Junho tem sido um mês conturbado para Neymar. Denúncia de estupro, corte da seleção brasileira devido a uma lesão no tornozelo, rumores de que sairá do Paris Saint-Germain.

Os dois primeiros tópicos (investigação e contusão) já foram muito bem noticiados, então atenho-me ao terceiro.

Qual o futuro de Neymar? Ele vai deixar o PSG? O que se sabe sobre isso?

Sabe-se que no domingo (16) o bilionário qatariano Nasser Al-Khelaïfi, dono do PSG, mandou um recado a seus atletas, via revista France Football: “Eles terão que fazer mais, trabalhar mais. Não quero mais nenhum comportamento de celebridade. Se não concordarem, as portas estão abertas. Adeus”.

A mensagem que exige comprometimento foi para o atacante brasileiro, contratado há quase dois anos por € 222 milhões, até agora um recorde no futebol, que chegou com o desafio de liderar o PSG ao inédito título da Liga dos Campeões da Europa, que não veio?

Sem dúvida, já que o camisa 10 é reconhecidamente adepto a uma badalação – esteve no Brasil para curtir o Carnaval e não esconde gostar de uma festinha –, mas também para o jovem francês Mbappé, a outra grande estrela do clube parisiense.

Aos 27 anos, Neymar está em baixa no PSG não devido a suas atuações. Quando esteve em campo, quase sempre jogou bem, contribuindo com muitos gols e assistências.

Os problemas foram dois:

• o pé direito, lesionado no mesmo lugar (quinto metatarso) dois anos seguidos (fevereiro de 2018 e janeiro de 2019), que o impediram de disputar jogos decisivos da Champions League;
• as atitudes recentes que lhe renderam suspensões – crítica ácida à arbitragem após a eliminação na Champions e agressão a um torcedor depois da derrota na final da Copa da França.

A declaração de Al-Khelaïfi fez a imprensa correr atrás de informações, nos bastidores, a respeito da possível saída de Neymar do atual bicampeão francês.

Na França, publicou-se que o clube está aberto a ouvir propostas por Neymar (L’Équipe) e que o valor pretendido é de € 300 milhões (Le Parisien), o equivalente a R$ 1,3 bilhão.

Uma cifra exorbitante. O PSG quer lucrar com um “produto” que não está valorizado, pelo contrário.

Se quer vender já, a lógica indica que terá de amargar prejuízo – o site Transfermarkt, que faz avaliação do valor de mercado de futebolistas, calcula o de Neymar em € 180 milhões.

O Barcelona estaria disposto a pagar € 100 milhões e ceder alguns jogadores (Rakitic, Umtiti, Dembélé), segundo o globoesporte.com, para formar novamente o badalado trio MSN (Messi-Suárez-Neymar).

Philippe Coutinho, um dos principais ativos do Barça, que não rendeu o previsto desde a chegada à Catalunha (começo do ano passado), também poderia ser incluído na negociação.

Além disso, de acordo com o jornal Sport, de Barcelona, o clube impôs três condições ao brasileiro para contratá-lo: redução salarial, retirada de uma ação judicial na qual pede € 26 milhões como bônus por renovação contratual e a admissão pública de que quer sair do PSG para regressar ao antigo time.

Aqui valem dois apartes:

• Neymar é figura querida, se não de todo o vestiário do Barça, com certeza do argentino Messi e do uruguaio Suárez (ambos atualmente disputando a Copa América) – os três são amigos;
• caso a opção do Barcelona seja mesmo por Neymar, será preciso desistir do francês Griezmann, que se desligou do Atlético de Madri e era dado como certo vestindo a camisa azul e grená.

Especula-se que o Real Madrid também quer Neymar, mas com interesse menor do que antes.

O clube da capital espanhola acabou de reforçar seu ataque com Hazard e Jovic e já tem no elenco, para o setor ofensivo, Benzema, Bale, Lucas Vázquez, Marco Asensio, Vinicius Jr., Mariano Díaz e Rodrygo.

A preferência de Neymar seria pelo Barcelona, segundo declaração a ele atribuída publicada pelo diário catalão Mundo Deportivo: “Não quero mais jogar aqui [Paris]. Quero voltar para minha casa, de onde nunca devia ter saído”.

Esse mesmo jornal publicou depois que, de acordo com uma enquete, 71% dos sócios do Barça (são cerca de 150 mil) não querem que Neymar regresse, possivelmente por ele ter virado insolentemente as costas ao clube em 2017.

Tudo isso exposto, o leitor deve perguntar: “Tá, mas o que dizem os envolvidos?”.

Esse é o ponto. Não dizem.

Este blogueiro solicitou a Neymar, PSG, Barcelona e Real Madrid, os personagens desta minissérie, que emitissem uma posição oficial, por intermédio de suas respectivas assessorias.

Os três primeiros silenciaram, não deram resposta.

E o Real, com a seguinte frase, de nenhuma utilidade, saiu pela tangente: “Qualquer comunicação oficial do Real Madri é feita por seus canais oficiais”.

Como a janela de transferências do verão europeu se estende até o início de setembro tanto na França como na Espanha, a minissérie Neymar pode se transformar em novela Neymar – a conferir se emocionante e dramática ou se repetitiva e insossa.

Em tempo 1: Onde há fumaça há fogo, ouço desde sempre. Quando se ventilou que Neymar deixaria o Barcelona, duvidei, achei um desatino, pois lá ele estava bem adaptado, vinha sendo vitorioso e seria o sucessor natural de Messi como grande craque da equipe. Pouco depois, porém, veio o anúncio da transferência. Assim, desta vez, se for apostar, aposto que Neymar sai do PSG, com quem tem contrato até 2022. Para o Barcelona? Se houver acerto financeiro com o clube francês, sim. Se não, para algum outro lugar, a ser definido/encontrado. Neymar parece não mais estar feliz na França, e é bastante discutível um clube manter um jogador descontente (e de quebra com salário exorbitante, perto de € 3 milhões mensais, ou R$ 13 milhões), por melhor que seja, pois ele não renderá 100%.

Em tempo 2: O blog para por um tempinho, com previsão de volta para a segunda metade de julho.