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Juventus inova e faz barulho com troca de escudo por logo

Luís Curro

Cada clube de futebol tem um escudo que o identifica – e do qual os torcedores costumam se orgulhar.

É como um símbolo de veneração. Amam-se as cores do time, ama-se igualmente o emblema. Mexer com o escudo é quase como mexer em um vespeiro.

Certamente ciente desse perigo, a Juventus decidiu arriscar. E arriscar alto.

A maior campeã na Itália (32 títulos na Série A e 11 na Copa da Itália) radicalizou e decidiu substituir o seu distintivo por um logo.

Banner no estádio da Juventus, em Turim, com o logotipo que o clube adotará no meio deste ano (Marco Bertorello - 22.jan.2017/AFP)
Banner no estádio da Juventus, em Turim, com o logotipo que o clube adotará no meio deste ano (Marco Bertorello – 22.jan.2017/AFP)

O clube, em uma das ações que promovem o novo símbolo (cujo lançamento teve um evento de gala, para VIPs, no Museu Nacional de Ciência e Tecnologia, em Milão, no dia 17), que substituirá o atual a partir de julho, destacou a importância de “deixar para trás o reconhecido conceito dos clássicos escudos de futebol para trilhar um caminho próprio”.

Trata-se de uma frase rebuscada para afirmar isto: decidimos mudar, modernizar, pensar “fora da caixa”.

Fundada no século 19 (1897), a Juventus acredita que essa troca na identidade visual de seu escudo (agora logo) a torna uma espécie de pioneira, deixando-a à frente dos demais clubes no quesito inovação. Antecipa para o presente o que o futuro inevitavelmente imporá a todos.

Busca a globalização e se define em uma frase, não em italiano, mas em inglês, que é “o” idioma dos dias de hoje: “Black and white and more” (Preto e branco e mais).

Crítico à mudança no emblema, Kevin McCauley, editor de notícias de futebol do site SB Nation, que reúne dezenas de blogs esportivos, considera que ele não passa disso, da letra “J”. “O presidente (da Juventus, Giovanni Agnelli) recorreu à poesia, dizendo que é ‘um símbolo do estilo de vida da Juventus’, mesmo que seja apenas, literalmente, a letra J.”

Aí é que está. O “mais” é justamente ser “J”. A direção da Juventus quer que todos que acompanham futebol, ao ver essa letra, a relacionem ao clube. “Eu me empolgo toda vez que vejo uma palavra começando com a letra ‘J’ nos jornais”, declarou o presidente Agnelli.

Não deixa de ser uma “apropriação”, com o recurso de traços estilizados, de um dos componentes do alfabeto. Nada que outras agremiações não tenham feito. O “J” está lá, enorme, no escudo do Juventus da Mooca, por exemplo (um “J” normal, sem perfumaria).

Nas redes sociais, contudo, houve barulho. Dezenas de fãs da Juve não aceitaram a substituição do distintivo e reclamaram, alguns de forma irônica.

Um deles escreveu: “Novo escudo da Juventus foi criado por torcedor do Torino”. O Torino é o rival da Juve em Turim.

Outro cravou: “Pelo menos fazer uma tatuagem será mais barato”.

A evolução dos escudos da Juventus, de 1905 até hoje (Reprodução)
Evolução do escudo da Juventus (Reprodução)

Eu também, como muitos torcedores da Juve, relutei ao saber da notícia. “Para que mudar, mexer com um símbolo tradicional?”, questionei-me.

E concluí, ao observar longamente o “J” (aliás, os “jotas”, pois são dois) que era pura resistência. O logo da Juve, com três elementos, mostra-se simples e moderno. Logo será um grande sucesso.

E, afinal, nem tão tradicional assim é o atual escudo, que existe desde 2004 – o primeiro deles data de 1905.

A “Velha Senhora” está sendo, sim, precursora. Está deixando sua marca.

Em um futuro não distante, será imitada, vista como referência. Não por poucos.

Os torcedores? Eles se acostumam. Como se acostumaram no Brasil, por exemplo, os de Corinthians e Palmeiras.

Evolução do escudo do Corinthians (Reprodução)
Evolução do escudo do Corinthians (Reprodução)
Evolução do escudo do Palmeiras (Reprodução)
Evolução do escudo do Palmeiras (Reprodução)

Em tempo: No Campeonato Italiano, a Juventus, treinada por Massimiliano Allegri e cujos principais jogadores são Buffon (o eterno), Bonucci, Daniel Alves, Pjanic, Marchisio, Higuaín, Dybala e Mandzukic, liderava até este domingo (29), com 48 pontos em 20 jogos (16 vitórias e 4 derrotas) – a Roma vinha um ponto atrás. A Juve busca o sexto scudetto seguido, algo que nenhum clube conseguiu. A própria Juventus (agora e de 1931 a 1935), o Torino (1943 a 1949) e a Inter de Milão (2006 a 2010) foram, uma vez cada um, pentacampeões.

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