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Estrela do rúgbi que jogou na NFL deve trocar a bola oval pela redonda

Trocar de esporte não é corriqueiro na vida do atleta, mas às vezes acontece.

Um dos casos mais célebres é o de Michael Jordan, astro do Chicago Bulls nos anos 1990, o melhor jogador de basquete que já vi – se é o melhor da história (para mim é), cabe discussão.

Depois de ter ganhado três títulos da NBA (National Basketball League), Jordan decidiu trocar a bola laranja pelo taco.

Sua incursão no beisebol, pelo Chicago White Sox, contudo, fracassou – ele não era bom o suficiente para a MBL (Major League Baseball).

De volta às quadras, teve um novo ciclo de intenso brilho e faturou mais três anéis de campeão da NBA com os Bulls.

Michael Jordan ganhou seis títulos na NBA, mas não foi bem-sucedido ao tentar carreira no beisebol (Jeff Haynes – 7.jun.1998/AFP)

Há outros esportistas que podem ser lembrados, como o goleiro alemão Tim Wiese, que se aventurou na luta livre, e o lateral-esquerdo italiano Maldini, que tentou o tênis, para citar exemplos desta década.

Geralmente, o atleta deixa o esporte que praticou durante anos e faz uma tentativa única em outra modalidade.

Não deu certo (e são raros os casos em que dá certo), volta para o esporte que praticava antes – ou se aposenta, como o velocista jamaicano Usain Bolt, recordista dos 100 m e 200 m, que não conseguiu um contrato para jogar futebol profissionalmente.

Aventurar-se por múltiplos esportes é raridade. E Jarryd Hayne, nascido na Austrália, hoje com 31 anos, é uma dessas raridades.

Hayne é considerado um dos grandes jogadores do rúgbi australiano neste século.

Um superpontuador que conquistou em 2009 e 2014 o prêmio Dally M, entregue desde 1998 ao Player of the Year (Jogador do Ano) da liga do país da Oceania, uma das mais badaladas do mundo.

Ele tem até uma forma particular de celebrar seus pontos: corre com os braços abertos, fazendo movimentos como seu fosse um avião. A comemoração recebeu o apelido de “Hayne Plane”.

Jarryd Hayne em sua tradicional comemoração no rúgbi, fazendo “aviãozinho” (PNG Rugby Football League/Divulgação)

Pop em seu país, Hayne ganhou fama nos EUA em 2015, quando tentou a sorte na NFL, como calouro (rookie) do San Francisco 49ers, uma das equipes mais vitoriosas da principal liga de futebol americano do planeta.

Impressionou na pré-temporada, atuando como running back, mas não manteve o ritmo durante o campeonato e deixou de ser utilizado.

Sem espaço no time, desistiu do “sonho americano” em maio de 2016, porém não voltou imediatamente às origens.

Decidiu tentar uma nova modalidade, o rúgbi de sete, disputado, como o nome indica, por um time sete jogadores, em curtos 14 minutos de jogo – o rúgbi tradicional tem 15 jogadores por equipe, e a duração de uma partida é de 80 minutos.

Hayne optou por defender Fiji, a pátria de seu pai, com o intuito de tentar disputar a Olimpíada de 2016, no Rio de Janeiro – poucos sabem, mas o rúgbi de sete é esporte olímpico desde a edição realizada no Brasil.

Não conseguiu, contudo, fazer parte do elenco de 23 jogadores que no dia 11 de agosto daquele ano, em Deodoro, massacrou a Grã-Bretanha por 43 a 7 e faturou a medalha de ouro, a única conquista da minúscula nação da Oceania na história dos Jogos Olímpicos.

Regressou, então, à liga de rúgbi da Austrália, onde atuou de 2016 até o ano passado pelo Gold Coast e, depois, pelo Parramatta, time em que brilhou de 2006 a 2014.

Após amargar lesões no quadril que o impediram de se destacar como antes, ele pretende a partir deste ano se aventurar por mais um esporte, desta vez com uma bola diferente: sai a oval, do rúgbi, do rúgbi de sete e do futebol americano, entra a redonda, do futebol.

Na semana passada, o grupo de mídia australiano News Corp noticiou que um clube da região de Central Coast, o modesto East Gosford, registrou Hayne, que é um grande fã do Liverpool (atual campeão europeu), para atuar como futebolista.

A chance de dar certo é irrisória, até porque o histórico de Hayne não indica habilidade conduzindo a bola com os pés – jamais se viu ele jogando assim.

Agravantes? As contusões recentes, que deixam sérias dúvidas sobre sua condição física, e um problema extracampo: responde a processo de abuso sexual contra uma mulher de 26 anos. O caso teria ocorrido em setembro de 2018 e sido o motivo para o Parramatta decidir não renovar o contrato com seu ícone.

Nesse cenário, Hayne caminha, possivelmente, para terminar a carreira de esportista em um campeonato regional, longe dos holofotes que tantas vezes o iluminaram.

Incluindo, todavia, no currículo um tópico singular: a passagem por quatro esportes distintos.

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