Chapecoense é o time brasileiro com mais sucesso internacional nos últimos 2 anos
Fiquei perplexo e abalado ao despertar com a notícia do acidente com o avião que levava a delegação da Chapecoense e jornalistas para a Colômbia, onde a equipe catarinense jogaria, na cidade de Medellín, a primeira partida da decisão da Copa Sul-Americana.
É difícil saber o que escrever quando um desastre assim, que mata dezenas, acontece. O sentimento é de tristeza e impotência.
Enfim, exporei, nas linhas a seguir, uma das razões pelas quais a Chape tem sido tão (bem) falada há algum tempo. O seu desempenho internacional recente é admirável, em se tratando de um clube considerado pequeno e de recursos limitados.
Entre os times brasileiros que disputaram em 2015 e em 2016 a Taça Libertadores ou a Sul-Americana, a Chapecoense é o que, no somatório, mais obteve sucesso – mesmo sem ser campeão.
Na Sul-Americana do ano passado, na primeira vez que conseguiu vaga para uma competição internacional, a Chape eliminou a Ponte Preta (1 a 1 fora, 3 a 0 em casa) e o Libertad, do Paraguai, nos pênaltis (após dois empates por 1 a 1).
Só parou nas quartas de final, diante do argentino River Plate, à época campeão da Libertadores e da Sul-Americana e uma das maiores potências do futebol das Américas.
Mas não foi fácil para o River, que ganhou por 3 a 1 em Buenos Aires mas sofreu na Arena Condá: 2 a 1 para a equipe de Chapecó.
Neste ano, também na Sul-Americana, que é o segundo torneio em importância na América do Sul – e que dá ao campeão vaga na Libertadores –, com novo técnico (Caio Júnior substituiu Guto Ferreira, que decidiu treinar o Bahia), a Chape foi além.
Eliminou o Cuiabá (0 a 1 fora, 3 a 1 em casa), o argentino Independiente de Avellaneda, nos pênaltis (depois de dois empates sem gols), o colombiano Junior Barranquilla (0 a 1 fora, 3 a 0 em casa) e outro argentino, o San Lorenzo.
Contra o time pelo qual torce o papa Francisco, o Verdão do Oeste se classificou com dois empates: 1 a 1 em Buenos Aires e 0 a 0 na Arena Condá.
O gol fora de casa, marcado por Ananias (jogador que fez o primeiro gol da história do Allianz Parque, o estádio do Palmeiras), assegurou a vaga para a final, que foi suspensa e não deve ser disputada devido ao trágico acidente que matou quase metade do elenco do time e o técnico.
A Conmebol, entidade que rege o futebol na América do Sul, ainda dará sua posição a respeito da definição da competição.

Conclusão: quartas de final em 2015 e final em 2016. Entre os clubes brasileiros, internacionalmente ninguém foi tão longe quanto a Chape nesse par de anos.
Tanto na Libertadores deste ano, com o São Paulo, como na anterior, com o Internacional, um time do país atingiu as semifinais, e por lá ficou.
Na Sul-Americana-2015, o Atlético-PR, como a Chape, parou nas quartas de final. Na atual Sul-Americana, o Coritiba chegou também a essa fase.
Olhando um pouco mais para trás, o time nacional com a melhor sequência de resultados, em um conjunto de anos, nessas duas competições é o São Paulo, que foi campeão (2012) e semifinalista (2013 e 2014) da Sul-Americana.
O São Paulo, aliás, é o último brasileiro a conquistar a Sul-Americana. Na Libertadores, o país não triunfa desde 2013, quando o Atlético-MG ergueu a taça.
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Em tempo 1: Torço para que a Conmebol aceite a sugestão do Nacional de Medellín, o adversário da Chapecoense na decisão da Sul-Americana, que pediu que o título seja dado ao clube de Santa Catarina. A Chape tem méritos suficientes para estar na Libertadores-2017.
Em tempo 2: O leitor pode questionar o raciocínio usado para qualificar a Chape como o mais bem-sucedido clube brasileiro em torneios internacionais na soma de 2015 e 2016, já que a Libertadores conta com a participação de equipes, teoricamente, mais fortes, o que tornaria mais difícil chegar até as fases decisivas. Só que quem está na Libertadores sabe que o caminho será mais árduo, então não é desculpa – precisa ter elenco e preparação adequada para fazer bonito. Além disso, na Sul-Americana, vários outros times do país tiveram a mesma chance que a Chape de avançar, mas ficaram pelo caminho.