não foi brilhante, mas no futebol também se precisa de sorte.
O resultado fará o Tottenham chegar à decisão da Copa da Liga com moral elevado.
E Mason poderá conseguir em menos de uma semana o que o dispensado Mourinho não conseguiu em 17 meses: dar um título ao clube.
Algo que a equipe não tem desde 2008, quando superou o Chelsea por 2 a 1 na decisão dessa mesma competição.
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Em tempo 1: Ryan Mason já participou de uma final de Copa da Liga Inglesa. Ele começou como titular a partida diante do Chelsea, na qual o Tottenham perdeu de 2 a 0.
Em tempo 2: Aos 29 anos e 313 dias, Ryan Mason se tornou o mais jovem técnico em um jogo de Premier League (como a primeira divisão do Campeonato Inglês passou a ser chamada em 1992). Superou o italiano Attilio Lombardo, que dirigiu o Crystal Palace em 1998 com 32 anos e 67 dias.