O intrigante caso do email não recebido, ou não respondido
Falha de comunicação? Lapso de atenção? Falta de consideração?
Essas são algumas das hipóteses para um intrigante caso envolvendo a seleção de Camarões, uma das mais famosas da África, e um de seus principais jogadores, o atacante Jean-Eric Maxim Choupo-Moting.
Ao divulgar a lista de convocados para as partidas deste mês contra Cabo Verde, que será nesta sexta (26), e Ruanda, o treinador português Toni Conceição não relacionou o jogador do Bayern de Munique, atual campeão europeu.
A ausência do atleta de 32 anos, que esteve nas Copas do Mundo de 2010 (África do Sul) e 2014 (Brasil) e disputou as eliminatórias para a de 2018 (Rússia), causou estranheza.
A primeira versão deu conta de que a federação camaronesa cometeu um erro grotesco, ao errar o endereço de email na mensagem direcionada tanto ao clube como ao jogador que informava a respeito de sua convocação.
Essa informação foi publicada pelo tabloide alemão Bild, conhecido pelo sensacionalismo.
A notícia repercutiu em Camarões, e o pai do atacante deu declarações à local Naja TV, com críticas aos dirigentes do futebol da nação do centro-oeste da África.
“Fiz contato com o Bayern, e eles confirmaram que não receberam o comunicado [da federação]. Parece que enviaram o email para o endereço errado. Para mim, é falta de profissionalismo”, declarou Camille Just Choupo-Moting.
“Quando você faz a convocação, tem que estar certo de mandar para o endereço correto. Se não acontece, não dá para colocar a culpa no clube ou em Maxim.”

Veio então a segunda versão. Da federação camaronesa. Bem diferente, e a eximindo de culpa no cartório.
De acordo com Parfait Siki, chefe do departamento de comunicação, não houve erro administrativo da entidade.
Ele deu a entender que tudo foi feito corretamente e que a falta de resposta de Choupo-Moting, não só à mensagem por email mas também por mensagem de texto, indicaria o desinteresse do jogador em defender a seleção.
“Enviamos a convocação individualmente para todos os atletas e clubes no dia 5 de março”, afirmou Siki à ESPN.
“No caso de Choupo-Moting, não tivemos retorno. Telefonamos, e ele não atendeu. Enviamos a convocação por WhatsApp, e nada de resposta.”
“Quando jogador e clube silenciam, interpretamos que não há disponibilidade para que o jogador atue pela seleção. No nosso contexto, o jogador transmitiu uma mensagem muito clara.”
Siki lembrou que não foi a primeira vez que Choupo-Moting agiu dessa forma, deixando de responder a um chamado. Segundo ele, ocorreu o mesmo na convocação para as duas partidas contra Moçambique, em novembro do ano passado.

A terceira versão, talvez a definitiva, deveria ser a do próprio jogador.
Seria Choupo-Moting tão distraído, a ponto de não ter notado que a federação fez contato por mais de um canal –se é que de fato fez–, convocando-o para os jogos deste mês? Ou seria notória displicência de um jogador notoriamente relapso?
Não saberemos, já que a versão dele não foi propriamente uma versão, mas um breve discurso com o intuito de colocar panos quentes na situação.
“Lamento que tenha havido uma falha de comunicação na convocação. Eu realmente queria jogar pela minha seleção. Camarões está no meu coração e espero ser convocado para as próximas partidas, em setembro.”
Caso encerrado, miseravelmente sem um veredicto claro.
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Em tempo: Nascido na Alemanha, mas com nacionalidade camaronesa, Choupo-Moting defende os Leões indomáveis desde 2010. Participou de 55 jogos e marcou 15 gols.
Erramos: o texto foi alterado
A seleção de Camarões não disputou a Copa do Mundo de 2018. O texto foi corrigido.