Em 48 horas, zagueiro perde lugar na seleção e a cabeça
Tudo ia bem para Gabriel Paulista até o meio da semana passada.
O zagueiro do Arsenal esteve com a seleção brasileira nos recentes amistosos nos EUA, contra costarriquenhos e norte-americanos, e conquistou uma vaga no time titular devido a dois problemas seguidos do titular, o alemão Mertesacker – primeiro, uma virose, depois, um acidente de carro.
Desde então, o clube londrino parou de tomar gols no Campeonato Inglês: empatou por 0 a 0 com o Liverpool e venceu Newcastle (1 a 0) e Stoke (2 a 0). Já era possível imaginar que Gabriel poderia permanecer no time mesmo depois que Mertesacker estivesse recuperado. Pelo momento dele, era uma hipótese crível.
Além disso, uma nova convocação da seleção se aproximava e as notícias que vinham da Itália indicavam que Miranda, da Inter de Milão, que se machucou na partida contra os EUA, poderia ficar até 25 dias em recuperação. Sem ele, a chance de Gabriel conquistar a titularidade, em provável disputa com Marquinhos (PSG), crescia.
Então, na tarde de quarta-feira (16), o Arsenal jogou abaixo do esperado e perdeu de 2 a 1 do Dinamo, em Zagreb (Croácia), na estreia na Champions League. Fim da invencibilidade dos Gunners com Gabriel titular. Nos gols, contudo, o beque nascido em São Paulo, ex-Vitória da Bahia, não falhou. Menos mal.
Veio a manhã de quinta-feira (17). Dunga anunciou os zagueiros da seleção para os jogos contra Chile e Venezuela, no começo de outubro, pelas eliminatórias da Copa de 2018: Miranda, Marquinhos, David Luiz e Gil.
Miranda, mesmo machucado!, entrou na lista. Gil, do Corinthians, que como o Arsenal havia sido derrotado na véspera por 2 a 1 (pelo Internacional), foi a novidade. E Gabriel, que havia sido chamado pela primeira vez no início deste ano, acabou excluído.
Chegou o sábado (19). Era a chance de Gabriel manter a boa fase na Premier League, no clássico contra o Chelsea. E mostrar para Dunga, 48 horas depois de não ter seu nome proferido pelo treinador, que não merecia ficar fora da seleção. Atuar com consistência e segurança. Obter o protagonismo.
Até bem perto do fim do 1º tempo, tudo corria perfeitamente para ele. A defesa do Arsenal controlava as investidas dos Blues, e Gabriel, no lance em que foi mais exigido, um “um contra um”, levou vantagem sobre o belga Hazard, o craque do Inglês em 2014-2015.
Só que, próximo do encerramento da primeira etapa, ao ser marcado por Koscielny, colega de Gabriel na zaga do Arsenal, o atacante brasileiro naturalizado espanhol Diego Costa atingiu o francês no rosto. Gabriel resolveu tomar as dores de Koscielny e começou a confrontar Diego Costa.

Gabriel e Diego Costa trocaram insultos. Levaram o cartão amarelo. Ambos se distanciaram dos demais jogadores, caminhando para o meio do campo, e continuaram a trocar “gentilezas verbais”. Diego Costa provocava. Provocava mais. Insistentemente.
E então Gabriel perdeu a cabeça.
Mesmo de costas para Diego Costa, deu-lhe um chute. Não foi forte, longe disso. Foi um chutinho na perna. Diego Costa valorizou, fez um escândalo.
O árbitro estava próximo e mostrou o cartão vermelho para Gabriel. Que obteve, sem dúvida, o protagonismo – mas negativamente.
No 2º tempo, em desvantagem numérica, o Arsenal levou um gol, depois outro gol, e perdeu no Stamford Bridge, reerguendo o combalido Chelsea.
Para o jovem Gabriel, de 24 anos, uma das piores semanas de sua carreira.
Foram várias perdas: duas derrotas, uma expulsão, a ausência na seleção. E, depois desse ato impensado, a titularidade no Arsenal.
Mas houve um ganho para o brasileiro. Um único ganho, nada elogiável: a fama de pavio curto.
Gabriel terá um longo mês para esfriar a cuca e refletir sobre sua atitude. Suspenso por três partidas por sua conduta agressiva, só estará liberado para jogar no Inglês no dia 17 de outubro.