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Jogador de 12 anos nascido em Camarões defenderá seleção sub-16 da Alemanha

Luís Curro

Kylian Mbappé, francês, 18 anos. Atacante recém-contratado pelo Paris Saint-Germain.

Gianluigi Donnarumma, italiano, 18 anos. Goleiro titular do Milan há mais de uma temporada.

Vinícius Júnior, brasileiro, 17 anos. Atacante negociado pelo Flamengo com o Real Madrid.

Esses são alguns dos jogadores teens que têm desfilado seu talento pelos gramados europeus (e brasileiros, por enquanto, no caso de Vinícius) e que nos próximos meses e anos devem dar muito o que falar.

Repare e fixe: eles estão na faixa dos 17 e 18 anos.

Gabriel Jesus, da seleção brasileira e do Manchester City, que despontou de modo fulminante há não muito tempo, nem é citado, pois perto desses está “velho”. Já completou 20 anos.

A precocidade no futebol está em alta.

Sem uma comprovação quantitativa, escrevo com base na percepção de que cada vez mais jovens têm sido supervalorizados e cavado com mais frequência espaço nas grandes equipes.

Possivelmente, não passa de impressão.

Pois não é de hoje que, quando um jovem destoa positivamente do grupo em sua categoria de base, logo ganha tratamento especial, que inclui contrato com remuneração diferenciada (não somente uma ajuda de custo) e suporte médico, psicológico e empresarial.

Mbappé. Donnarumma. Vinícius Júnior. Caso o leitor acompanhe minimamente o futebol internacional, já ouviu o nome deles. Repito: estão com 17 ou 18 anos.

Mas e Youssoufa Moukoko?

Youssoufa Moukoko, de 12 anos, defende o Borussia Dortmund no campeonato para jogadores sub-17 (Reprodução/Site da Bundesliga)

Aos 12 anos, acaba de ser convocado para defender a seleção sub-16 da Alemanha, que enfrentará a Áustria nos dias 11 e 13 deste mês, em amistosos.

Camaronês, ele tem dupla nacionalidade. E tecnicamente, de acordo com o que aprendi na escola, nem adolescente é, já que a adolescência vai dos 13 aos 19 anos.

Ao que parece, Moukoko, ainda uma criança, é uma promessa com pitadas de fenômeno.

Em seu clube, o Borussia Dortmund (o mesmo que oito dia atrás negociou o atacante Dembélé, de 19 anos, com o Barcelona, por € 105 milhões), disputa o campeonato sub-17. Não é o sub-13 ou o sub-15. É o sub-17.

Moukoko desafia, com seus piques, fintas e arremates, jogadores até cinco anos mais velhos.

Na atual competição, em quatro jogos, anotou dez gols. Ou 80% de todos os que foram marcados pela equipe. “Com frequência ele é imparável quando avança com a bola”, afirma Sebastian Geppert, seu treinador.

Seu alto nível de competitividade entre os mais velhos gerou certa desconfiança.

Seria ele “gato”, ou seja, teria a idade propositadamente adulterada para poder, mesmo sendo mais velho (o que Moukoko parece ser, pela fisionomia, mas parecer não é prova de nada), atuar entre os mais jovens?

Essa prática, ilegal e criminosa (constitui falsidade ideológica), ocorre ocasionalmente nos campeonatos entre adolescentes.

Neste ano, por exemplo, houve um episódio na Copa São Paulo de juniores com um jogador do Paulista de Jundiaí.

Por enquanto, em relação a Moukoko, não há comprovação de irregularidade. E, sendo assim, o garoto-prodígio continuará a impor respeito aos mais velhos com o que mais sabe fazer: gols.

Caso sua evolução prossiga em ritmo alucinante, é factível crer que em poucos meses algum gigante europeu endinheirado (Bayern, Real Madrid, Barcelona, Juventus, Manchester United, PSG…) contrate-o por alguns milhões de euros. A conferir.

Em tempo 1: Existe a chance de Youssoufa Moukoko se tornar o mais jovem jogador em uma Copa do Mundo? Só se o treinador da seleção alemã, Joachin Löw, o convocar para a do ano que vem, quando terá 13 anos – e isso não vai acontecer. Pois na Copa de 2022, no Qatar, ele estará com 17 anos e meio. O mais novo a atuar em um Mundial adulto é Norman Whiteside, da Irlanda do Norte, que com 17 anos, 1 mês e 10 dias enfrentou a Iugoslávia na Copa de 1982, na Espanha.

Em tempo 2: O fato de Moukoko estar brilhando aos 12 anos não significa que daqui a poucos anos ele terá se tornado uma realidade. Vale sempre mencionar o caso do ganês naturalizado americano Freddy Adu. Aos 14 anos, em 2004, ele se tornou o mais jovem futebolista a assinar um contrato profissional e era visto como um craque que levaria os EUA a grandes conquistas. Rodou por oito países (incluindo o Brasil) e jamais vingou. Hoje, está desempregado. 

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