Falta de civilidade de torcedores atinge até a desenvolvida Suécia
Nem sempre desenvolvimento é sinônimo de civilidade.
A Suécia, 14ª colocada entre 188 nações no ranking de IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) da Organização das Nações Unidas, no qual o Brasil está em 75º lugar, mostrou isso neste domingo (20), em um jogo de futebol.
Torcedores do Helsinborg, cinco vezes campeão sueco (a última em 2011), atiraram objetos no campo e invadiram o gramado depois da derrota por 2 a 1, em casa, para o Halmstad, que rebaixou a equipe para a segunda divisão.
Avançaram na direção do atacante Jordan Larsson, que assistia passivo à invasão de dentro de uma das grandes áreas, o seguraram e, de modo intimidatório, começaram a arrancar sua camisa.
Mascarados e encapuzados, lembraram-me os black blocs tupiniquins que atuam de forma selvagem, confrontando a polícia e destruindo patrimônio público e privado em manifestações políticas em grandes cidades do Brasil.

Jordan conseguiu, contando com ajuda de uma pessoa, desvencilhar-se, porém a atitude hostil gerou certa surpresa e alguma preocupação.
Primeiro porque Jordan, que tem apenas 19 anos, foi o artilheiro do Helsinborg no campeonato, com sete gols.
Além disso, fora ele quem marcara o gol do time, aos 37 minutos do segundo tempo – a vitória evitava o rebaixamento. Só que a defesa não colaborou, e o adversário empatou aos 42 minutos e virou aos 45 minutos.
Assim, estranha ter sido juto ele o alvo da revolta.
Segundo porque ele é filho de Henrik Larsson, treinador da equipe e, mais que isso, um dos melhores atacantes que a Suécia já teve, além de ter vestido a camisa do Helsinborg por seis anos. É um dos ícones do clube.
Henrik atuou pela seleção de seu país 106 vezes, de 1993 a 2009, e marcou 37 gols. Esteve em três Copas do Mundo (EUA-1994, Coreia/Japão-2002 e Alemanha-2006) e fez gol em todas elas.
Em clubes, brilhou no Celtic, da Escócia, e também defendeu Feyenoord (Holanda), Barcelona e, em brevíssima passagem, Manchester United.

Ao saber da tentativa de agressão ao filho, Henrik lamentou à mídia sueca o acontecimento (“entendo a frustração deles”) e disse que resta a ele e sua família se precaverem contra a violência de determinados grupos de torcedores.
“Eu moro e trabalho na cidade (de Helsinborg, onde nasceu 45 anos atrás). Terei de olhar por sobre meus ombros com mais frequência e nunca andar sozinho pelas ruas”, afirmou.
Está claro que teme ser emboscado pelos hooligans. “Quando eles (hooligans) vêm, eles vêm”, declarou, ciente do perigo.
Uma invasão de sua residência será mais difícil, avalia, pois há por lá a proteção de alguns “companheiros”. “Temos muitos cachorros em casa”, afirmou Henrik.
Sobre seu filho, o ex-artilheiro disse que Jordan, nascido em Roterdã (Holanda), irá tirar uma férias.
Eu diria que, certamente, bem longe de Helsinborg.
Em tempo: Com 66 pontos, seis de vantagem sobre o segundo e o terceiro colocado, e com 37 de distância para o Helsingorg (antepenúltimo na tabela), o Malmö conquistou o Campeonato Sueco e assegurou vaga na fase preliminar da próxima Liga dos Campeões da Europa.