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Tonga é horrível, Maradona, mas há seleções ainda piores

“Até Tonga pode ganhar de nós.”

Dessa maneira Diego Maradona demonstrou, em entrevista ao canal argentino TyC Sports, toda sua indignação com a performance da Argentina na estreia na Copa América.

No sábado (15), Messi e companhia jogaram mal e perderam para a Colômbia por 2 a 0 na Fonte Nova, em Salvador.

Esse resultado deixou a Argentina, vencedora 14 vezes da competição (uma a menos que o Uruguai, maior campeão), na última posição de seu grupo, já que houve empate entre Paraguai e Qatar.

Se o time for derrotado pelo Paraguai nesta quarta (19), passa a correr risco de eliminação na fase inicial, o que, acontecendo, será um dos maiores vexames de sua história.

Com Messi à frente, jogadores argentinos deixam o gramado da Arena Fonte Nova depois da derrota para a Colômbia na Copa América (Juan Mabromata – 15.jun.2019/AFP)

Não acredito que ocorrerá, porém achei significativo o ex-craque Maradona (top 5 na minha lista dos melhores da história), campeão mundial na Copa do México, em 1986, citar Tonga como exemplo de futebol fraco, pobre, desvalido, desconsiderável.

O que, de fato, é.

Arquipélago que reúne cerca de 170 ilhas (minhas pesquisas indicaram de 169 a 177), localizado no sul do oceano Pacífico, com população de 108 mil habitantes (similar à da paranaense Piraquara e à da mineira Muriaé) e área de 747 km² (semelhante à da maranhense Peritoró e à de Palmeiras do Tocantins), o Reino de Tonga tem expressividade nula no futebol.

O esporte nacional é o rúgbi, tendo Tonga participado de sete das oito Copas do Mundo, caindo em todas na fase de grupos. Em Olimpíadas, ganhou uma única medalha, em Atlanta-1996, com o boxeador Paea Wolfgramm, prata na categoria dos superpesados.

No futebol, jamais esteve perto de conquistar um título, mesmo nos campeonatos regionais (Copa das Nações da Oceania e Jogos do Pacífico), e a maior lembrança (talvez única) que se tem de sua seleção é o avassalador 22 a 0 sofrido ante os australianos em 2001 – nove jogadores diferentes balançaram as redes na partida em Coffs Harbour (Austrália).

Jogar uma Copa do Mundo? Para Tonga é inimaginável, coisa para muitas e muitas décadas de evolução futebolística.

Sua posição no mais recente ranking da Fifa é a de número 202 entre 211 nações. Está empatada na lista de ruindade com Eritreia e Somália (ambas na África).

Tonga (de vermelho) enfrenta a França na Copa do Mundo de rúgbi; futebol não é com os tonganeses (William West – 1º.out.2011/AFP)

Ou seja, Maradona até saiu-se bem na escolha de uma seleção horrível no intuito de criticar a comandada pelo compatriota Lionel Scaloni.

Mas poderia ter ido ainda melhor, pois tem atualmente gente pior.

Bastaria citar Paquistão (Ásia), Ilhas Cayman (América Central), Ilhas Virgens Britânicas (América Central), Ilhas Turks e Caicos (América Central), Anguilla (América Central), Bahamas (América Central) ou San Marino (Europa), que ocupam colocações inferiores à de Tonga.

Geograficamente envolto pela Itália, San Marino, com apenas 33 mil habitantes (que seriam insuficientes para lotar o estádio do Pacaembu, em São Paulo), é o país na rabeira da lista da Fifa, na 211ª posição.

Acumula 31 derrotas consecutivas (com direito a um 10 a 0 para a Croácia, em 2016, e um 9 a 0 para a Rússia, apenas dez dias atrás), nas quais levou 135 gols (média de 4,4 por jogo) e marcou míseros três (0,1 por partida).

Perto desse desempenho, o de Tonga até poderá parecer OK.

Assim, para Maradona, fica a dica: em uma próxima cornetada na seleção de seu país, se quiser avacalhar de vez, que compare a Argentina não com a nação polinésia, mas com a república europeia.

Leia também: 47 a 0, humilhação ou aprendizado?

Em tempo: Os próximos jogos de Tonga, seleção que pouco se reúne – sua última partida foi uma derrota por 4 a 0 para Fiji, em dezembro de 2017 –, serão pelos Jogos do Pacífico, em julho. Terá pela frente Nova Zelândia, Samoa, Vanuatu e Papua-Nova Guiné, e um empate que seja será considerado uma tremenda vitória. O mais recente triunfo, 2 a 1 sobre as Ilhas Cook, ocorreu em 2011 – desde então foram oito derrotas.

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