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Dudamel deixa em dúvida patamar que o Atlético-MG quer alcançar

“O Atlético anuncia a contratação do técnico Rafael Dudamel, que se destacou nos últimos anos ao elevar o patamar do futebol venezuelano.”

Assim o Atlético-MG inicia o comunicado em que anuncia a chegada do seu novo treinador, que substitui Vagner Mancini, dispensado após o fim do Campeonato Brasileiro, no qual o Galo terminou em um nada aprazível 13º lugar.

O ex-goleiro Dudamel comandou por três anos e meio a seleção da Venezuela, seu país, e é bastante discutível e questionável o entendimento em relação a “elevar o patamar” do seu futebol.

Nesse período, a seleção vinho tinto – alusão à cor da camisa – acumulou 12 vitórias, 17 empates e 13 derrotas. Transformando essa performance em aproveitamento de pontos, ele é de 42%. O de vitórias, ainda menor (29%).

Dudamel teve aproveitamento de vitórias de apenas 29% no período em que comandou a seleção principal da Venezuela (Reprodução/Twitter da seleção da Venezuela)

Um time do porte do Atlético, que será o único de Minas Gerais na elite do Brasileiro-2020 depois da queda do Cruzeiro para a Segundona, não se dará por satisfeito com esses números, similares aos registrados no Brasileiro-2019 – em vitórias é até pior.

As eliminatórias para a Copa do Mundo da Rússia também em nada enriquecem o currículo de Dudamel.

A Venezuela ficou na décima e última colocação, com 12 pontos e ganhando só dois de 18 jogos (11%). Esse desempenho foi pior que o visto no classificatório para a Copa anterior, em 2014, no Brasil (20 pontos, cinco vitórias, sexta posição).

Possivelmente a direção do Atlético impressionou-se com o que fez a Venezuela na Copa América deste ano, em solo brasileiro.

Em um torneio de tiro curto, no qual é mais provável haver surpresas do que em uma competição por pontos corridos, a seleção de Dudamel chegou às quartas de final, sendo eliminada pela Argentina (2 a 0). Antes, empatara sem gols com Peru e Brasil e derrotara a frágil Bolívia (3 a 1).

Também consta no currículo de Dudamel uma vitória por 3 a 1 sobre a Argentina, com Messi em campo, em março do ano passado, em Madri. Só que foi em um amistoso, jogo que não valia nada.

Parece muito pouco para qualificar positivamente, de modo incisivo, qualquer treinador.

O Atlético-MG anunciou a contratação de Dudamel neste sábado, dia 4 de janeiro de 2020 (Reprodução/Twitter do Clube Atlético Mineiro)

No mesmo texto do anúncio da contratação do treinador de 46 anos (fará 47 nesta semana), o Atlético enaltece os resultados obtidos por Dudamel nas categorias de base da Venezuela.

“Sob seu comando, o time sub-20 da Venezuela foi vice-campeão mundial, em 2017, na Coreia do Sul. Na categoria sub-17, comandou a equipe vice-campeã sul-americana, em 2013.”

Ok, feitos consideráveis, dignos de elogios. Só que em categorias menores.

Nesse quadro, a lógica indica que, antes de dar a Dudamel sua equipe principal, que merece um 2020 muito melhor que 2019, o Atlético deveria testá-lo em suas categorias de base.

Ofertar-lhe por, digamos, um ano a chance de garimpar talentos e ganhar títulos com a garotada. Tendo sucesso, subir o degrau para os profissionais seria natural.

Do jeito que foi feito, Dudamel pode até dar certo no Galo, mas, dado o histórico, seu eventual êxito será uma enorme surpresa.

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