Maradona lembra que não uma, mas duas vezes, usou a mão para se dar bem na Copa do Mundo
Diego Maradona tem o que o compatriota Lionel Messi não tem: o título de uma Copa do Mundo.
Para muita gente, esse diferencial é que faz do Pibe de Oro (Garoto de Ouro) o maior jogador da história do futebol argentino, e não o supercraque do Barcelona.
No México, em 1986, a Argentina capitaneada e liderada por Maradona ganhou sua segunda Copa (a primeira foi em 1978, como anfitriã) ao derrotar a Alemanha por 3 a 2 na final.
Nesse jogo, Maradona não balançou as redes, mas deu passe magistral para Burruchaga marcar o gol decisivo.

O lance mais marcante do camisa 10 na segunda Copa em solo mexicano, contudo, ocorreu uma semana antes da decisão, quando a Argentina ganhou por 2 a 1 da Inglaterra nas quartas de final.
Eram cinco minutos do segundo tempo quando Maradona pegou a bola e arrancou pelo meio da defesa inglesa, driblando um, dois, três.
Tocou para um companheiro, em busca de uma tabela, e correu para a área. Desviada de forma bisonha por um defensor do English Team, a bola acabou indo na direção de Maradona, pelo alto, na entrada da pequena área.
O goleiro Shilton saiu para dar um soco na bola, só que o astro argentino foi mais rápido e a desviou para as redes. Detalhe: com a mão. O juiz tunisiano Ali Bin Nasser não viu.
Sobre o lance, famosíssimo e eternizado, Maradona afirmou que marcou o gol com “a mão de Deus”.
Na malandragem, nota dez para Maradona. No fair play, nota zero.

Faço esse relato porque nesta quarta (26) Maradona falou sobre a jogada ao comentar, em publicação no site da Fifa, o sistema de videoarbitragem (VAR), que vem sendo testado pela entidade máxima do futebol e deve ser usado na Copa de 2018, na Rússia.
“Certamente aquele gol não seria validado de ali houvesse a tecnologia. “E digo mais: na Copa de 1990 (na Itália), eu usei minha mão para impedir um gol da União Soviética. Tivemos sorte porque o juiz não viu. Você não podia recorrer à a tecnologia naquela época, mas hoje é outra história”, afirmou o ex-jogador, que disse apoiar a implantação do VAR.
A partida estava 0 a 0 quando Maradona mais uma vez ludibriou a arbitragem, dessa vez com a mão direita. Como a Argentina tinha perdido na estreia, para Camarões, nova derrota seria fatal. Os argentinos venceram por 2 a 0 – acabaram vice-campeões, levando o troco da Alemanha na final (1 a 0).

Para os soviéticos, que caíram na primeira fase, a não marcação do pênalti foi algo escandaloso.
“Um cara (Maradona) deliberadamente tirou a bola da direção do gol com a mão. A bola não bateu na mão dele: houve um movimento da mão”, disse em depoimento ao jornal “The Guardian”, em 2009, o ex-jogador Igor Shalimov, titular naquela partida e atual treinador do Krasnodar, da Rússia. “Era impossível o juiz não ter visto.”
O jogo foi em Nápoles – Maradona era ídolo do Napoli, o time da cidade. O árbitro, o sueco Erik Frederiksson, estava muito bem posicionado, a dois metros de distância da jogada – e não foi capaz de marcar a penalidade máxima.
Possivelmente, apenas uma coincidência.
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