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Erra quem diz que empate ou vitória contra o Uruguai classifica o Brasil para a Copa de 2018

Luís Curro

Muita gente quer saber. Quanto falta para a seleção brasileira, revigorada na era Tite e na liderança das eliminatórias sul-americanas para a Copa do Mundo, se classificar para o Mundial russo?

Apenas para relembrar o leitor de memória curta e elucidar o menos informado: no classificatório sul-americano, disputado por dez países, quatro obtêm a vaga direta para a Copa, e o quinto disputa uma repescagem contra um representante da Oceania.

Nesta quinta (23), pela 13ª rodada de um total de 18 (ou seja, cada participante ainda disputa seis partidas e pode obter 18 pontos), o Brasil visita o Uruguai.

A seleção canarinho lidera a competição com 27 pontos, seguida por Uruguai (23), Equador (20), Chile (20), Argentina (19) e Colômbia (18). O Paraguai, oponente do Brasil na terça (28), no Itaquerão, tem 15.

Tite posa com crianças com síndrome de Down no Itaquerão, em São Paulo, onde a seleção se preparou para duelar com o Uruguai (Nelson Almeida – 21.mar.2017/AFP)

Li textos na mídia que são bem assertivos ao informar que, com um ponto a mais, ou seja, 28, a equipe de Tite carimba o passaporte para a Rússia. Eles se baseiam na quantidade de pontos obtida pelo quarto colocado em eliminatórias anteriores.

Nesta quarta (22), durante uma reportagem sobre Uruguai x Brasil, o gerador de caracteres de um programa esportivo da ESPN Brasil exibia: “Vitória garante Brasil na Copa da Rússia”.

Então não é necessário só mais um ponto, mas são necessários três pontos? O que está certo?

Nem uma coisa, nem outra.

Um triunfo no dificílimo confronto no estádio Centenario, onde o Uruguai tem 100% de aproveitamento nestas eliminatórias (seis vitórias em seis jogos), NÃO classificará o Brasil para a Copa. Repito: NÃO classificará.

E, se a vitória não classifica, o empate, óbvio, tampouco.

Por quê? Eis a explicação.

Vencendo, o Brasil vai para 30 pontos. Para ter certeza da classificação, não pode ser ultrapassado por mais que três adversários até o fim das eliminatórias – isso ocorrendo, fica em quarto lugar e obtém uma vaga.

Mesmo que os rivais mais próximos, além do Uruguai, percam hoje (jogam Colômbia x Bolívia, Paraguai x Equador e Argentina x Chile), todos terão condições de passar o Brasil, pois ainda faltarão cinco jogos.

Levo em conta nesse cálculo os confrontos diretos (haverá, por exemplo, Uruguai x Argentina e Chile x Equador), que tiram pontos de pelo menos um dos lados.

Caso o Brasil perca suas cinco partidas restantes, contra Paraguai, Equador, Colômbia, Bolívia e Chile (improbabilíssimo, mas possível), terá parado nos 30 pontos.

Nesse cenário, uma combinação de resultados até o encerramento do qualificatório o deixará atrás de Uruguai, Equador, Argentina, Chile e até da Colômbia.

Assim, a matemática deixa muito claro que é prematuro afirmar que uma vitória no jogo começa às 20h em Montevidéu (mesmo horário de Brasília) assegura a seleção brasileira na Copa de 2018. Um empate, muito menos.

O Brasil, tudo indica, vai se classificar, sem sustos, para o Mundial russo. Mas não já, e quem diz o contrário viaja para o futuro – e erra no presente.

Em tempo: Neste século, eis a pontuação dos quartos colocados nas eliminatórias sul-americanas para as Copas do Mundo.

Coreia/Japão-2002 – Paraguai (30 pontos)

Alemanha-2006 – Paraguai (28 pontos)

África do Sul-2010 – Argentina (28 pontos)

Brasil-2014* – Chile (25 pontos)

*Disputaram a competição nove seleções, pois o Brasil, país-sede, já estava previamente classificado.

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