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Cristiano Ronaldo é eleito o jogador do século… a 80 anos do fim do século

Um século, é sabido, é formado pelo período de cem anos. No caso do século 21, o período vai de 2001 a 2100. Desse modo, como estamos em 2020, faltam 80 anos para que chegue ao fim.

Uma premiação esportiva, entretanto, decidiu que, na escolha do melhor futebolista do século 21, as próximas oito décadas não contarão.

Ou, caso contem, que não existirá nenhum jogador que supere o português Cristiano Ronaldo.

O atacante da Juventus, de 35 anos, recebeu neste domingo (27), em jantar de gala do Globe Soccer Awards, em Dubai (Emirados Árabes Unidos), o troféu de Jogador do Século.

“Ser o vencedor é uma grande honra, uma conquista excepcional”, festejou o CR7, que adora ter o ego inflado por qualquer prêmio que o coloque acima de qualquer um, de hoje ou de ontem.

Esse obscuro evento –eu não sabia até agora que ele existia– é realizado desde 2010, e quem o promove é um grupo de investidores.

Na votação, realizada pelo público e por 25 jurados, o CR7 superou a concorrência de Lionel Messi, Ronaldinho Gaúcho e Mohamed Salah.

Não se divulgou quantas pessoas votaram, nem a forma como isso ocorreu, tampouco a lista dos jurados –o jornal espanhol Marca publicou que entre eles estão os ex-jogadores Deco e Abidal e o treinador Antonio Conte, da Inter de Milão.

Quando se toca neste assunto, imediatamente a referência é Pelé.

O brasileiro, hoje com 80 anos, ganhou do jornal francês L’Équipe o título de Atleta do Século, no caso do século 20, em eleição feita por jornalistas de duas dezenas de conceituados veículos da imprensa.

Com 179 pontos, o Rei do Futebol superou oponentes como o velocista Jesse Owens (EUA), o ciclista Eddy Merckx (Bélgica), o tenista Bjorn Borg (Suécia), o meio-fundista Paavo Nurmi (Finlândia) e o nadador Mark Spitz (EUA).

Estatueta entregue pelo jornal L’Équipe a Pelé, eleito em 1980 o Atleta do Século (Divulgação)

Essa eleição foi realizada em 1980, o século 20 estava mais próximo do fim do que do início, porém o adequado era esperar mais 20 anos, para englobar todos os esportistas, inclusive os que (como Maradona, Michael Jordan e Tiger Woods, entre outros) poderiam brilhar de 1981 a 2000.

Caso a eleição de melhor esportista do século 20 tivesse sido realizada em 1920, provavelmente o ganhador teria sido um norte-americano (Archie Hahn, Raymond Ewry ou Jim Thorpe, no atletismo, ou Anton Heida, na ginástica), pelo desempenho nas primeiras Olimpíadas do período (1904, 1908 e 1912).

O futebol, naquela época, era incipiente ou inexistente na maior parte do planeta, sendo praticado principalmente no Reino Unido. Então, se houvesse um boleiro escolhido, seria britânico.

Cristiano Ronaldo é espetacular, sem dúvida. Se é melhor que Messi ou não, é debate para horas, talvez dias.

No entanto, elegê-lo o jogador do século com quatro quintos do século 21 a serem percorridos é prematuro, para não dizer absurdo.

Tira a força da premiação, questiona-se a pertinência do ganhador, provoca olhares tortos, enfim, gera mal-estar.

Para escolher o “jogador do século 21” ou o “esportista do século 21”, qualquer um que seja sensato dirá: “O século tem cem anos, então que se espere o ano 2100, e só aí vote-se nos melhores”. Simples assim.

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Em tempo: O Globe Sports Awards também elegeu o Técnico do Século (Pep Guardiola), o Clube do Século (Real Madrid) e, pasme, o Empresário do Século (Jorge Mendes).

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