Fair play de Rodrigo Caio faz lembrar casos emblemáticos no futebol europeu
O caso de “fair play” (jogo limpo) de Rodrigo Caio no jogo de ida da semifinal do Campeonato Paulista entre São Paulo e Corinthians, no Morumbi, teve grande repercussão na mídia e nas redes sociais.
Em lance na área são-paulina, o atacante corintiano Jô recebeu o cartão amarelo porque o árbitro Luiz Flávio de Oliveira achou que ele tivesse atingido o goleiro Renan Ribeiro.
Esse cartão deixaria o atacante suspenso na partida de volta, que será no próximo domingo, dia 23.
Só que Rodrigo Caio, que disputava a jogada com Jô, interveio e alertou o juiz de que quem havia acertado, sem ter intenção, o goleiro foi ele, e não Jô.
Oliveira voltou atrás, e Jô poderá atuar na próxima partida.
Como o futebol envolve paixão, houve quem considerou correta a atitude de Rodrigo Caio e houve quem defendeu que ele não deveria ter se manifestado, pois enfraqueceria o adversário, que perderia seu centroavante para o duelo que definirá um dos finalistas – inclusive Maicon, o capitão do São Paulo.
No exterior, o fair play é bastante enaltecido – geralmente torcedores aplaudem esse tipo de conduta.
O ato mais comum, tanto no Brasil como fora, é a devolução da bola ao oponente quando este a coloca para fora do campo para que um jogador do time rival seja atendido.
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Porém há situações que vão bem além disso:
- houve jogador de nome (o atacante alemão Miroslav Klose) que avisou o árbitro que o gol que marcou foi com a mão, em Lazio x Napoli (2012);
- houve outro jogador de nome (o atacante italiano Paolo Di Canio) que, ao ver o goleiro adversário caído no chão, em aparente grave contusão, desistiu de fazer o gol e pegou a bola com a mão, interrompendo o jogo para o socorro ao colega de profissão, em West Ham x Everton (2000);
- houve mais um jogador de nome (o goleiro alemão Oliver Kahn) que, em vez de celebrar a conquista de seu time na Champions League depois da disputa de pênaltis, consolou o arqueiro rival, abraçando-o e ajudando-o a se recompor em momento de tristeza, em Bayern de Munique x Valencia (2001).
A história traz vários outros casos, alguns pitorescos.
Relato aqui um bem emblemático, ocorrido há quase dez anos na Europa, que faz o fair play de Rodrigo Caio até parecer pouca coisa.
Nottingham Forest x Leicester City, Copa da Liga Inglesa, 28 de agosto de 2007
No intervalo da partida que o Forest ganhava por 1 a 0, o zagueiro Clive Clarke, do Leicester, teve um ataque cardíaco e foi levado às pressas ao hospital. O ocorrido resultou na suspensão do jogo.
Como apenas 45 minutos tinham sido jogados, pela regra, um novo confronto deveria ser realizado, com o placar em 0 a 0. Assim foi feito.
Porém, logo que o árbitro deu o apito inicial, no dia 18 de setembro de 2007, os jogadores do Leicester permitiram que o adversário avançasse com a bola e fizesse 1 a 0.
Detalhe: quem conduziu a bola até o gol foi o goleiro do Forest, Paul Smith. Tudo previamente combinado, lógico.

(Aplausos!)
Quem acompanha o futebol sabe das surpresas que ele oferece – e uma, quando menos se espera, pode ser um momento de fair play.
Em tempo 1: Apoio situações de fair play, mas discordo da que citei como a mais comum delas: tirar a bola de jogo para que um adversário receba atendimento médico. Nesses casos, sou a favor de que apenas a arbitragem interrompa a partida, avaliando se o quadro do atleta contundido exige que ele seja atendido prontamente ou se é possível aguardar o complemento de uma jogada.
Em tempo 2: Não haveremos nunca de nos esquecer da mais recente e grandiosa atitude de fair play da história do futebol. Após o acidente que vitimou a delegação da Chapecoence antes da final da Copa Sul-Americana do ano passado, o Atlético Nacional, de Medellín, abriu mão da disputa e entregou o título à equipe brasileira.