Neymar tem a chance de arrancar para ser o melhor do mundo
Neymar abriu o caminho para a vitória do Brasil contra o México, nas oitavas de final da Copa do Mundo.
Foi um gol atípico na carreira do camisa 10, de carrinho após um chute/cruzamento de Willian, no início do segundo tempo. Um momento de oportunismo.
Neymar fez uma boa partida, especialmente no quesito autocontrole. Teve nervos para suportar as faltas sofridas. Não reclamou, não revidou, não deu chilique.
Tremenda evolução, que, aliás, já vem desde a partida contra a Sérvia, a última da fase de grupos. E ele precisa mesmo ter cabeça, pois, caso receba mais um cartão amarelo, fica fora do jogo seguinte.
A lamentar, apenas a desnecessária teatralidade ao ser pisado de leve, fora do campo, por Layún, já perto do término da partida. “Tomei um pisão desleal”, disse Neymar após o jogo.
Houve o contato, quando o mexicano tentava pegar a bola para reiniciar o jogo. Não dá para saber se foi desleal, porém é possível perceber que foi de leve, muito de leve. Não um pisão, uma pisadinha.
Era para Layún ter levado cartão, sim (não recebeu). Porém não foi algo que justificasse todos os gritos de Neymar – era como se tivessem amputado-lhe o pé, sem anestesia.
No restante, Neymar foi bem. E tem capacidade, todos sabemos, para jogar melhor. Não brilhou ainda nesta Copa.
Caso brilhe de agora em diante, cresce a chance de o Brasil ser campeão e, no meu entendimento, lhe dá a possibilidade de ser escolhido como melhor do mundo, um de seus sonhos.
Neymar está com dois gols no Mundial, ainda longe da artilharia – Harry Kane já marcou cinco –, porém o brasileiro tem muito mais cartaz que o inglês ou que qualquer outro que continua na Copa.
Pois os supermedalhões já foram embora da Rússia. O português Cristiano Ronaldo e o argentino Messi, que dividiram o posto de melhor futebolista do planeta ao logo dos últimos dez anos (cinco vezes cada um), caíram nas oitavas de final.
O egípcio Mohamed Salah, outro nome cotado para faturar os prêmios neste ano (são dois, o The Best, da Fifa, e a Bola de Ouro, da revista France Football), saiu ainda antes, na primeira fase.
Assim, há esperança para Neymar, aos 26 anos, dar uma arrancada e chegar lá.
Um gol por jogo, pelo menos, e um par ou trinca de assistências (passes para gol), com o Brasil sendo hexacampeão, devem ser suficientes para colocá-lo em um patamar que lhe propicie muitos votos de jornalistas, treinadores, colegas de profissão e internautas, que são o colégio eleitoral.
Caso o Brasil não chegue lá, os prêmios devem acabar, pelo terceiro ano seguido, com Cristiano Ronaldo, pela atuação decente na Copa (quatro gols) e pela artilharia da Liga dos Campeões da Europa, na qual o Real Madrid, clube que ele defende, conquistou o título.
Em tempo: E Philippe Coutinho, que faz uma boa Copa? Alguma chance de se tornar o melhor do mundo neste ano? Difícil. Mesmo que jogue muito bem até o final, ainda falta-lhe constância. Neymar vem jogando muito bem há várias temporadas; Coutinho, não.