Técnico do Liverpool é multado por invadir campo e festejar gol com Alisson
O alemão Jürgen Klopp, de 51 anos, treinador do Liverpool e uma das figuras mais simpáticas do futebol atual (é difícil não vê-lo nas entrevistas e nas aparições públicas de bom humor e com um largo sorriso), recebeu uma multa de £ 8.000 (R$ 39 mil) da Federação Inglesa de Futebol (FA).
O motivo: má conduta na partida de domingo (2), o clássico contra o Everton, o outro clube de Liverpool na primeira divisão da Inglaterra (Premier League).
Em uma partida bastante disputada no estádio Anfield, casa do Liverpool, os rivais empatavam por 0 a 0 até os acréscimos do segundo tempo, um resultado ruim para os Reds, que precisavam vencer para encurtar a diferença para o líder, o Manchester City.
Até que, em um lance fortuito e bizarro, o reserva Origi desempatou, depois de o goleiro do Everton e da seleção inglesa Pickford se atrapalhar ao tentar aparar a bola – deveria tê-la mandado para escanteio.
A redonda subiu, bateu no travessão e, com Pickford desorientado, sobrou para o atacante belga fazer um gol que até eu ou você, leitor(a), faríamos.
Klopp, que além de técnico é, digamos, o torcedor número 1 de seu time, “pirou”.
Em vez de celebrar com seus auxiliares e com os jogadores que estavam no banco, ou mesmo com a torcida nas proximidades, saiu correndo desenfreadamente, em um pique de uns 20 metros, na direção do goleiro Alisson – titular da seleção brasileira –, e ambos abraçaram-se efusivamente.
Eu estava vendo o jogo e me deliciei com esse momento de autêntica alegria, assim como se deliciou o ex-lateral esquerdo John Arne Riise, que atuou pelo Liverpool de 2001 a 2008.
“Eu amo o senhor Klopp ainda mais depois dessa comemoração”, tuitou o norueguês.

Mas nem todo mundo aprovou.
“Fiquei chocado, considero uma falta de respeito. Você não pode invadir o campo para festejar com seus jogadores, sendo ou não o último minuto”, declarou o ex-lateral direito da seleção inglesa Danny Mills, hoje comentarista da rádio BBC.
A multa foi aplicada pela FA mesmo tendo Klopp mostrado arrependimento depois do jogo.
“Tenho que pedir desculpas pela minha corrida, não consegui me segurar. Eu me desculpei imediatamente com Marco [Silva, técnico do Everton], não quis faltar com o respeito.”
O português Silva aceitou as desculpas, ponderando que, se o contrário tivesse ocorrido (o gol do Everton nos acréscimos), seria possível que ele tivesse tido a mesma atitude de Klopp na comemoração.
Klopp poderia recorrer da punição, mas decidiu aceitá-la.
“Para ser honesto, está ok. Eu não poderia escapar, é para isso que existem as regras, e quando você quebra regras deve ser multado. Normal.”
Ele inclusive revelou, de modo bem-humorado, ser reincidente: “A última vez que fiz isso foi 14 anos atrás. Já não sou tão rápido”. Em 2004, Klopp treinava o Mainz, da Alemanha.
Enfim, se está na regra é lei, e lei deve-se cumprir. Mas essa é uma daquelas normas tolas.
Punir o treinador por comemorar um gol dentro do campo é ridículo.
O mesmo se pode afirmar da punição com cartão amarelo ao autor do gol que, ao extravasar na celebração, tira a camisa.
Pois nos dois casos não há agressividade nem desrespeito com o time adversário. Só pura emoção.
E querer cercear a emoção no futebol (ou em qualquer outro esporte) é um contrassenso.
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Em tempo 1: A multa a Klopp é irrisória. Ele tem um salário anual de £ 7 milhões (R$ 34,2 milhões), de acordo com o site Business Insider.
Em tempo 2: A vitória sobre o Everton manteve o vice-líder Liverpool dois pontos atrás do Manchester City, o atual campeão inglês. Klopp tem o desafio de fazer os Reds voltarem a ganhar o Inglês depois de quase três décadas – a última conquista foi em 1990.