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Para Guardiola, sexo atrapalha desempenho no futebol, revela meia francês

Luís Curro

Sexo e futebol são incompatíveis? Praticar o primeiro prejudica o rendimento no segundo?

Essas perguntas são tão velhas quanto o próprio futebol. E, de tempos em tempos, elas ressurgem.

Pois Samir Nasri, talentoso meia francês de 29 anos com boas passagens por Arsenal e Manchester City, ambos da Inglaterra, trouxe o assunto de volta ao debate.

Ele afirmou ao programa “L’Équipe du Soir” que o espanhol Pep Guardiolaum dos técnicos top há vários anos, proibiu os jogadores do City de terem relações sexuais “após a meia-noite”.

De acordo com Nasri, atualmente emprestado pelo clube de Manchester ao espanhol Sevilla, a ordem serve até para as vésperas das folgas.

“Assim, você pode ter uma boa noite de sono”, afirmou o jogador.

Nasri (10) disputa a bola com Neymar em Sevilla x Barcelona pelo Campeonato Espanhol (Marcelo del Pozo - 6.nov.2016/Reuters)
Nasri (10) disputa a bola com Neymar em Sevilla x Barcelona pelo Campeonato Espanhol (Marcelo del Pozo – 6.nov.2016/Reuters)

O problema é que nem sempre o indivíduo (e isso vale para qualquer um, homem ou mulher, e não só esportistas) quer ter uma boa noite de sono, e sim uma boa noite de sexo!

Em minhas leituras quando mais jovem, lá nos anos 1980, lembro-me de alguém que disse, não sei se jogador ou treinador: “O sexo só atrapalha se for na mesma hora do jogo”. Obviamente porque não se pode fazer as duas atividades de modo simultâneo.

Fixei essa ideia, que me parece lógica: se sexo é algo saudável, que faz a pessoa se sentir bem, por que prejudicaria a performance em campo?

Até porque joga-se com os pés, primordialmente, e a cabeça (os jogadores de linha), e com os pés e as mãos, eventualmente com a cabeça (os goleiros).

Pesquisei quem tenha falado sobre o tema e achei de cara declarações de Romário, hoje senador, e Ronaldo, hoje empresário.

O Baixinho, principal jogador da seleção na conquista da Copa de 1994, nos EUA, afirmou categoricamente: “Sexo antes do jogo sempre me ajudou”.

O Fenômeno, 15 gols em Copas, dois deles na decisão contra a Alemanha, na Copa de 2002 (Coreia/Japão), posicionou-se da mesma forma: “É um tabu que sexo atrapalha”.

E há esta frase de Pelé, o Rei do Futebol: “Nunca suspendi a atividade sexual antes de um jogo. É uma verdade comprovada que o sexo ajuda a relaxar”.

Há opiniões, entretanto, divergentes.

Silas, ex-São Paulo e seleção brasileira (vestiu a camisa 10 na Copa de 1990, na Itália, porém foi reserva da equipe que perdeu da Argentina de Maradona e Caniggia nas oitavas de final), foi taxativo em declaração publicada em 1987 na revista “Placar”: “Sexo antes do jogo só prejudica”.

“Tudo tem seu tempo, e acho que véspera de jogo não é hora para ficar pensado nisso (sexo).” Quem disse? Outro ex-são-paulino, Kaká, presente em três Copas do Mundo (2002, 2006 e 2010, sendo titular nas duas últimas) e atualmente no Orlando City, dos EUA.

Saindo do futebol, o lendário pugilista americano Muhammad Ali, morto neste ano, abstinha-se da prática sexual nas seis semanas antes da luta. Alegava que o sexo “drenava” as energias.

Tanto Silas como Kaká sempre tiveram forte elo com o lado religioso, assim como Ali, o que pode explicar seus posicionamentos.

Claro que há diferentes situações na prática do sexo. Se essa atividade for prolongada demais, o raciocínio de Guardiola pode fazer sentido. Troca-se mesmo o sono por sexo.

Mesmo assim, cada organismo reage de um jeito. Possivelmente há atletas que, satisfeitos com os momentos sexuais prazerosos, mesmo que se estendam por horas, sentem-se mais felizes e realizados e ganham mais energia para atuar no limite. Uma espécie de doping psicológico.

Contudo, se o resultado da atividade sexual não se mostrar satisfatório – uma hipóteses possível –, o efeito pode ser inverso, e o jogador, além de estar psicologicamente estragado, estará também fisicamente. Cabeça ruim mais corpo ruim, é quase certo um futebol ruim.

Enfim, cada um é cada um e é muito difícil impor uma regra sobre o que fazer (ou não fazer).

Caso a declaração de Nasri seja verídica, Guardiola tem a seu favor, ao estabelecer norma para o sexo, o retrospecto: Barcelona e Bayern de Munique, os times que comandou, tiveram sucesso. Estiveram, ano a ano, sempre entre os mais competitivos e conquistaram títulos relevantes.

O que, a bem da verdade, pouco importa, já que é impossível saber se seus comandados seguiram a imposição de abstinência ou não. E, desse modo, saber se esse fator determinou ou não o êxito das equipes espanhola e alemã.

Em tempo: Prefiro acreditar que os times de Guardiola foram e são bons porque ele é um treinador dedicado e moderno, que taticamente consegue se impor à concorrência, e não porque não fazer sexo depois da meia-noite tenha sido e seja um componente decisivo. 

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